TECNOESTRESSE – CARMEN DE CERQUEIRA CESAR
O termo surgiu para definir aquele desejo incontrolável de viver conectado, verificar constantemente se há alguma “novidade” nas redes sociais, na caixa de entrada, inclusive nas horas de descanso.
Atender celular, passar torpedos, redigir e-mail, pesquisar no Google, falar no Skype, atualizar o Twitter, colocar fotos no Facebook, jogar videogame, tudo ao mesmo tempo e agora
Temos que fazer sempre mais, mais rápido e melhor. Café solúvel, comida de micro-ondas, macarrão instantâneo, alívio imediato, estar conectado o tempo todo e com todos. O ritmo imposto pela era digital mudou a maneira de perceber o tempo e o relógio biológico. Resultado: as pessoas vivem com a sensação de que nunca conseguirão acompanhar o ritmo das coisas.
Essa reação de angústia e suas conseqüências para o estado de saúde das pessoas são consideradas o mal do século XXI, ou Tecnoestresse, como alguns especialistas preferem chamar a nova síndrome. O psicólogo e pesquisador norte-americano Larry Rosen foi o primeiro a alertar sobre esse problema já nos anos 80, em seu livro Technostress, Coping with technology at work, at home and at play. Em seus estudos ele concluiu que praticamente toda a população do planeta, desde crianças até idosos está sujeita a esse tipo de estresse.
O termo surgiu para definir aquele desejo incontrolável de viver conectado, verificar constantemente se há alguma “novidade” nas redes sociais, na caixa de entrada, inclusive nas horas de descanso. A internet móvel arrebata ainda mais dependentes, estatísticas internacionais apontam que 20% da população mundial de usuários de smartphones não consegue exercer um uso equilibrado da internet. Tudo isso revela que muitas pessoas não conseguem usar os equipamentos de maneira equilibrada.
O estresse aparece também pela frustração (que pode se transformar em raiva ou até em desespero) quando o sujeito não compreende como os equipamentos funcionam e, principalmente, quando a tecnologia falha (o celular fica sem sinal ou o provedor de internet está fora do ar; o sujeito tem que imprimir um relatório e a impressora quebra).
O impacto gerado pela evolução digital tem provocado dependência e inúmeros problemas físicos, emocionais e sociais: dores musculares e de cabeça, distúrbios do sono, sedentarismo e obesidade, ansiedade, angústia, irritabilidade e agressividade, dificuldade de concentração, cansaço crônico, isolamento e depressão. Os contatos que exercemos no Facebook ou em outras mídias, por exemplo, são extremamente positivos, compartilham idéias, reconectam pessoas, mas não substituem, de forma alguma, a interação humana real, o encontro físico, o calor humano que tanto necessitamos.
Pode-se perceber o problema surgindo quando o excesso de conectividade começa a atrapalhar as atividades de rotina, a vida profissional e as interações sociais. A pessoa não sabe mais onde leu ou viu tal assunto, a informação começa a ficar dispersa e ela tem dificuldades de reter conhecimento.
Mas como conviver com as tecnologias sem desenvolver uma ansiedade acentuada ou um tecnoestresse? A questão aqui, mais uma vez, é de medida – não se trata de se desconectar completamente. Há que se ter bom senso, pois as tecnologias da informação, se bem utilizadas, podem nos tornar mais ágeis, perceptivos e inventivos. De forma alguma devemos considerá-las como um bicho-papão do qual temos que nos afastar. Temos sim, que delas fazer bom uso, com limites.
Fontes:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/42868-tecnoestresse.shtml
http://revistavivasaude.uol.com.br/edicoes/38/artigo40186-1.asp/
http://www.parexcellencemagazine.com/emotional-health-wellbeing/how-to-survive-technostress.html
CARMEN SILVIA VILLAÇA DE CERQUEIRA CESAR – Psicóloga pela UNIP – Universidade Paulista. Saiba mais.