É CORRETO PERGUNTAR A IDADE DE UMA SENHORA? – RABINO KALMAN PACKOUZ
Tomemos cuidado não apenas em como agimos e falamos com os outros, mas também em como nos comportamos quando isto terá um impacto sobre outras pessoas.
Recentemente, tive um incidente muito curioso em Cingapura. Sentado em uma sala de espera, assisti enquanto duas pessoas ajudavam uma senhora chinesa muito velhinha que lentamente entrava na sala. Ela parecia frágil e fraca. Olhando para o seu rosto, fiquei pensando: “Qual a idade dela?” Finalmente, conclui que deveria ter perto de 100 anos.
Ela sentou-se na cadeira ao meu lado. Um minuto depois ela virou-se para mim com um olhar intrigado e perguntou: “Quantos anos VOCÊ tem?” Fiquei surpreso … não, eu estava chocado – a mulher estava lendo meus pensamentos! Respondi: “Tenho sessenta e três.” Em seguida, ela disse: “Oh … Pensei que você fosse MUITO mais velho! Eu tenho 91”.
Por semanas fiquei perplexo. Talvez a herança de 3.000 anos de Torá estivesse irradiando uma aura de sabedoria antiga em mim? Eu também não acredito nesta opção… Alguns dias depois, tive o prazer de o meu amigo Michael Platner esclarecer-me o que agora parece ser óbvio: ela me viu olhando fixamente para ela, imaginado quantos anos ela tinha. Como provavelmente já passou por isso centenas de vezes – pessoas olhando e, em seguida, perguntando: “Quantos anos a senhora tem?”, e depois, insensivelmente: “Puxa! Pensei que a senhora era MUITO mais velha do que isso!” – ela, com o seu grande humor, antecipou-me – ‘virou a mesa’ – e desfrutou a brincadeira!
Há aqui uma lição para eu aprender ou lembrar, algo que eu possa compartilhar com vocês, queridos leitores?
A Torá nos ensina que todos fomos criados à imagem do Todo-Poderoso. Cada pessoa tem seu valor intrínseco e deve ser tratada com respeito, especialmente os idosos. O Talmud ensina que devemos nos levantar para um estudioso de Torá em reverência à sua sabedoria. Também nos ensina que devemos levantar para alguém com 70 anos ou mais – mesmo que não seja um estudioso da Torá.
Por quê? Porque ao viver tanto tempo, esta pessoa tem sabedoria sobre a vida!
Somos responsáveis por elevar o nível de nosso comportamento e de nossa linguagem de uma maneira condizente a criaturas que têm uma alma e uma ligação espiritual com o Todo-poderoso. A Torá estabeleceu leis que regem a fala – as Leis de Lashon Hará – para evitar falas que causam danos. Neste conjunto de leis aprendemos que nem toda comunicação é por meio da fala. Mesmo uma sobrancelha erguida ou um sorrisinho irônico pode comunicar uma declaração negativa sobre algo ou alguém.
Eu devo ter sido indiscreto e a fiz sentir-se desconfortável. Imagine como o nosso Patriarca Jacob se sentiu quando se reuniu com o Faraó do Egito e as primeiras palavras que saíram da boca do Faraó foram: “Quantos anos você tem?”.
A lição é sermos sensíveis aos sentimentos dos outros. Tomemos cuidado não apenas em como agimos e falamos com os outros, mas também em como nos comportamos quando isto terá
um impacto sobre outras pessoas. Precisamos ser sensíveis com os outros, especialmente com os mais idosos.
Recebi o seguinte quadro de Nehama Greenfield e pensei que valeria a pena compartilhá-lo com vocês, queridos leitores(as). E vale a pena guardá-lo!
UMA PRECE PARA AQUELES QUE ESTÃO FICANDO MAIS VELHOS
D’us, o Senhor sabe que estou ficando mais velho. Por favor, então:
– Cuide de mim para que não me torne um(a) tagarela, possuído(a) pela ideia que preciso dar minha opinião sobre todos os assuntos.
– Liberte-me do desejo de consertar a vida dos outros.
– Mantenha-me longe de recitar detalhes sem fim. Dê-me asas para chegar diretamente ao ponto central da conversa.
– Sele meus lábios quando estiver inclinado a contar sobre minhas dores e sofrimentos. Elas aumentam com o passar dos anos e minha paixão por falar sobre elas está cada vez mais forte.
– Ensine-me a gloriosa lição de que ocasionalmente eu possa estar errado(a).
– Faça-me pensativo(a), mas não intrometido(a). Uma pessoa útil, mas não um mandão (mandona).
– Com meu imenso reservatório de sabedoria e experiência, parece-me uma pena não poder utilizá-lo plenamente. Mas o Senhor sabe, querido D’us, que eu quero ter alguns amigos no final!
Uma Palavra
Uma palavra descuidada pode iniciar discussões;
Uma palavra cruel pode destruir uma vida;
Uma palavra dura pode instilar odiar;
Uma palavra brutal pode ferir e matar;
Uma palavra gentil pode suavizar o caminho;
Uma palavra alegre pode iluminar o dia;
Uma palavra na hora certa pode diminuir o estresse;
Uma palavra de amor pode curar e abençoar!
Pensamento:“Não paramos de rir porque ficamos mais velhos.Ficamos mais velhos porque paramos de rir!”
RABINO KALMAN PACKOUZ – Da Aish Há Torá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.
NOTA:- Desejando contribuir para o Meor Hashabat acesse o www.aishdonate.com – Email – meor18@hotmail.com