O NAZISMO: PRECURSOR DO ÊXTASE TOTAL! “EINVOLK, EIN REICH, EINFÜHRER” – POR JAYME VITA ROSO

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Todos sabem que Hitler tinha como “auxiliares” para a sua empreitada de conquistas territoriais, com a mortandade dos judeus, vários cientistas e algumas empresas, das quais a Temmler, laboratório de renome.


280_especial_3_2Cada vez que se aprofunda sobre o nazismo, em pesquisa documental sobretudo, algo surpreendente e macabro vem à tona. Nesta oportunidade, como no título está a apontar, é parte do que o escritor alemão Norman Ohler[1], (foto), autor do livro “Êxtase Total: III Reich, os alemães e a droga” (tradução do alemão para a língua francesa por Vincent Platini, editora Le Découverte, Paris, 260 p.).

Com reduzido tempo em Paris, o título me atraiu, comprei-o e folhei-o, como uma leitura vertical dos tópicos que me pareceram curiosos ou interessantes e capazes de refletirem os mesmos sentimentos nos que agora lerem esta resenha.

Quero dar ênfase que o paralelo esboçado sobre o evento ocorrido entorno de 1938/1941 na Alemanha nazista se espraiou pelo mundo, chegando ao Brasil na segunda metade da década de 1940.

Afinal, de que cuida esse livro?

Todos sabem que Hitler tinha como “auxiliares” para a sua empreitada de conquistas territoriais, com a mortandade dos judeus, vários cientistas e algumas empresas, das quais a Temmler, laboratório de renome.

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Pois esse laboratório, após intensos testes a partir de 1937, conseguiu lançar no mercado alemão o medicamento “Pervitin”[2] no ano seguinte: pura metanfetamina. Previamente testada pelo médico Otto Ranke em soldados, variando nos que ingeriam o Pervitin, com outros, como placebo, mais outros com burzedina e até com cafeína.

O autor desse livro perturbador traça a gênese desse medicamento que se utilizava para cortar o sono e, com isso, o militar ganhava eficiência. Trágico é que ultrapassou o nazismo e na época, esse medicamento, chegando a ser utilizado em dopings por atletas da República Democrática Alemã (soviética). E ele concluiu: a adesão do povo alemão não foi somente pela pressão psicológica ostensiva, mas pelos produtos químicos, voltados a produzir mais instrumentos de guerra e os militares, acordados sempre, desinibiam-se e, por consequência, alhearam-se ao sentimento natural de perigo.

Se hoje existe o “Silicon Valley” na Califórnia, nos anos de 1930, até o início da década de 1940, apareceu o “Pharmakon Valley”, segundo sustenta e consegue comprovar o autor Norman Ohler, com o emprego refinado, pelo Laboratório Bayer, de morfina e de aspirina, por exemplo. Depois, o laboratório Temmler, seguiu com o Pervitin, que passou a ser usado maciçamente entre os soldados, a partir da campanha polonesa, depois, até por Rommel, que conseguia percorrer em alta velocidade, incompatível com os equipamentos da época, distâncias enormes.

O autor, como adverti, aponta a tradicional empresa Degussa, principal fabricante do gás Zyklon B, utilizado nas câmaras dos campos, como o recurso que, em 1959, sintetizou o Captagon (fenetilina), ou seja, a droga letal dos jihadistas.

E, concluo, com toda essa perversidade, marcada com o provérbio: “Caminhe para encontrar os outros. Pare para achar a si mesmo”.


JAYME VITA ROSO – Graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, é especialista em leis antitruste e consultor jurídico de fama internacional, ecologista reconhecido e premiado, “Professor Honorário” da Universidade Inca Garcilaso de La Vega de Lima, Peru e autor de vários livros jurídicos. Saiba mais.

vitaroso@vitaroso.com.br

[1]4 de fevereiro de 1970 (46 anos), Zweibrücken, Alemanha.

[2] O Pervitin chegou ao Brasil, na década de 1940, era vendido livremente, e muitas companhias o administravam aos seus funcionários para resistirem ao sono noturno e muitos estudantes, sempre às vésperas das provas, passavam as noites na tentativa de aprender o que não tinham conseguido nas aulas.

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