SEXO NÃO É MAIS DETERMINADO APENAS POR FATORES BIOLÓGICOS

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Laurel Westbrook explica que as controvérsias de gênero têm-se centrado no medo de corpos ‘masculinos’ em espaços ‘femininos’.


O sexo, ou gênero, não é mais determinado apenas por fatores biológicos.

É o que defendem Laurel Westbrook (Universidade Estadual Grand Valey) e Kristen Schilt (Universidade de Chicago). As pesquisadoras analisaram vários estudos de caso e verificaram que os fatores biológicos – como os órgãos genitais e os cromossomos – costumavam ser o determinante final do gênero, mas isso está mudando.

“Nós estamos em um ponto interessante na história do gênero, onde as pessoas estão divididas entre valorizar a auto-identidade e acreditar que a biologia determina o sexo,” disse Westbrook.

Pânico de gênero

A dupla analisou estudos de caso envolvendo debates públicos sobre a expansão dos direitos transexuais, as políticas que determinam a elegibilidade das pessoas transexuais para esportes competitivos e propostas para eliminar a exigência de cirurgia genital para uma mudança de sexo na certidão de nascimento.

Esses debates têm feito surgir eventos que as pesquisadoras chamam de “pânico de gênero”, quando a definição direta e exata não é mais possível.

“Nós descobrimos que estes momentos, que nós chamamos de ‘pânico de gênero’, são o resultado de um choque entre duas ideias culturais concorrentes sobre a identidade de gênero: a crença de que o sexo é determinado pela biologia, contra a crença de que a auto-identidade de uma pessoa em termos de gênero deve ser validada.

“Estes pânicos de gênero frequentemente resultam em uma reformulação da linguagem das políticas, de modo que elas requerem grandes alterações corporais antes que os transgêneros tenham acesso a determinados direitos,” disse Westbrook.

Corpos masculinos em locais femininos

O estudo mostrou que os critérios para a determinação do gênero – a prática de enquadrar as pessoas em categorias de gênero – não são os mesmos em todos os espaços sociais.

Enquanto a auto-identidade é suficiente em muitas circunstâncias, como nos locais de trabalho, as pessoas estão mais propensas a acreditar que a biologia determina o sexo em espaços onde há separação entre masculino e feminino .

“Nas controvérsias que examinamos, é o acesso a banheiros, vestiários, salas de equipes e centros esportivos que estão no centro dos pânicos de gênero,” disse Westbrook.

“Devido à crença de que as mulheres são inerentemente vulneráveis, especialmente aos avanços heterossexuais indesejados, são os espaços das mulheres que estão no centro desses debates. Assim, com essas controvérsias, grande parte da discussão é sobre um medo de corpos ‘masculinos’ em espaços ‘femininos’,” explica.

Segundo as pesquisadoras, como resultado desses medos, as políticas de direitos transexuais são muitas vezes descartadas ou alteradas de modo a forçar as pessoas transexuais a aderir às ideias normativas dos corpos e seus determinantes biológicos.
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Fonte: www.diariodasaude.com.br – Com informações da GVSU

Imagem: GVSU