VENCENDO A DOR – POR AKIM ROHULA NETO

270_especial_3_1Quando sentimos dor, queremos nos afastar do estímulo doloroso. Seja ele um trabalho, uma pessoa, uma situação, um sentimento ou até mesmo um pensamento o que queremos é uma distância segura que alivie nossa dor e nos tire do perigo.

Por outro lado nem sempre aquilo que é doloroso é necesariamente ruim ou prejudicial. A dor da limpeza de um ferimento ou da verdade podem ser muito fortes, mas elas trazem algo de bom para nós ao invés de algo ruim. Saber compreender quando a “dor” é “boa” é a competência que nos faz “vencer a dor”.

Porque, neste caso, vencer não significa destruir ou deixar de lado, mas sim aceitar e aprender a diferenciar entre a sensação de dor e o que está provocando esta sensação. Aquele que conquista a dor é que aprende quando se deve sentir a dor.

Tomar uma decisão, por exemplo, pode ser algo que nos cause dor. Nem sempre as decisões que aparecem para nós são simples, e muitas envolvem, por exemplo, dizer algo duro, criar distância com alguém que gostamos ou compreender algo que não queremos que aconteça, mas que, ainda assim, é a verdade e é com ela que teremos que lidar.

Porém a dor de uma decisão que vai manter sua auto estima e seu caráter é mais benéfica do que o alívio ou prazer de uma decisão que pode minar essas mesmas características. Permitir que uma emoção seja sentida também é um movimento que pode ser doloroso, mas que é importante.

As emoções como tristeza, raiva e angústia podem ser dolorosas, mas a dor que sentimos com elas é importante de ser sentida. A importância não está no fato da dor emocional em si, mas sim no fato de que esta sensação nos faz agir. Unir isso à inteligência emocional faz com que muitos de meus clientes, por exemplo, aprendam a “gostar” de algumas dores.

Isso é um fato curioso, interessante e, depois de um tempo, compreensível. Praticantes de yoga aprendem a sentir prazer com a sensação de dor. Ela permanece dolorosa, mas o afeto ligado à dor modifica-se. Esta é a grande vitória sobre a dor, quando percebemos tão bem suas origens que podemos sentir prazer ao reconhecer uma “dor de crescimento”. Ainda dói, é um fato, porém, aquilo que sentimos é que estamos nos desenvolvendo.


AKIM ROHULA NETO – Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Saiba mais.

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