RELÓGIO BIOLÓGICO PESSOAL: VOCÊ É UMA PESSOA DIURNA OU NOTURNA?
Entender nosso relógio biológico nos ajuda a viver melhor, embora as adaptações sejam geralmente inevitáveis.
Características herdadas geneticamente e informações cíclicas do ambiente interferem no nosso relógio biológico.
Algumas pessoas pulam da cama cedo sem grandes dificuldades; outras precisam de mais de um toque do despertador para garantir que não vão se atrasar para o trabalho ou a escola. Uns ficam acordados durante a madrugada, mas há quem não abra mão de dormir cedo.
O nosso corpo apresenta diversos ritmos biológicos, ou seja, fenômenos que se expressam de maneira periódica, indo desde a secreção de um hormônio até um comportamento, como o sono e a vigília.
Contudo, esses ritmos parecem ser pessoais – nossos relógios biológicos têm sincronismos diferentes, o que faz com que cada pessoa possa ser classificada de acordo um cronotipo.
Hoje já se reconhece a importância de entender o cronotipo de cada pessoa, ou seja, a hora do dia em que ela é mais produtiva – algo que pode ajudá-la a viver melhor no mundo moderno. Para isso já se criou até um novo campo de pesquisas, a cronobiologia. A cronobiologia já revelou, por exemplo, que doenças têm hora marcada para se manifestar.
Relógio biológico
Pelo que se sabe até agora, nosso relógio interno é formado por milhares de células nervosas no núcleo supraquiasmático – uma estrutura localizada no hipotálamo (que controla diversas funções corporais, da liberação de hormônios à regulação da temperatura corporal), na base do cérebro.
Mas só recentemente cientistas japoneses descobriram como ler as horas no nosso relógio biológico. Nosso relógio biológico é reiniciado diariamente pela luz, ainda que a luz nos influencie por outros processos.
Seria lógico concluir que os relógios biológicos de todas as pessoas seguiriam ritmos parecidos, mas isso não acontece. E nossos relógios também mudam ao longo da vida. Quem tem filhos pequenos sabe que eles costumam acordar cedo, assim como os idosos.
Adaptação social
Características herdadas geneticamente e informações cíclicas do ambiente interferem no nosso relógio biológico.
Ocorre que, qualquer que seja nossa velocidade biológica, somos forçados a adaptá-la à sociedade e ao horário comercial, das 8h às 17h, ou algo parecido. Isso costuma ser particularmente difícil para trabalhadores noturnos e para adolescentes, que em geral não gostam de acordar cedo.
O professor Till Roenneberg, da Universidade Ludwig-Maximilians (Alemanha), analisou os padrões de sono dessa última faixa etária.
“Podemos demonstrar que a famosa demora dos adolescentes (em acordar) é algo real,” diz ele. “Eles adquirem esse hábito ao longo da infância e puberdade e chegam a isso aos 19 anos e meio, para mulheres, e 21 anos, para homens.”
Com um banco de dados do sono de mais de 200 mil participantes, o grupo de Roenneberg espera fazer “um mapa do sono do mundo”.
Escola mais tarde
Por conta de dados como esses, Mary Carskadon, professora de psiquiatria na Universidade Brown (EUA) faz campanha para que as escolas comecem as aulas mais tarde.
“Nem sempre as notas melhoram (por conta disso), mas um dos aspectos mais sérios da privação de sono é a questão da depressão, da tristeza e da falta de motivação dos jovens”, argumenta. “O humor melhora quando as aulas começam mais tarde.”
Mas não são muitas as escolas que costumam aderir a essa iniciativa, já que a maioria das pessoas tem de se acostumar ao horário comercial – mesmo que isso seja cansativo.
“Deveríamos mudar horários de trabalho e torná-los mais individualizados, para que se adequem a nossos cronotipos. Se isso não for possível, devemos ser mais estratégicos quanto à exposição à luz – por exemplo, indo ao trabalho não em um veículo coberto, mas de bicicleta,” aconselha Roenneberg.
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Fonte: www.diariodasaude.com.br – Com informações da BBC – Imagens: BBC e Fiocruz.