QUAIS OS REAIS PRINCÍPIOS DO JUDAÍSMO? – RABINO KALMAN PACKOUZ, AISH HÁ TORÁ

Rabino Kalman Pa


“Os 13 Princípios da Fé” foram baseados na formulação do Rambam, conhecido como Maimônides

Quais são as crenças essenciais do Judaísmo? O Judaísmo nunca separou a fé da atuação prática. Na Torá, os mandamentos para acreditarmos em D’us não estão declarados de forma diferente do que os mandamentos para emprestarmos dinheiro a um carente ou deixarmos de comer alimentos não casher. Com o passar dos séculos, entretanto, especulações filosóficas e dogmas se tornaram idéias prevalentes e começaram a influenciar alguns membros do Povo Judeu, algo que se exacerbou nos séculos XI e XII E. C. Sentindo a necessidade de esclarecer esta questão e reverter esta tendência, diversas autoridades rabínicas definiram os reais princípios do Judaísmo.

“Os 13 Princípios da Fé” foram baseados na formulação do Rambam, conhecido como Maimônides (1135-1204), em seu livro ‘Comentário sobre a Mishná Sanedrin’ – em seu décimo capítulo – e alcançaram uma aceitação praticamente universal. A Mishná Sanedrin é um dos tomos do Talmud e faz parte da Torá Oral recebida por Moshe no Monte Sinai. “Os 13 Princípios da Fé” judaica são os credos essenciais requeridos de cada membro do Povo Judeu e são aceitos como a crença inequívoca do Judaísmo. Podem ser encontrados em quase todos os livros de orações.

Estes “13 Princípios” podem ser divididos em três categorias: (1) A natureza da crença em D’us; (2) A autenticidade, validade e imutabilidade da Torá e (3) As responsabilidades dos seres humanos e nossa recompensa final. Cada princípio é iniciado pelas palavras “Eu acredito com plena fé que…”. Nesta edição e na da semana que vem irei enumerá-los e elucidá-los com explicações encontradas no livro de orações (Sidur) da editora Artscroll. A natureza da crença em D’us tem cinco princípios:

(1) O Criador criou e dirige todo o universo. Ele sozinho fez, faz e fará tudo. Não há parceria na criação. D’us é o único Criador e o universo continua a existir somente porque Ele assim o deseja. Ele continuará a existir mesmo que tudo o mais chegue a um fim e não há como haver qualquer forma de existência independente Dele.

(2) O Criador é único e não há unicidade similar à Dele. Ele foi, é e será para sempre nosso D’us. D’us é uma unidade completa e total. Ele não é uma reunião de membros e órgãos como são os seres humanos e os animais. Ele não pode ser partido como uma rocha ou dividido em componentes elementares como tudo na criação.

(3) O Criador não tem físico e não é afetado pelos fenômenos físicos. Não há nada comparável a Ele. Sua essência não pode ser compreendida pelos seres humanos que são corpóreos; prova disto é que não conseguimos conceber um Ser que não é afetado pelas leis da natureza e da física.

(4) O Criador é o primeiro e para sempre duradouro. Ele é eterno e a origem de tudo. Ele criou tudo e transcende o tempo, que também é uma criação Sua.

(5) Ao Criador é correto orarmos. Nenhuma criação tem qualquer poder independente daquele que D’us lhe determinou. Atribuir poder a qualquer coisa ou entidade além de D’us recai na categoria de idolatria.

Para uma exposição brilhante sobre “Os 13 Princípios da Fé”, leia o excelente livro (em inglês) “Maimonides’ Principles — The Fundamentals of Jewish Faith”, escrito pelo Rabino Aryeh Kaplan (www.judaicaenterprises.com/Product.asp?dept=&Product=bk-mes-u-maip). O Sidur da Artscroll está disponível em www.artscroll.com/Categories/pbk.html.


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Pensamento da Semana:Vou lhes contar algo que aconteceu comigo: encontrei uma pessoa alegre, já de idade, que consistentemente ignorava insultos e evitava intrigas. Um dia alguém lhe falou: “Não é certo que outros o tratem sem o máximo de respeito. O senhor não mantém o princípio de que deve ser bem tratado?” Aquele senhor lhe respondeu: “Meu princípio mais importantes é que EU devo tratar os outros com respeito e espero que os outros aprendam do meu exemplo. Outro princípio que tenho é que desejo viver uma vida prazerosa. Ao exigir que os outros me tratem com respeito, isto não irá me trazer um verdadeiro respeito, mas com certeza me trará aflição e falta de alegria. Prefiro trabalhar sobre princípios reais e não sobre o meu ego fantasiado de princípio!”
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