VOCÊ SABE SEMPRE O QUE DIZER? – RABINO KALMAN PACKOUZ

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Já houve um momento em que você encontrou-se com uma pessoa com alguma deficiência física, se sentiu pouco à vontade e não sabia o que dizer? Talvez você quisesse começar a conversar com ela, para ser afetuoso e solidário, mas não sabia como?

A seguinte história foi contada pelo Rabino Paysach Krohn em seu livro Echoes of the Maggid (histórias verdadeiras sobre a Providência Divina, que dão dicas incríveis para a vida) que eu achei interessante e útil:

“Era uma noite congelante em Spring Valley, Nova York, e uma multidão se reuniu em um grande auditório para ouvir a palestra que eu estava para dar sobre o tema ‘O Carrossel da Vida – os Nossos Altos e Baixos no Dia-a-Dia’”.

“Conforme eu andava pelo corredor em direção ao palco, vi uma menina numa cadeira de rodas, próxima à frente do salão. À distância, parecia ser bastante jovem. Ocorreu-me que deve ter sido difícil para ela vir ao auditório naquela noite, como teve que ter a coragem de enfrentar o frio, ser levada em uma van especial e ser conduzida no meio de uma multidão de algumas centenas de pessoas. Quando cheguei ao seu lado, parei por um momento, inclinei-me e disse: ‘Obrigado por ter vindo. Espero que aproveite a palestra!’”

“Ela voltou-se para mim e o meu coração ‘parou’. Eu estava totalmente despreparado para o que vi. A menina tinha paralisia cerebral e não tinha controle algum de seus movimentos. Ela constantemente balançava, sua cabeça se movendo da direita para a esquerda, mas sorrindo com alegria. Ela disse alguma coisa para mim, mas não consegui compreender. Senti-me sem ação. Uma menina sentada ao seu lado disse: ‘Eu sou a irmã dela. Ela está dizendo: ‘Muito obrigada’. Obrigada por ter vindo a ela’”.

“‘Não’, eu respondi, ‘Eu é que devo dizer ‘Muito obrigado’ por ela ter vindo nesta noite tão fria’”.

“Fiquei aturdido e confuso com este encontro inesperado. Retomei a caminhada para o palco onde eu seria apresentado como o palestrante da noite. Enquanto eu estava sentado ouvindo o mestre de cerimônias dar início à noite, alguém me entregou um envelope e disse que veio da menina na cadeira de rodas. A carta era surpreendente e inesquecível”.

“Depois me contaram que a menina tinha ditado a carta à sua irmã. Quero compartilhar esta carta com vocês, pois existe muito a ser aprendido com suas palavras:”

“‘Querido Rabino Krohn, gostaria de me apresentar. O meu nome é Rivka Beila. Tenho vinte anos de idade. Infelizmente, estou confinada a uma cadeira de rodas. Até cerca de um ano atrás, todos, menos a minha família mais próxima, pensavam que eu fosse ‘tonta’. Finalmente, após dezenove anos de miséria, um psicólogo chamado Dr. Sheenan atestou (por meio de um relatório) que eu sou uma moça inteligente!”.

“Estou profundamente grata ao senhor, Rabino Krohn, por me propiciar material estimulante e inspirador para ouvir. Eu gosto de todos os seus CDs e os ouço muitas vezes”.

“Talvez o senhor possa reforçar e frisar este ponto tão importante com a minha carta. Pessoas em cadeiras de rodas são pessoas e devem ser tratadas como tal. Aqueles de nós que não podem falar sabem muito mais, pois passamos o nosso tempo ouvindo. Se alguém não tem nada de bom para dizer, por favor vá para outro lugar. NÃO FIQUE OLHANDO! Apenas sorria, diga olá — nada mais. Isso não deve ser tão difícil. Em seguida, saia se for preciso”.

“Em poucas palavras, faça aos outros o que você gostaria que fizessem a você. Trate todos bem, como seres humanos. Fomos todos criados com um tselem Elokim — à imagem de D’us. Agradeço-o por me ouvir. Atenciosamente, Rivka Beila”.

Escreveu o Rabino Krohn: “Quando ouvimos ou vemos uma menina como Rivka Beila, nossos corações se empatizam com ela. Visualizamos o seu desafio e podemos sentir a sua dor”.

“É preciso saber, no entanto, que existem muitas pessoas em ‘cadeiras de rodas emocionais’. Sentem-se impedidas, imobilizadas e restringidas porque não têm os amigos, os fundos, a família ou os talentos que outros têm. Algumas dessas pessoas têm vergonha de sua situação, que está além do seu controle … Todos querem ser amigos ‘daqueles que têm’ — mas o nosso desafio é ser simpático com os ‘que não têm’”!


RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish Hatorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.

NOTA:- Desejando contribuir para o Meor Hashabat acesse o www.aishdonate.com – Email – meor18@hotmail.com

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