REVISITANDO OS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO – AJUDE O PROJETO A VIRAR LIVRO

295_fique_3_1Ninguém nega que é importante sempre falar e refletir sobre o Holocausto para que esse horror jamais se repita. E aqui está uma nova oportunidade de trazer à tona este assunto através do projeto do fotógrafo Fred Schiffer e sua esposa, a jornalista Renata. Eles visitaram os principais campos de concentração da Europa, fizeram entrevistas com sobreviventes e, com as fotografias tiradas, querem transformar essa viagem inesquecível e cheia de emoções num livro. Mas, para isto, sua ajuda é fundamental e sem ela não há livro.

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E tudo começou quando tiveram a ideia de fotografar, em 2014, os 70 anos da libertação do campo de Auschwitz e, através de um processo que durou um ano de “negociação”, terem conseguido autorização para assim procederem também nos lugares não permitidos aos visitantes.

Sobre Fred Schiffer

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Jornalista, pós- graduado em MKT pela PUC -IAG MKT, em Mercados Internacionais pela New Schoool University, tem Mestrado em Administração e Doutorando em Humanidades Artes e Historia tendo como tema : Relatos Traumáticos dos Sobreviventes do Holocausto Residentes no Brasil.

Foi professor de Fotografia da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e do Centro Universitário da PUC-RJ, gerente de marketing da Warner Bros, da Disney e CEO da Rede Telecine para o Brasil e Portugal. Atualmente é diretor da Escola de Ciências Socais e Aplicadas da Universidade Unigranrio.

Saiba aqui como participar e conheça abaixo os detalhes desta iniciativa ímpar na entrevista feita por Denise Wasserman para o Nosso Jornal


“REVISITANDO OS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO” – POR DENISE WASSERMAN

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O fotógrafo, Fred Schiffer e sua esposa, a jornalista Renata Schiffer, fizeram em 2015 uma viagem que jamais esquecerão, não pelas lindas paisagens, mas pela experiência de vivenciar uns dos locais mais sombrios da história do século XX: os campos de concentração onde judeus, ciganos, homossexuais e outras minorias foram assassinados na Europa.

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Neto de alemão, os tios avôs de Fred, Herman e Adolpho, eram jovens quando foram convocados para servir ao exército da Alemanha nazista.

O avô Willian, que havia fugido para o Brasil, entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, não sabia o que tinha acontecido com a família. Alguns anos após a guerra, recebeu uma carta informando que o irmão mais novo, Herman, estava vivo – ele serviu na Defesa Civil dos alemães. Adolpho, no entanto, havia morrido em Berlim, na frente de batalha alemã, em 1945.

O avô Willian, trouxe para o Brasil, alguns pertences do irmão morto na guerra, como capacete, medalhas e símbolos nazistas, que durante anos, Fred não entendia o que significavam, até chegar a fase adulta, quando passou a estudar e fotografar o trauma que a família paterna carregava.

A ideia de fazer um livro de fotos sobre o Holocausto surgiu em 2014, na data dos 70 anos da libertação de Auschwitz.

O livro “Revisitando os Campos de Concentração” é o resultado da viagem onde visitou campos do antigo regime nazista, guetos e locais emblemáticos na Europa (período de 1939-45).

295_fique_3_6“Meu objetivo foi documentar a história e não permitir que este trágico acontecimento se repita ou que seja esquecido por esta e pelas próximas gerações”, afirma Fred, que conta na entrevista a seguir, mais detalhes sobre sua experiência. Vamos lá?

. Como se sentiu ao saber que os seus tios-avós atuaram no exército alemão, durante o regime nazista?

– A Alemanha atravessava uma enorme crise econômica após a Primeira Guerra. Eles já eram militares, quando Hitler chegou ao poder e como muitos jovens alemães, acredito que se sentiram na obrigação de cumprir a tarefa de “servir à pátria”. Meu tio avô Adolpho tinha uma posição de comando e morreu no final da guerra, em Berlim. O curioso é que nos anos 80, descobrimos em nossa árvore genealógica , que no século 18, havia uma estrela de David, simbolizando um dos membros de nossa família. Não deixa de ser uma ironia do destino.

.O que você considera como um diferencial nesse seu trabalho?

– O que mais ouvimos desde que começamos este projeto é “por que fotografar os campos de concentração, onde houve tanto sofrimento?” A exposição sempre teve como foco mostrar através de imagens, vídeos e textos as histórias que impactaram o mundo, para que nunca sejam esquecidas nem repetidas. E para dar certo, escrevemos para os consulados dos países envolvidos na guerra, empresas alemãs, centros culturais e companhias aéreas contando sobre o projeto. Conseguimos uma permissão especial para visitar e fotografar lugares que não são permitidos ao turista comum, pois soubemos de casos absurdos, como uma marca de langerie, por exemplo, que quis fotografar modelos dentro do campo de concentração.

.Então você tem fotos inéditas?

-São imagens exclusivas dos primeiros campos de concentração desde Terezin, na República Tcheca, passando pela antiga fábrica de Oskar Schindler na Cracóvia até chegar aos Campos de Auchwitz e Birkenau, na Polônia.

.O que mais impressionou nesta viagem?

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– Visitar um campo de concentração e imaginar tudo que aconteceu por lá é uma experiência bem forte, mas, Sachsenhausen, especificamente, mexeu muito conosco. Jamais esqueceremos a experiência. O campo de concentração foi construído em 1936 e funcionou até 1945 sob o regime nazista. Era uma antiga cervejaria. Devido à proximidade com a capital, Sachsenhausen foi pensado para ser um campo modelo, onde os oficiais do partido de Hitler eram “formados” para levar para outros campos o que estudavam na prática. Cerca de 200 mil vítimas foram aprisionadas só lá. Destas, metade morreu de desnutrição, doenças, maus tratos e frio extremo e milhares de outras foram assassinadas por fuzilamento, experimentos médicos e em câmaras de gás.

Assistimos a um filme, em Terezin, que era propaganda dos nazistas, onde os prisioneiros pareciam ser “bem tratados”. O olhar de medo e o sorriso forçado dos judeus é bem notório nesse filme. Algo, realmente, impactante.

Em Auschwitz, a frase “Arbeit Macht Frei”, escrita no portão e que foi provavelmente colocada ali em 1938 é uma ironia. Significa “O trabalho te fará livre”. Era por alii que todos os prisioneiros entravam.

Um dos momentos mais emocionantes foi entrar na cozinha subterrânea de um dos campos, onde os prisioneiros selecionados para trabalhar, descascavam batatas. Eles lavavam as batatas e os legumes para fazer a “mistela” a tão conhecida sopa (que era a única alimentação diária). As batatas vinham podres e muito sujas. A sopa era rala e intragável.

Mesmo assim, eles eram considerados “sortudos”, pois, enquanto os outros prisioneiros quase não recebiam comida, os cozinheiros podiam “roubar” uma casca de batata, por exemplo, e chupá-la até desaparecer na boca, sem que nenhum soldado nazista visse. Quem trabalhava na cozinha tinha mais chance de sobreviver, já que se alimentava um pouco melhor.

.Quais foram os locais que visitaram?

-O Memorial aos Judeus Mortos em Berlim, o Cemiterio Judaico na República Theca, a antiga fabrica de Oskar Schindler, o Gueto e Sinagogas na Cracovia, o Memorial de Auschwitz e Birkenau (Polonia). Voltamos ao Brasil com mais de 1.600 registros, que editados, resultaram em 150 fotos – a maioria convertida em fotos preto em branco. Por sugestões de amigos, mostramos as fotos para alguns sobreviventes do Holocausto, que ao verem as imagens, contribuíram com depoimentos inéditos e estes relatos, também, fazem parte do livro.

.Além do livro, você pretende fazer algum outro trabalho sobre esse tema?

– Em 2016, fiz uma exposição durante o Primeiro Seminário Internacional sobre Memória, Conflito e Trauma, realizado na Unigranrio, em Duque de Caxias, RJ. O seminário contou com a presença da historiadora Teresa Wontor, atual Diretora do Memorial de Auschwitz, que veio da Polônia para falar com o público sobre os Campos e o Holocausto.

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.Qual foi o maior aprendizado dessa experiência ?

– Para algumas pessoas, nossa viagem foi um “turismo mórbido”. Nós não encaramos desta forma, muito pelo contrário. Na nossa opinião, todo mundo deveria passar por essa experiência. Realmente, é deprimente olhar para esse tipo de atrocidade e ver do que o homem já foi capaz. Quanto sofrimento por causas tão pouco nobres. E por isso é necessário relembrar… sempre relembrar.

.O seu livro será produzido ainda neste ano de 2017 e existe uma plataforma de cobrança coletiva para a finalização desse projeto. Como as pessoas interessadas podem participar?

– O livro será produzido com 150 fotos e depoimentos de sobreviventes. Até agora já foram entrevistados cinco pessoas. Irei arcar com 50% de todo os custos, pois a impressão será a melhor possível com altíssima qualidade. Quem quiser adiantar a compra do livro ou fazer uma doação maior, o site é : www.benfeitoria.com/camposdeconcentracao .

Sobre o autor(a)

Denise Wasserman

Jornalista com experiência em Associações de Empresas Estatais e Sindicatos Profissionais, sempre trabalhou, também, para instituições judaicas. Atualmente concilia o jornalismo com a inspiração de escritora. Idealizou o 1º Salão de Humor Judaico, sucesso absoluto de público. Agora atua, também, na área de eventos onde encontrou o seu verdadeiro “eu”.

Nota – matéria publicada no Nosso Jornal

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