PAPO DE COZINHA COM BRENO LERNER
Especialmente no Shabat, o peixe tem um significado marcante uma vez que Dag , a palavra hebraica que o nomina , tem o valor numérico de sete e, portanto, comer peixe no sétimo dia da semana teria um significado todo especial. Confira esta receita de Poisson a La Mosaico, em homenagem ao mais longevo programa da TV brasileira.
POISSON A LA MOSAICO
O peixe é parve , neutro, podendo ser combinado com qualquer outra comida , ainda que algumas comunidades ortodoxas prefiram não comer peixe e carnes juntos no mesmo prato, por exemplo uma vitela tonatta.
Tradicionalmente vão preferir, após uma entrada de peixe, limpar seu paladar com um pedaço de pão, um gole de vinho ou aguardente ou ainda mais recentemente, um sorbet para depois comer carne. Em tempos antigos , algumas comunidades judaicas da Índia , não misturavam peixe com leite ou seus derivados.
O peixe já nasce casher( desde que tenha nadadeira e escamas), não necessitando ser manuseado, salgado, cortado . Ou seja , no minuto em que sai do mar, do rio ou do peixeiro, está pronto para consumo, facilitando a vida da(o) cozinheira(o) .
Por outro lado , tem seu significado histórico, sempre associado à fertilidade, crescimento, multiplicação , abundancia e prosperidade – aliás não só entre os judeus como entre outros povos, especialmente os orientais.
Dizem os sábios, que jantar peixe nos traz um gosto do paraíso, uma mística sensação de como serão os dias da era messiânica . No livro de Jó , Leviatan , o monstruoso e demoníaco peixe será derrotado na vinda do Messias e os homens justos se banquetearão com sua carne.
Isto explica o altíssimo consumo que os judeus faziam de hering , carpas e mais recentemente salmão.
Especialmente no Shabat, o peixe tem um significado marcante uma vez que Dag , a palavra hebraica que o nomina , tem o valor numérico de sete e, portanto, comer peixe no sétimo dia da semana teria um significado todo especial.
Acreditavam ainda os antigos que comer peixe numa das três refeições do Shabat ajudaria os homens a evitar o julgamento de Gehenna , ou seja a ida para o terrível inferno ardente localizado no vale de Hinnon.
Por tudo isto, escolhi o peixe para homenagear o Programa Mosaico. Criei esta receita com ingredientes que combinam o europeu salmão com as brasileiríssimas Banana da Terra e Cachaça, alegoria que ilustra a chegada de nossos antepassados ao Brasil e como fomos aqui bem recebidos.
Uma receita parecida com esta foi servida no Baile da Ilha Fiscal, em 1889, o maior e último baile do Império brasileiro.
Ofereço-a ao Fred, Roni e toda equipe do Mosaico, o mais longevo programa da TV brasileira.
INGREDIENTES
4 postas de robalo ou salmão
1 col sopa de cebolinha picada
1 col sopa de salsinha picada
1 cálice da cachaça
2 pimentas dedo de moça sem sementes, bem picadas
sal e pim do reino à gosto
Para a guarnição:
300 g de manteiga amolecida
6 batata doce pequena, cortada em palitos
1 cálice de cachaca
2 xícara de melaço
8 banana da terra cortadas em tiras no comprimento
MODO DE FAZER
Misture a cebolinha, salsinha,cachaça e a pimenta.Reserve.
Tempere a posta com sal e pim do reino e esfregue suavemente com a mistura reservada . Deixe tomar gosto por 15 minutos
Enquanto isto prepare as batatas:
Numa panela coloque a manteiga e sobre ela as batatas, melaço e cachaça. Cozinhe em fogo baixo, regando com o molho até as batatas amolecerem.Reserve
Grelhe as fatias de banana da terra. Reserve.
Grelhe a posta de robalo ao ponto desejado .
Faça um leito com as batatas.
Coloque sobre elas a posta de peixe e sobre ela as fatias de banana.
Salpique com salsinha e sirva.
BRENO LERNER – Superintendente da Editora Melhoramentos, tem vários livros sobre culinária publicados. Saiba mais.
