MARKETING, ESTATÍSTICA E SEXO VIRTUAL – MERALDO ZISMAN

MERALDO ZISMAN


Para mim, este fato (o incremento do hedonismo)  não passa de uma   masturbação eletrônica.

É impossível apregoar esta blasfêmia: o sexo casual será  transmudado do ultrapassado  pelo sexo virtual.

 

A divinização que se faz das estatísticas e do marketing é temerária, pelo que pode tergiversar através dos números ou impingir determinadas condutas indesejadas à uma numeração cada vez maior de pessoas.

Criam-se circuitos de aleivosias que se alastram pelo espaço virtual através dos meios de comunicação das massas (?) denominados de — social?  Colaboram, não poucas vezes para o desserviço da sociedade. Basta olhar os tipos de sociopatas na civilização atual: consumismo, hedonismo e narcisismo.

Teorizam ou induzem de tal maneira as ações humanas que passamos a ser motivados à procura do prazer imediato e soluções dos problemas da Natureza Humana na tentativa de evitar o desprazer que conduz a excessiva busca pelo prazer como modo de vida.

A coisa tomou tamanha dimensão que foi criado um neologismo dicionarizado, o verbo “midiatizar” (divulgar através de meios de comunicação de massa: o Governo procura midiatizar sua ação social… Assim consta no Dicionário do Aurélio).

Esquecem informações que se divulgam sem comprovação, acondicionada em estridentes persuasões, autênticas até certo ponto, porém parciais e/ou sem responsabilidade do/dos emitentes. Podem ser mais danosa que benéficas para quem às recebe. A fonte geradora é livre para transmitir o que deseja sem censura e isso vai entrar na liberdade de imprensa, fato que mereceria outras discussões mais aprofundadas.

Nem isso infirma o impossível e  quem ninguém duvida da imensa utilidade das redes sociais como ferramenta profissional e recreativa e até certo ponto. Organizam um gigantesco contingente de usuários conforme suas afinidades e facilitam toda forma de comunicação interpessoal. Tornam a vida mais prática. Mas controvertidas são suas atribuições das dimensões: política, midiática ou cultural quando ultrapassam determinados limites.

Mas afirmar que ela ( mídia de massa), por si só, seja revolucionaria ou outra qualquer coisa maior, parece-me um tanto exagerada. Um dos fatos mais convincente é o incremento do hedonismo, aqui entendido de ser a tendência a buscar o prazer imediato, individual, como única e possível forma de vida moral, evitando tudo o que possa ser desagradável –  até a presença real de um (a) parceiro (a) na cama, ou em outro lugar que se pretenda fazer sexo real.  Veja este disparate e quem assim afirma são alguns sexólogos, profissionais da área psicológica.  Alguns deles que se diz, de nomeada, haja vista o destaque midiático dos que gozam, além do manancial de best-seller dos seus livros, sem contar as aparições nos meios eletrônicos (TVs culturais e nos debates especializados dos “programas de cabeça”). Para mim, este fato não passa de uma   masturbação eletrônica. É impossível apregoar esta blasfêmia: — o sexo casual será  transmudado do ultrapassado  pelo sexo virtual.

No entanto, apesar de todos estes fatos, querer desejar fazer sexo em carne e osso, e  poder fazê-lo em público, aí já é demais. Vamos à nova noticia sobre o tema: um periódico e uma revista, dos mais importantes da Europa – Daily  Telegraph de Londres e a Revista DER SPIEGEL ( 27/07/2013)  – transformaram o sexo em público de Berlim como atração turística. Dizem eles:

“Faça turismo em Berlim, realize sua fantasia de fazer sexo em público nos parques preferidos para os casais mais conservadores (em carne e osso) e não o virtual” . E os   aconselham  os melhores locais: parque Tiergarten ( no centro da cidade) e Treptowe, este mais afastado ao oeste da cidade.  E tem mais, o jornal e  revista semanal noticiam, numa visível incoerência, que a multa por sexo em público é de 150 euros, enquanto que os desempregados enfrentam uma pena bem menor, pagam 34 euros, o que pode causar uma disputa social  ou da velha e extinta Luta de Classe. E prosseguem:

— A porta voz da  Agência Federal de Emprego da Alemanha afirma:

 “Isso cria incentivos distorcidos e divide a sociedade”, complementa a porta-voz. “Afinal, existe apenas um conjunto de multas por infrações de trânsito”, chegando a afirmar que comportamento não pode ser classificado pelo fato de alguém depender de benefícios sociais ou não.

 Será que o problema é somente este? Sem comentários. Se for, fica até baratinho para os turistas brasileiros nos meses de julhos e deve ser muito bom e romântico fazer amor público no outono, quando as folhas das arvores ficam doiradas. Por apenas 150 euros até que vale a pena satisfazer uma fantasia…


MERALDO ZISMAN – médico e psicoterapeuta. Saiba mais.

meraldozisman@uol.com.br