ADEUS PLANOS DE PREVIDÊNCIA – PROF. MAURO CALIL*

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O fato real e o motivo pelo qual foram criados, ou seja, garantir uma aposentadoria digna e que todos merecemos, parece ter ficado distante da realidade.


No início deste ano recebi muitas consultas sobre a intenção de aplicações em planos de previdência complementar (PGBL e VGBL). Basicamente as pessoas queriam uma opinião técnica sobre este tipo de aplicação, visto que a mesma tem sido bastante indicada pelos gerentes de banco como o melhor destino para os recursos disponíveis dos clientes.

Obviamente a parcela de pessoas que me procura é uma parte segmentada da população. Os números de captação mostram que as campanhas de venda dos planos de previdência foram – e têm sido – muito bem sucedidas. Afinal, se te provoco a responder as seguintes perguntas: Você acredita que o INSS te trará uma boa renda na aposentadoria? E, você deseja pagar menos IR? Terei sonoros NÃO e SIM como respectivas respostas. Isto mostra claramente que os planos, em especial o PGBL, têm poucas barreiras de rejeição.

Mas, por que alguns investidores mostram desconfiança na hora de aplicar e buscam um parecer técnico? Acredito que a maior parte daqueles que me procuraram já foram ou são investidores de planos de previdência complementar tiveram ou, no mínimo, conhecem alguém próximo que teve uma má experiência neste tipo de investimento.

É difícil acreditar que um fundo de investimentos, administrado por instituições sólidas e respeitáveis, que aumenta a aposentadoria do cliente e ainda reduz o IR na fonte ao longo de 20 ou 30 anos de contribuição possa frustrar expectativas, mas é isto que está acontecendo. Vejamos a origem das frustrações.

Ao contratar os planos de previdência o poupador se depara com simulações que são apenas simulações e, por isso, podem corresponder em nada com a realidade. Como o nome diz, são simulações, e não compromissos assumidos com o investidor.

As altas taxas de administração e carregamento diminuem, em muito, a rentabilidade do plano. Relato aqui que a queixa mais comum nas consultas se referia, justamente, à obtenção de rentabilidades bem próximas àquela oferecida pela caderneta de poupança. Os investidores mais educados financeiramente já perceberam que podem, eles mesmos, comprar os mesmos títulos adquiridos pelos planos e economizar estas taxas, aumentando sua capitalização ao longo do tempo. Isso certamente fará alguma diferença ao longo de 20 ou 30 anos.

O benefício fiscal do PGBL na verdade é um retardamento, visto que aquilo que não é cobrado hoje será cobrado amanhã duas vezes. Quero dizer, será cobrado sobre os rendimentos e sobre o depósito feito e, não somente sobre os rendimentos como procedido em todos os outros tipos de investimentos.

Outro ponto de frustração é a descoberta na prática de que os planos de previdência são, sim, passíveis de penhora judicial. Havia uma crença de que não seriam. A Justiça já determina práticas bem diferentes.

O fato real e o motivo pelo qual foram criados, ou seja, garantir uma aposentadoria digna e que todos merecemos, parece ter ficado distante da realidade. Em favor da previdência complementar, ainda recomendo como um ótimo instrumento de sucessão patrimonial. Ou seja, ao final da vida, transfira pouco a pouco seus recursos para um VGBL já repartindo os valores em planos diferentes cujos beneficiários serão seus herdeiros. Isso evitará a cobrança de impostos sobre a herança e aumentará a fatia daqueles que você ama.


*O professor Mauro Calil é especialista em investimentos no Banco Ourinvest. É também palestrante e autor dos livros “Receita do bolo” e “Separe uma verba para ser feliz” e proprietário da Academia do Dinheiro, instituição especializada em cursos de educação financeira e finanças. Possui mestrado pela USP e Pós Graduação em Marketing pela ESPM e certificado pela ANBIMA como CEA. – www.academiadodinheiro.com.br

Nota – Matéria publicada no Blog Etiqueta Financeira – Site da Revista Exame

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