SAGA DE UMA FAMÍLIA SEPARADA PELA GUERRA – POR DENISE WASSERMAN
Débora (terceira da esquerda p/direita) no lançamento na livraria Da Vinci
O tema parece que se repete, mas na verdade ele é inesgotável, dessa vez, sob o ângulo de uma novata autora, Débora Finkielsztejn.
Formada em Economia pela UFRJ, cursou gestão de projetos na UC Berkeley, Califórnia. Já trabalhou em diversos setores, como marketing, software house e entretenimento. Ex-livreira, o universo literário, bem como a escrita, sempre foram uma constante em sua vida. “O alfaiate polonês” é seu livro de estreia.
Lançado no último dia 19 de outubro, na livraria Da Vinci, onde aconteceu, também, um bate-papo literário, o livro, traz uma reflexão, de acordo com a escritora Adriana Lisboa, “em tempos como os que vivemos, quando tantos valores éticos parecem perigosamente comprometidos, é urgente lembrar”.
A entrevista com Débora Finkielsztejn você acompanha a seguir. Vamos lá?
– “O Alfaiate Polonês” é uma biografia?
– O romance é baseado em relatos familiares, mas não é uma biografia porque essa história não é só minha. Achei importante preservar a intimidade do que aconteceu com os meus parentes durante a Segunda Guerra e por isso é uma mistura de realidade com ficção.
– Como é falar sobre sentimentos vivenciados na década de 30, tendo nascido na década de 70?
– Acho que captei muito desses sentimentos, ainda quando era criança e estudava no colégio Barilan. Lembro que pelo menos, uma vez por mês, o diretor da escola passava um filme sobre o Holocausto. Eu tinha entre 12 e 13 anos e as histórias que assisti ficaram marcadas de alguma forma na minha mente. Além disso, há muitos anos, fiz uma viagem com os meus avós maternos à Polônia na cidade onde nasceram, Siedlice e Lods. Fiz, também, muita pesquisa.
– Bacana, poder viajar com os seus avós e ter a oportunidade de resgatar essa história de vida com eles, não?
– Com certeza. Tenho muita sorte, pois conheci e convivi com os meus quatro avós, além dos bisavós. Minha avó materna é a mora Sarinha que deu aula no colégio Eliezer – Max Nordau.
– Você durante muitos anos foi livreira, dona da conhecida livraria Da Conde, no Leblon. Essa profissão motivou-a a escrever?
– Sempre gostei de escrever, desde os meus 7 anos, quando ia para a casa dos meus tios em Vargem Grande. Lembro que eles tinham uma máquina de escrever portátil e eu ficava fascinada com a novidade da época. Escrevia várias histórias da família e criava personagens. Sempre fui uma devoradora de livros e a leitura é uma das coisas que mais gosto de fazer na hora do lazer. Acho que isso, sim, motivou-me a ser livreira e agora, escritora.
– Entre esses personagens que você criou na infância, algum está no livro?
– Nas conversas de família, tomei conhecimento de um tio avô, que nunca conheci, mas imaginei como ele seria. Esse é um dos personagens principais do meu romance.
– Você pode contar um pouco a história do livro?
– O romance narra a história de Moishe, o patriarca dos Luitermann, que deixa a Polônia nos anos 1930 em busca de trabalho e de melhores condições de vida para sua mulher, Fela, e os cinco filhos. Antes que a família pudesse se reunir, Avraham e Shlomo (os dois filhos mais velhos) são convocados para o serviço militar e suas vidas seguem rumos diferentes.
É a trajetória dessa família apartada pela guerra.
Sobre a autora
Jornalista com experiência em Associações de Empresas Estatais e Sindicatos Profissionais, sempre trabalhou, também, para instituições judaicas. Atualmente concilia o jornalismo com a inspiração de escritora. Idealizou o 1º Salão de Humor Judaico, sucesso absoluto de público. Agora atua, também, na área de eventos onde encontrou o seu verdadeiro “eu”.
Fonte: Nosso Jornal Rio