POR QUE QUEBRAR UM COPO NUM CASAMENTO JUDAICO? – POR RABI ARON MOSS

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O único antídoto para a fragmentação é a unidade. E a unidade mais profunda é sentida num casamento. Todo casamento é uma cura, um conserto de uma alma fragmentada, uma reconstrução de Jerusalém em miniatura.


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Pergunta:

Compreendo que o motivo para eu quebrar um copo ao final da cerimônia de casamento é para comemorar a destruição do Templo em Jerusalém há cerca de 2.000 anos. Este de fato foi um evento relevante na história judaica, mas não parece ter qualquer relevância para mim. O que um edifício destruído tem a ver com meu casamento?

Resposta:

A destruição do Templo Sagrado tem extrema relevância pessoal. Aconteceu a você. É verdade que quebrar o copo basicamente comemora a queda de Jerusalém; no entanto, é também um lembrete de outro estraçalhamento cataclísmico – o do seu próprio templo, sua alma.

Amtes de nascer, você e sua alma gêmea eram uma, uma única alma.

Então, quando se aproximou a hora de você entrar neste mundo, D’us quebrou aquela única alma em duas partes, uma feminina e uma masculina. Essas duas metades de alma então nasceram para o mundo com a missão de tentar encontrar a outra parte e se reunirem.

Na época, a separação parecia trágica e incompreensível. Por que criar fragmentação onde antes havia plenitude? Por que quebrar algo apenas para que pudesse ser consertado? E se vocês deveriam ficar juntos, por que D’us não deixou os dois juntos?

É sob a chupá, a canópia nupcial, que essas perguntas podem ser respondidas. Com o casamento, duas metades estão se unindo, para jamais se separarem outra vez. Não apenas isso, mas você pode olhar para trás, para a dolorosa experiência de ser separado e realmente celebrá-la. Pois agora está claro que a separação trouxe vocês mais perto do que teria sido.

Ironicamente, foi somente por se separarem e levarem vidas longe uma da outra que vocês puderam se desenvolver como indivíduos, amadurecer e crescer. Sua união é algo que vocês tiveram de conseguir e escolher, e portanto é profundamente valorizada. Com a alegre reunião no casamento, fica claro que sua alma somente foi partida para reunir-se e tornar-se uma num nível mais elevado e mais profundo.

E portanto você quebra o copo sob a chupá e imediatamente expressa o desejo de Mazal Tov! Porque agora, em retrospecto, até a separação das almas é motivo para ficar alegre, pois deu à sua conexão a possibilidade de real profundidade e significado.

Vemos uma história paralela na destruição do Templo em Jerusalém. O Templo não era meramente um edifício; era o local de encontro de céu e terra, o ideal e o real, D’us e a criação. Quando o Templo foi perdido, também o foi o relacionamento entre D’us e o mundo. Nossas almas foram arrancadas de nossa Alma Gêmea.

O único antídoto para a fragmentação é a unidade. E a unidade mais profunda é sentida num casamento. Todo casamento é uma cura, um conserto de uma alma fragmentada, uma reconstrução de Jerusalém em miniatura. Nossos Sábios nos ensinam: “Quem celebra com os noivos, é como se reconstruísse uma das ruínas de Jerusalém.” Quando almas gêmeas se reúnem num casamento sagrado, uma energia de amor e unidade é gerada, elevando o mundo e aproximando-o do conserto de seu relacionamento rompido com D’us.

Portanto veja, sua história pessoal e a história da destruição de Jerusalém estão intimamente ligadas. A destruição que aconteceu a Jerusalém aconteceu à sua alma; e a alegria que você está sentindo agora será um dia sentida também em Jerusalém. Um dia, em breve, quando o Templo for reconstruído, nossas almas se reunirão com D’us, nossa Alma Gêmea, num verdadeiro relacionamento que construímos juntos. Não prantearemos mais a destruição, mas olhando para trás finalmente entenderemos seu propósito, e iremos celebrar.


RABI ARON MOSS ensina Cabalá, Talmud e Judaísmo prático em Sydney, Austrália, e contribui frequentemente com Chabad.org.

Fonte: WWW.pt.chabad.org