A DOR TEM ALGUM SENTIDO? – RABINO KALMAN PACKOUZ

Rabino Kalman Pa

“Creio que a distinção entre dor e sofrimento é a seguinte: se pudermos achar significado na dor, então não sofreremos. Se somos incapazes de encontrar o significado na dor, então ela se torna devastadora e chamamos este sentimento devastador de ‘sofrimento’”.


Há duas semanas compartilhei com vocês, queridos leitores, trechos e perspectivas do livro intitulado ‘Finding Light in the DarknessThe Toughest Challenges and How to Grow from Them (Encontrando Luz na Escuridão – Os Mais Duros Desafios e Como Crescer a partir Deles)’, escrito por meu querido colega do Aish HaTorá, o Rabino Shaul Rosenblatt. Esta semana gostaria de compartilhar suas perspectivas sobre a diferença entre dor e sofrimento.

Eu mencionei previamente as credenciais do Rabino Rosenblatt para escrever sobre este tópico. Aos 27 anos de idade, Elana, sua esposa e mãe de seus 4 filhos, descobriu que tinha câncer. Após 3 anos lutando pela vida, Elana devolveu sua alma ao Criador e Shaul, viúvo, ficou para cuidar das crianças. Eis alguns seus pensamentos sobre a diferença entre dor e sofrimento:

“Todos passamos por dores neste mundo. Elas vêm sobre nós da parte de fora. O sofrimento, entretanto, é auto-inflingido. Ele depende totalmente da maneira como decidimos reagir à nossa dor. Se permitirmos que a dor tome conta, que nos sobrepuje, se nos permitirmos ‘deslizar’ para o conforto do desespero, então iremos sofrer. Se enfrentarmos a dor e nos postarmos frente ao desafio, então ainda estaremos com a dor, mas sem o sofrimento”.

“Dia após dia, mês após mês, ano após ano, eu assistia Elana com dores – senão físicas, então emocionais. Ela desesperadamente desejava ver seus filhos crescerem, queria dançar em seus casamentos, mas sabia que não iria. Ela passou por uma tremenda angústia”.

“Nenhuma vez, entretanto, eu a vi sofrer. Nem por um momento. A dor não era o seu inimigo. Era o seu meio de crescimento. A apatia era o seu inimigo. A raiva era sua inimiga. O mesmo com o desespero. Entregar os pontos era o seu inimigo, mas não a dor.”

“Podemos ver o mesmo em casos menos extremos. Quando uma mulher dá a luz, ela sofre dores tremendas, mas será que sofre? Criar os filhos é uma tarefa incrivelmente dolorosa, em muitos sentidos. Mas será que chamamos isto de sofrimento? Correr uma maratona é decididamente doloroso nos últimos quilômetros (e se estiver fora de forma como eu, então todos os outros quilômetros também!), mas será que é um sofrimento?”

“Creio que a distinção entre dor e sofrimento é a seguinte: se pudermos achar significado na dor, então não sofreremos. Se somos incapazes de encontrar o significado na dor, então ela se torna devastadora e chamamos este sentimento devastador de ‘sofrimento’”.

“A habilidade de colocar a dor dentro de um contexto significativo nos capacita a lidarmos com ela. Elana costumava citar uma frase de um filosofo que dizia: ‘O ser humano pode lidar com todo tipo de coisa e situação, todo o tempo que ele tenha um bom ‘porque’”.

“Se uma criança, por exemplo, corta seu dedo, ela chora e grita pela casa inteira. Um adulto corta o dedo e segue a vida em frente. As crianças vivem no ‘aqui e agora’ e não conseguem colocar a sua dor num contexto maior. Não há um futuro mais significativo que aguardam ansiosamente, apenas a sensação imediata da dor. Um adulto percebe que a dor irá passar e a vida será boa novamente apesar disto. Ele não sofre. A propósito, por que ao se beijar e abraçar a criança, a dor parece ir embora? Não é a dor que se vai, mas o sofrimento. Os pais deram à criança um contexto significativo para a dor – o contexto do amor de seus pais. A criança ainda sente a dor, mas dentro de um novo contexto no qual ela não mais sofre”.

“Os adultos precisam encontrar seu próprio significado na dor. Às vezes ele é obvio, como no caso da mulher em trabalho de parto. Às vezes é um pouco mais difícil. No entanto, quando ele ou ela consegue enxergar a dor como uma fórmula de crescimento, um meio para desenvolver um entendimento mais profundo das coisas, então a dor permanece, mas o sofrimento é esquecido”.

“A dor ocorre a todos os seres humanos durante a maior parte de suas vidas, sem distinguir se são bons ou ruins. Mas nenhum de nós é obrigado a sofrer se não o desejar”.

“Novamente, esta escolha está em nossas mãos!”


RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish HáTorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.

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Pensamento: “Desistir é uma solução final para um problema temporário” – Dito por um Sobrevivente do Holocausto