EGO FERIDO – POR RAV EFRAIM BIRBOJM
Quando deixamos nosso ego nos guiar, acabamos nos equivocando. No caso de Uri, foi apenas um pequeno erro, que lhe trouxe ainda mais vergonha. Mas em muitos casos as consequências acabam sendo trágicas.
“Em um Shabat de manhã, como sempre fazia toda semana, Uri foi à sinagoga rezar. Depois da leitura da Torá, ele foi chamado pela primeira vez para fazer a Mitzvá de “Agbaá” (levantar o Sefer Torá aberto, para que todos os presentes na sinagoga possam vê-lo). Apesar de o Sefer Torá ser muito grande e pesado, Uri achou que conseguiria levanta-lo tranquilamente, pois era um rapaz forte e saudável. Porém, Uri superestimou sua força e, para seu total constrangimento, quase deixou o Sefer Torá cair no chão. Precisou até pedir ajuda para devolver o Sefer Torá ao lugar.
Uri, com seu ego ferido, decidiu não voltar mais à sinagoga antes de fazer muita musculação. Matriculou-se no dia seguinte em uma academia e fazia horas de musculação todos os dias, para nunca mais passar por tal constrangimento.
Três meses depois, um rapaz musculoso e muito forte entrou na sinagoga. Parecia um novo frequentador, mas era Uri. Quando escutou seu nome sendo chamado pelo Gabai da sinagoga (pessoa responsável, entre outras coisas, por escolher quem será chamado para ler e para levantar a Torá), abriu um sorriso e levantou-se confiante de que desta vez não falharia. Uri levantou o pesado Sefer Torá sem nem mesmo precisar dobrar os joelhos. E não escondeu o sorriso de satisfação quando escutou os ruídos de admiração vindos de todos os cantos da sinagoga. Ele então se sentou com o Sefer Torá e ficou aguardando, orgulhoso, até que alguém viesse para enrolar o Sefer Torá e cobri-lo com sua capa de veludo. Porém, ninguém veio enrolar o Sefer Torá. Quem se aproximou de Uri foi o Gabai, e falou baixinho em seu ouvido:
– Uri, você fez um excelente trabalho. Sua Agbaá foi magnífica. O problema é que eu tinha chamado você para ler a Torá, não para levantá-la…”
Quando deixamos nosso ego nos guiar, acabamos nos equivocando. No caso de Uri, foi apenas um pequeno erro, que lhe trouxe ainda mais vergonha. Mas em muitos casos as consequências acabam sendo trágicas.
RAV EFRAIM BIRBOJM – Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Saiba mais.