CORAGEM PARA MUDAR – RABINO MICHEL SCHLESINGER

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Nós merecemos tentar. Sempre que vislumbrarmos a possibilidade de um caminho melhor, que tenhamos coragem de abandonar o calor do conhecido e assumir o risco de uma vida ainda mais feliz.


 

 

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A haftará que será lida essa semana em todas as sinagogas do mundo trata de uma mudança significativa na forma de liderança dos israelitas. Depois de viver muitos anos sob o governo de shoftim, juízes, o povo pediu um rei.

A mudança representava o abandono de uma teocracia e a adoção de um sistema monárquico. Os israelitas queriam ser governados por um rei de carne e osso como acontecia com as outras nações. Mesmo conhecendo as desvantagens de um governo monárquico, o povo preferia assumir as consequências da mudança a permanecer da maneira como haviam se acostumado a viver.

O governo dos juízes representava uma conexão mais imediata com Deus uma vez que o juiz desempenhava também o papel de profeta. No entanto, a proximidade do shofet com Deus parecia afastá-lo das necessidades mundanas dos israelitas. Assim, o povo preferiu ter um governante um pouco mais distante de Deus e muito mais próximo das necessidades imediatas do povo.

Por muitos anos, o modelo que se seguiu foi a monarquia, que teve como representantes reis do porte de David e Salomão, que conduziram o povo com sucesso e deixaram importantes legados para as futuras gerações. Anos depois, a monarquia entrou em crise e novas formas de governo foram encontradas.

Em nossas vidas pessoais também optamos por significativas mudanças. Seja a conquista de um novo emprego, um casamento, o ingresso na universidade ou a geração de filhos. Em qualquer uma dessas circunstancias, uma situação conhecida é abandonada e substituída pela novidade.

Toda mudança envolve ansiedade e medo. No entanto, quando acreditamos que o novo nos trará boas perspectivas devemos estar dispostos a enfrentar o desconhecido.

Algumas mudanças dão errado, outras funcionam por um tempo limitado, e existem mudanças que são definitivamente boas. No entanto, somente descobre aquele que arrisca.

Nós merecemos tentar. Sempre que vislumbrarmos a possibilidade de um caminho melhor, que tenhamos coragem de abandonar o calor do conhecido e assumir o risco de uma vida ainda mais feliz.


Michel Schlesinger é bacharel em direito pela Universidade de São Paulo. Realizou seus estudos rabínicos e seu mestrado em Jerusalém, no Instituto Schechter. Nos Estados Unidos, trabalhou em um acampamento judaico, o Camp Ramah de New England, e se capacitou para dar apoio a doentes e seus familiares no Jewish Pastoral Care Intitute na cidade de Nova Iorque. Desde 2005 é rabino da CIP. Em 2012, por ocasião de seu ano sabático, passou três meses em Nova Iorque, onde visitou instituições judaicas e estudou Talmude no Jewish Theological Seminary. O rabino Schlesinger é representante da Confederação Israelita do Brasil (Conib) para o diálogo inter-religioso e coordenador da delegação judaica na Comissão Nacional de Diálogo CatólicoJudaico da CNBB. Em 2013 esteve em Doha, no Qatar, para a Décima Conferência Internacional de Diálogo Inter-religioso. No mesmo ano, concluiu seus estudos em gestão de sinagogas no Rabbinical Management Institute de Los Angeles. Casado com a antropóloga Juliana Portenoy Schlesinger e pai da Tamar e da Naomi.

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