QUANDO “DESLIGAR AS MÁQUINAS” – RABINO KALMAN PACKOUZ

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Quando é o momento em que a vida se torna tão infeliz, tão dolorosa, tão sem sentido que uma pessoa aceitaria ‘desligar as máquinas’ para deixar o seu ente querido morrer? E se este ente querido sofresse da doença de Lou Gehrig (ALS) e só conseguisse mover as pálpebras?

Recentemente li a história do Doutor Rahamim Melamed-Cohen num artigo intitulado “The Hero Within” que apareceu no site Aish.com e também no encantador livro God Winked — Tales & Lessons from my Spiritual Adventures (D’us Piscou – Histórias e Lições de Minhas Aventuras Espirituais), escrito por Sara Yocheved Rigler. O texto a seguir foi elaborado a partir de seus escritos.

O aparecimento da ALS que paralisou progressivamente o seu corpo ao longo dos dezoito anos seguintes começou quando tinha 57 anos de idade. Após seis anos com a doença, seus pulmões foram afetados pela paralisia. Os médicos chegaram quando ele parou de respirar, ressucitaram-no e correram com ele para o hospital. A decisão: colocá-lo no respirador ou deixá-lo morrer?

Há aqueles que argumentam: que propósito teria a sua vida? Ele não tem independência — ele depende dos outros para tudo! Que alegrias terá? Qual o sentido? Qual a sua contribuição para a humanidade?

Sua esposa, Elisheva, tomou a decisão de colocá-lo no respirador ao invés de deixá-lo morrer.

Ela tomou a decisão certa? Como sua vida se desenrolou? Como ele se sente sobre a sua vida?

Enquanto ainda conseguia falar claramente, Rahamim dava palestras sobre metodologia do ensino. As suas atividades incluíam: correspondências por e-mail, encontro com pessoas, aconselhamento, administrar uma yeshivá, orar três vezes ao dia, ir à sinagoga no Shabat, frequentar teatros e comparecer a casamentos — e escreveu 8 livros — a maioria deles usando um computador que digita ao rastrear os seus movimentos oculares!

Como ele se sente em relação à sua vida? “Inicialmente eu não tinha certeza de que foi a decisão acertada colocar-me no respirador”. Agora, ele afirma: “Se tivessem me deixado morrer, eu teria perdido os melhores e mais importantes anos da minha vida. Estes são os mais belos e mais felizes anos da minha vida”.

O que ele pensa ser o seu objetivo na vida? “Eu sinto que tenho uma tarefa: dar às pessoas encorajamento e força. Eu creio que compreendo melhor do que a maioria das pessoas como apreciar as coisas importantes na vida e ignorar as que não são importantes”. A nossa herança da Torá nos ensina que viemos a este mundo fazer um tikun (reparar o mundo, retificá-lo). O Dr. Melamed-Cohen se expressa com convicção: “Meu tikun pessoal é o meu esforço para cumprir as mitsvót (mandamentos do Criador) tanto quanto possível, exercer uma influência benéfica e positiva sobre os demais e aproximá-los à fé no Criador”.

O que ele aprendeu com a sua luta diária? “Antes, eu não acreditava que tinha tal força interior. Eu aprendi que todo ser humano tem ‘centelhas’ que podem transformar-se em enormes chamas”.

Por que muitas pessoas com doenças terminais ou com graves deficiências físicas desistem? O Dr. Melamed-Cohen crê que: 1) Elas esperam que a vida seja fácil, 2) Não foram ensinadas a resistir aos desafios e/ou 3) Se comportam de acordo com as expectativas da sociedade.

Ele acredita que a sua vida é uma exceção às pessoas com ALS? “Talvez eu seja especial, mas os fundamentos podem ser aplicados a outras pessoas também. Nem todos têm que produzir tanto, mas todos podem viver a sua vida de sua própria maneira. Ao invés de sempre falar sobre ‘morte com honra’, por que não investir o mesmo esforço para viver uma ‘vida com honra’? Elas podem fazer isso encorajando outros pacientes e trazendo-lhes voluntários para ajudá-los. Ao invés de incitá-los a terminar com suas vidas, estimule-os a viverem as suas vidas!”.

Seus planos para o futuro? “Desejo permanecer vivo por muito mais anos e não perder nenhum momento da minha vida. Quero a oportunidade de poder concretizar o meu verdadeiro eu, desfrutar os demais, ser apreciado pelos outros e também transmitir uma mensagem de otimismo e de que a vida é sagrada”.

O que ele aconselha àqueles que acham que não conseguem ir em frente com suas vidas por causa de algo que lhes falta — cônjuge, filhos, um bom trabalho, dinheiro…? “Não desesperem, sejam otimistas e trabalhem sobre ter alegria no coração. Independentemente do que esteja lhes faltando, pensem no que é possível fazer e ter sucesso em sua situação atual”.


RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish Hatorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.

NOTA:- Desejando contribuir para o Meor Hashabat acesse o www.aishdonate.com – Email – meor18@hotmail.com


Pensamento : “Se a lógica lhe diz que a vida não tem sentido e não vale a pena, não desista da vida – desista da lógica!!”

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