CELSO LAFER TOMA POSSE NA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

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Celso Lafer, presidente da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, tomou posse na Academia Paulista de Letras (APL) no último dia 21 de maio. Ele sucede Antônio Ermírio de Moraes (1928-2014) na cadeira 23, que tem como patrono o monsenhor Manuel Vicente Montepoliciano da Silva (1851-1909).

Lafer foi saudado na cerimônia de posse pelo poeta e decano da APL Paulo Bomfim, que, no discurso de boas-vindas, traçou paralelos entre as trajetórias do novo acadêmico e de seu antecessor na cadeira.

“Para substituir o insubstituível, só alguém da dimensão de Celso Lafer, que recebo com o mesmo entusiasmo com que recebi seu antecessor. Com Celso Lafer, a filosofia ilumina nossas tradições. Humanista industrial como Antônio Ermírio, um homem raro nestes dias massificantes em que as máquinas se humanizam e os homens se mecanizam. Bem-vindo a esta casa, que sempre foi sua”, disse.

Em seu discurso de posse, Lafer se disse honrado em suceder Antônio Ermírio, “admirável figura humana que, com o vigor da sua personalidade e o poder da sua inteligência, deu densidade própria ao nosso país pela sua notável atuação nos múltiplos e diversificados campos da vida a que se dedicou, impulsionado por uma vocação de servir e trabalhar em favor do Brasil e dos brasileiros”.

As trajetórias de Antônio Ermírio e Celso Lafer também foram exaltadas por Gabriel Chalita, presidente da APL e secretário municipal de Educação de São Paulo, que conduziu a cerimônia.

“Somos tomados neste momento por sentimentos bonitos de emoção e de razão, primeiro pela generosidade de Celso Lafer de trazer a memória deste grande brasileiro que foi Antônio Ermírio de Moraes. Chega à APL um homem do direito, da justiça, um humanista, um homem de uma elegância impressionante, nosso embaixador, ministro, diplomata, escritor. Uma mente notável em nossa Academia”, disse Chalita.

Após o bacharelado em direito na USP, onde também tem livre-docência em direito internacional público e titularidade em filosofia do direito, Celso Lafer titulou-se mestre e doutor em ciência política pela Cornell University, nos Estados Unidos. Recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o Prêmio Jabuti pela Câmara Brasileira do Livro. É comendador da Ordem do Congresso Nacional, grande oficial da Legião de Honra do governo da França e doutor honoris causa da Universidade de Buenos Aires e da Universidade Nacional de Córdoba, ambas na Argentina, da Universidade Lyon 3 Jean Moulin (França), da Universidade de Haifa (Israel) e da Universidade de Birmingham (Reino Unido). Foi ministro das Relações Exteriores em 1992 e entre 2001 e 2002, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio em 1999 e embaixador do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) e à Organização das Nações Unidas (ONU) de 1995 a 1998. Preside a FAPESP desde setembro de 2007.

Bisneto de imigrantes da comunidade judaica da Lituânia, Lafer falou no discurso de posse da importância de São Paulo para sua formação profissional e pessoal.

“Eu sou um fruto de São Paulo, um filho da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e da sua tradição, na qual também se formou meu pai, da USP e do meio empresarial paulista, instruído na efervescência e no estímulo do ambiente intelectual do nosso Estado. Nele incluo Araraquara, onde minha mãe se criou, foi normalista, lecionou e trabalhou na Delegacia de Ensino do sistema público de educação paulista”, disse.

Lafer falou ainda do sentimento de ocupar uma cadeira da ABL e, agora, na APL.

“Há uma dialética de mútua implicação e complementaridade em participar tanto da ABL como da APL. É o caso de Miguel Reale (1910-2006), a quem sucedi na Academia Brasileira. É o caso de Fernando de Azevedo (1894-1974), antecessor de Reale e meu na cadeira nº 14 da ABL, e que foi igualmente um antecessor de Antônio Ermírio de Moraes e agora meu na cadeira nº 23 desta casa”, contou.

“É por essa razão que existem tanto grandes figuras do passado e do presente que integraram as duas academias. Lembro, no presente, a aura desta admirável criadora que é Lygia Fagundes Telles, que vem desvendando o mar oculto da ficção e cuja obra, de alcance nacional e internacional, tem, no meio paulista, um dos estímulos dos seus contos e romances.”

Lafer recebeu das mãos da filha Inês Lafer o colar acadêmico e de Domício Proença Filho, secretário-geral da Academia Brasileira de Letras (ABL), o diploma de membro da instituição.

A cerimônia de posse contou com a presença de Marcelo Mattos Araújo, secretário estadual da Cultura, representando o governador Geraldo Alckmin; José Renato Nalini, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo; e Andrea Matarazzo, vereador de São Paulo, entre outros acadêmicos, autoridades do poder público e empresários.


Fonte – Diego Freire | Agência FAPESP

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