FILHO DIGNO DE UM PAI –RABINO NISSIM KATRI
Será que somos os herdeiros espirituais de nossos pais? São nossos filhos, dignos discípulos de Isaac, leais descendentes de nosso pai Abraham?
Na porção de Vaierá, vemos que a palavra de D’us foi cumprida, e assim nasceu Isaac para abençoar a velhice do Patriarca Abraham. Esta foi a gloriosa coroação de sua vida. Agora não mais temia a morte, porque sua causa não morreria. Isaac não era apenas carne de sua carne, mas coração de seu coração e alma de sua alma.
Contam os Rabinos que, já ao nascer, Isaac era extremamente parecido com o seu velho pai. Era a primeira prova de que seria um digno sucessor: Seus traços revelavam a nobreza e a dignidade ocultas em seu íntimo. Não apenas se parecia com Abraham, mas vivia como ele.
E a esperança do velho Patriarca tinha se realizado e o judaísmo estava salvo. A bandeira do D’us de Israel continuará a flutuar altiva, mesmo depois que Abraham se for.
Esta experiência da vida de Abraham tem sido a preocupação mais vital através dos séculos. Israel existe, o judaísmo sobreviveu porque em cada geração temos “os Isaac” para prosseguir e elevar a obra dos “Abraham”.
E atualmente como está a situação? Será que somos os herdeiros espirituais de nossos pais? São nossos filhos, dignos discípulos de Isaac, leais descendentes de nosso pai Abraham? Melhor seria olharmos ao nosso redor para acharmos a resposta.
Teríamos muito menos causas para nos preocupar se nossos ancestrais que chegaram a estas paragens há anos, previssem com maior perspicácia a tendência dos acontecimentos. Mas se não podiam prever o futuro, existe então um motivo que é a cegueira de Isaac já idoso, que nossos sábios explicam de maneira notável: quando Isaac estava deitado no altar, pronto para ser sacrificado por seu pai, de acordo com a ordem de D’us, os anjos puseram-se a chorar, e suas lágrimas caíram nos olhos de Isaac, cegando-o quando chegou à velhice.
Nossos pais que aqui aportaram há cinquenta anos ou mais atrás, estavam cegos pelas lágrimas do sacrifício que fizeram em abandonar tudo e fugir da perseguição a procura de um abrigo seguro. Todos os seus esforços concentraram-se em ganhar a vida para si e para seus filhos. Nós, entretanto, estamos em posição mais favorável. As lágrimas dos sacrifícios não mais nos cegam. Podemos e devemos ver claramente qual é o nosso dever supremo.
Lendo a história de Abraham, refletimos sobre suas lutas, esforços, anseios e o desejo de ter um sucessor. Que ela nos inspire com o sentimento do dever, que nos desperta da letargia e nos mostra que nem tudo ainda está perdido.
RABINO NISSIM KATRI – É emissário do Rebe de Lubavitch e diretor do Beit Chabad de Belo Horizonte/MG. Saiba mais.
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