A SINAGOGA ZDJECIA, EM GDANSK, NA POLÔNIA – POR FELIPE DAIELLO

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Com a dominação nazista, as sinagogas existentes foram destruídas, a que restou foi transformada em depósito pelas tropas alemãs. A sinagoga sobrevivente, Zdjecia, teve que ser recuperada, reconstruída até, alcançando hoje as cores e as formas do passado.


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Gdansk, nome polaco, ficava em posição estratégica no antigo corredor polonês, um dos motivos da eclosão da 2ª Guerra Mundial. Dantzig, para os germanos, representava antigas raízes, o porto do Mar Báltico famoso pelas riquezas proporcionadas pela exportação de cereais das regiões da Polônia.

No comércio estabelecido pela Liga Hanseática, Dantzig era elo importante nas rotas marítimas da época, vital conexão. Local de fortunas. A ordem dos Cavaleiros Teutões era soberana e ditava as regras. Comunidade hebraica se instala na região.

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Para conexão com a Prússia oriental era necessário passar por região entregue à Polônia pelo Tratado de Versalles. Uma humilhação para uma Alemanha derrotada na 1ª Guerra Mundial.

O primeiro disparo e a primeira morte ocorreriam naquele dia de 31 de setembro de 1939; sinal de hecatombe que poucos podiam prever.

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Com a dominação nazista, as sinagogas existentes foram destruídas, a que restou foi transformada em depósito pelas tropas alemãs.

Durante o avanço dos exércitos vermelhos, em 1944,a cidade de Gdansk foi aniquilada, mais de 95% dos prédios destruídos; para as tropas alemãs era necessário defender o solo pátrio até o último soldado. Prédios históricos desapareceram.

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A sinagoga sobrevivente, Zdjecia, teve que ser recuperada, reconstruída até, alcançando hoje as cores e as formas do passado. Apesar do pequeno número de judeus junto a comunidade polonesa, ainda atrai fieis. O Holocausto foi terrível, a dominação soviética, após a capitulação de Berlim, também cobrou pesado pedágio.

Hoje, é mais visitada por judeus vindos de toda a Europa, que procuram a Polônia em busca de lembranças, de nomes, em busca de vestígios de parentes que desapareceram nas dezenas de campos de extermínio construídos pelas tropas da SS. O uniforme negro, a caveira estampada no quepe, indicava a presença ameaçadora da morte: Birkenau, Auschwitz.

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Hoje Gdansk, após os episódios do Sindicato Solidariedade, com os seus estaleiros desmantelados, inicia uma nova era; muitas feridas ainda custam a cicatrizar. Agora os inimigos são os soviéticos e existe um corredor russo que leva ao porto de Kalinigrado. Enclave soviético dentro da nação polonesa.

─ A maioria dos poloneses compreende o russo, mas quando os “vizinhos” chegam ninguém fala a língua do estranho ─ palavras do meu guia e orientador. Continuam inimigos históricos. O massacre de Kathin não foi esquecido.

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Estamos num domingo, dia de festas, de feiras e de desfiles de bonecos gigantes. Oportunidade de experimentar a culinária e os pães poloneses, os pepinos, as salsichas. Depois uma visita aos mercados, onde o âmbar aparece em múltiplas cores e a seguir uma visita as antigas instalações portuárias, aos silos e carregadores da época medieval de Gdansk. Oportunidade para renovar os agradecimentos da vida concedida a cada dia para os fieis de todas as religiões.

“Vaydaber Ado-naiel Moschê Lemor. Co Tevarechu et Benê Ysrael”


FELIPE DAIELLO – Autor de “Palavras ao Vento” e ” A Viagem dos Bichos” – Editora AGE – Saiba mais.

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