PLASTICIDADE CEREBRAL NÃO É INTERROMPIDA PELA IDADE

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Não leve mais a sério o comentário de que o cérebro se torna menos flexível – menos plástico – e que a aprendizagem pode, portanto, tornar-se mais difícil conforme os anos passam. A plasticidade cerebral ocorre sim, na terceira idade – apenas em um local diferente do cérebro.


Plasticidade na terceira idade

Um “problema” amplamente comentado acerca do envelhecimento é que o cérebro se torna menos flexível – menos plástico – e que a aprendizagem pode, portanto, tornar-se mais difícil conforme os anos passam, já que o aprendizado induz alterações no cérebro.

Não leve mais esse comentário a sério onde quer que você o veja, argumenta agora uma equipe de pesquisadores da Universidade de Brown, nos Estados Unidos.

Eles documentaram a plasticidade cerebral ocorrendo em idosos que aprenderam uma nova tarefa.

A diferença é que a plasticidade ocorreu em uma parte do cérebro diferente daquela onde ocorre em pessoas mais jovens.

Matéria branca

Quando os voluntários da terceira idade aprenderam uma nova tarefa visual, eles simultaneamente apresentaram uma mudança significativa na matéria branca do cérebro. A substância branca é considerada a “fiação” do cérebro, formada por axônios, revestidos de um material chamado mielina, que torna a transmissão de sinais mais eficiente.

Já os voluntários mais jovens apresentaram a plasticidade no córtex, um fenômeno já bem documentado pelos neurocientistas.

“Nós acreditamos que o grau de plasticidade no córtex fica mais e mais limitado conforme as pessoas envelhecem. No entanto, elas mantêm a capacidade de aprender, ao menos visualmente, alterando a estrutura da substância branca,” disse o Dr. Takeo Watanabe, coautor do estudo.

Bons aprendizes e maus aprendizes

O estudo produziu outro resultado curioso.

Ao olhar mais profundamente para a associação entre as alterações na substância branca e o desempenho no aprendizado, os pesquisadores descobriram que os voluntários se separaram em dois grupos claramente distintos: “bons aprendizes” e “aprendizes fracos”.

No grupo que aprendeu bem – um incremento de 20% ou mais nos resultados – os voluntários apresentaram uma associação positiva entre as alterações na substância branca e uma melhor aprendizagem.

Mas entre o grupo de “aprendizes fracos” – incremento abaixo dos 20% – a tendência foi que a melhoria no aprendizado diminuiu com uma maior mudança da substância branca.

Os pesquisadores afirmam não saber o que faz uma pessoa idosa cair num ou noutro grupo, mas decididamente não é a falta de plasticidade cerebral, uma vez que ela ocorreu em ambos.

  • O cérebro humano, esse ilustre desconhecido


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Fonte: WWW.diariodasaude.com.br – Imagem: Wikimedia