“SALA VIP” COM A ATRIZ ANETTE NAIMAN – POR EVELYN ELMAN

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“Ser ou não ser, eis a questão!”… Uma das frases mais usadas com um fundo filosófico profundo. Sem analisar pelo sentido em que Shakespeare a colocou no contexto da tragédia Hamlet, mas, por umas das várias interpretações que existem, a atriz Anette Naiman certamente viu o que hoje é o seu TG, “Teatro Garagem” passar por esse questionamento. Entre ser garagem, com um mezzanino para seus pequenos brincarem ou continuar como um abrigo para guardar os carros com pé direito duplo, a atriz não só vinculou o espaço para seus filhos, como criou um dos locais mais descontraídos de São Paulo.

Meus queridos leitores, segue a entrevista que tanto gostei de fazer. O casarão da Anette, que hoje sedía o “Teatro Garagem”, é rústico, colorido, despojado, com belos registros espalhados pelas paredes da garagem e vem tomando a forma de um novo Centro de Cultura e Artes na região da Lapa, Vila Romana e Pompéia. Anette nasceu talentosa. Auntêntica, cheia de vida, com personalidade, misticismo, idealista e uma beleza exótica que atrai para si todas as atenções. Ela não podería estar longe dos palcos jamais. Maktub! Evoé Anette…


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EE – Quais são suas raízes? Conte um pouco de sua infância…

AN – Eu nasci no Rio de Janeiro. Sou filha de judeus brasileiros, pai carioca, mãe paulistana e neta de poloneses por parte de mãe e pai. Meu bisavô materno era rabino e fugiu para o Brasil apos a 1a Guerra Mundial com minha bisavó e seus 8 filhos. Ele foi retratado inclusive pelo Lazar Segall que frequentava muito a casa dele no Bom Retiro, era um sábio que eu não conheci. Nasci e cresci no Rio, filha de um pai pianista e comerciante e minha mãe que amava ciências políticas mas, abandonou os estudos para criar os 3 filhos. Nasci em Copacabana, mas fui criada na zona norte do Rio, São Cristovão e depois Tijuca. Desde pequena ouvia na minha vitrolinha os LPS de música clássica e MPB dos meus pais. Gostava de dançar, sempre achei que eu seria uma bailarina e minha primeira apresentação foi aos 7 anos com uma coreografia de dança húngara no tablado do auditorio da escola. Foi arrebatador, me encantei e acredito que minha paixão pelo palco nasceu ali. Aos 9 anos, fiz parte do coral infanto-juvenil da Escola Judaica Eliezer Steinberg que era regido pelo maestro Isaac Karabitchevsky. A primeira vez que pisei num palco de verdade foi no Teatro Municipal do Rio de Janeiro com o coral, aonde cantaria composições de Villa Lobos. Vi o teatro lotado, nunca me esqueci dessa imagem e da sensação que me acometeu na hora: estava em casa…

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EE – A Anette atriz começou lá nas brincadeiras de infância, você já era uma menina que vivía num mundo de sonhos, digamos uma contadora de histórias, como voce agía com as amigas?

AN – Eu tive uma infância muito pobre e sendo assim não podia ter os brinquedos que desejava. Acabei criando um universo paralelo, que existía dentro da minha imaginação apenas, lá eu desenhei um sótão repleto de todos os brinquedos que eu sonhava ter, os que eram anunciados na televisão. Adorava falar desse meu sótão para minhas amigas de escola ou do prédio onde morava em São Cristovão. Eu era uma exímia mentirosa, uma contadora de histórias fantásticas nata e todas acreditavam nas minhas histórias, adorava isso. Acho que essa já era a semente da fingidora, que finge tão completamente a dor que deveras sente… A atriz mirim que já habitava meu ser.

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EE – Seu pai foi pianista profissional, você aprendeu a tocar algum instrumento musical e vivenciar este ambiente? Foi ele, a sua fonte de inspiração?

AN – Aprendi a tocar violão aos 9 anos de idade, influenciada pelo rock and roll que eu ouvia nos anos 70. Sem dúvida meu pai foi o meu grande inspirador e estimulador musical. Era um pianista nato, aos 8 anos abandonou os estudos de piano pois não precisava ler partitura, sabia tocar qualquer coisa de ouvido, tinha o dom, era de fato um gênio musical. Ele acompanhou muita gente da bossa nova e do samba no Rio de Janeiro, Benito de Paula, MPB4, Eliana Pittman entre outros… Foi ele quem me deu o primeiro violão. Cresci ouvindo meu pai tocar de tudo, de bossa nova a rock and roll, de samba a jazz, talvez por isso eu tenha um gosto musical extremamente eclético. Certamente, ele foi minha referência artística, o piano era seu melhor amigo e companheiro inseparável, não tinha grandes ambições com a música, era apenas um músico e místico, dizia que não era ele quem tocava as teclas, alguém se apoderava de suas mãos. Hoje, como artista, acredito que era a sua alma quem tocava mas, de menina não ia compreender isso. Ele faleceu precocemente aos 44 anos, 7 anos após o falecimento da minha mãe aos 28 anos.

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EE – Como surgiu a idéia do Teatro Garagem?

AN – Eu estava grávida no ano 2000 e resolvi fazer um mezzanino para ser uma sala de bagunça para os meus filhos dentro da garagem que possuía um pé direito alto. Na construção foi necessário construir um degrau no piso para que o portão da garagem pudesse abrir. Na hora achei que aquilo diminuiria ainda mais o pé direito deste mezzanino, mas quando ficou pronto o que era para ser um estorvo virou a mola propulsora da criação do Teatro da Garagem. Olhei aquele degrau e pensei na hora: tenho um palco dentro de casa! Foi o primeiro pensamento que me veio a cabeça e com ele vieram os insights… E assim surgiu a idéia do Teatro Garagem, que não veio na hora, mas foi brotando aos poucos, tanto que a construção ficou pronta em 2000, mas o Teatro nasceu como Teatro propriamente dito apenas em 2004. Gosto de dizer que o surgimento dele foi um acaso, como se tudo estivesse de alguma maneira escrito, pré-determinado para acontecer. Nessas horas sempre me lembro desta frase da Lygia Fagundes Telles, a patrona da inauguração do intimista Teatro da Garagem: “Acredito em vocação e que vem a ser simplesmente a liberdade de se cumprir essa vontade que vem das profundezas, lá das cavernas. Em latim, vocare, o chamado. Atender ao chamado, assumir o ofício que se aceita com alegria, porque é o ofício do prazer. O ofício da paixão.”

EE – E o apoio da família?

AN – Foi total e irrestrito. Meu marido passou a ser o anfitrião e bilheteiro do Teatro (e após 13 anos ainda é) e meus filhos os contra-regras. Preparar o espaço para encenar o meu solo era um rito de diversão e sacralidade ao mesmo tempo. Nos divertíamos antes e depois. Foi um dos momentos mais mágicos da minha vida, realizar o sonho ao lado da minha família que construi dentro da casa. A sala de bagunça que era para eles acabou ficando para mim. A minha sala, o meu sótão da infância, com minhas historias para contar…

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EE – Qual foi a sua apresentação de estréia e em que outros espetáculos você atuou? Todos foram encenados no Teatro Garagem?

AN – Eu estreei profissionalmente no Teatro do Sesc Pompéia em 1994, com o espetáculo Ópera Urbana Zucco, uma musical baseado na obra de Bernard Marie Koltes e Roberto Zuccoque ainda era inédito no Brasil, com direção de Beatriz Azevedo. Foi uma honra e grande sorte para mim no auge dos meus 20 anos estrear ao lado de grandes atores como Petronio Gontijo, Magali Biff, que tinham acabado de ganhar o prêmio Shell e Adilson Barros (Marvada Carne), um mestre! Em 1997 fui convidada para fazer parte na criação da Cia de Arte Degenerada com meu ex professor e diretor Sergio Ferrara, estreando minha primeira antagonista no espetáculo “Lulu a Caixa de Pandora de Frank Wedekind.” Depois disso trabalhei com o diretor Mauricio Paroni de Castro num espetáculo da Cia Piccolo Teatro de Milano, que veio para o Brasil apresentar “Pantagruel Panurgo I la Canga.” Também trabalhei com Cesar Ribeiro com quem estudei e me formei, na sua Cia de Orquestração Cênica apresentando um espetáculo dentro da Jornada Sesc, ao lado da atriz Ruthinea de Moraes ( a Neusa Sueli de Plinio Marcos, personagem que eu viria fazer anos mais tarde na inauguração do Galpão Garagem com Navalha na Carne).

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Minha estréia que levei para o palco intimista da sala Teatro da Garagem foi em 2004, dez anos após minha estréia profissional, com o solo “Apenas um Saxofone”, texto de Lygia Fagundes Telles e direção de Caetano Vilela, dando início a minha pesquisa pessoal sobre a Literatura Feminina no Palco. Fiquei 3 anos seguidos com esse solo, algumas temporadas curtas, outras mais longas. Em 2008 fui convidada para protagonizar a comédia “Ponto”, da autora Luciene Balbino e com ela iniciei uma nova parceria. Esse espetáculo estreou no Teatro Juca Chaves, onde tive a honra de contracenar com sua voz em Off. Ainda em 2008 dentro do projeto de Literatura Feminina no Palco, iniciei uma pesquisa de interação das artes ao lado do músico de improvisação livre Antonio Panda Gianfratti, onde criamos conjuntamente uma nova linguagem cênica, o espetáculo invisivel “Baladas”, de Hilda Hilst que une a leitura dramática ao design sonoro da música de improvisação livre. Esse projeto se estende até os dias de hoje. Em 2010 fui chamada para fazer parte do espetáculo “Travesties”, de Tom Stoppard com a Cia de Ópera Seca de Gerald Thomas dirigida pela primeira vez por um diretor convidado Caetano Vilela. Ainda em 2010 estreei o espetáculo “Os Imprestáveis”, de autoria e direção de Darci Figueiredo com Jose Trassi, que trouxe para a intimista sala do TG a estética do Teatro Cinematográfico. Em 2014 estreei o antológico “Navalha na Carne”, de Plinio Marcos com direção de Marcos Loureiro que deu inicio ao Projeto Ocupação Plinio Marcos no Teatro Garagem, parceria que permanece até hoje com o inédito Plínio, O Bote da Loba que estreamos em novembro de 2016. Ainda em 2014, realizei uma nova parceria com o diretor Ernesto Hypolito (ex diretor do programa Metrópolis da TV Cultura) e criamos o projeto “ConcertoTeatro”, um projeto que une a música clássica executada ao vivo no teatro e que busca contar a história de vida dos grandes compositores da música clássica. Inauguramos o projeto com o concerto espetáculo : Chopin por George Sand. Em 2015 convidada pelo filho de Plinio Marcos, o autor Leo Lama, fiz parte do espetáculo “Vendidas” e em 2016 voltei para o Teatro Garagem para estrear o inédito “O Bote da Loba”.

EE – Você está em cartaz atualmente?

AN – Atualmente eu estou em cartaz com o espetáculo “O Bote da Loba”, o penúltimo texto de Plínio Marcos que esteve inédito por 20 anos até chegar a mim pelas mãos do filho de Plínio Ricardo Barros que me deu de presente esta preciosidade da última dramaturgia escrita pelo pai, dois anos antes do seu falecimento e que também é meu parceiro na criação do projeto “Ocupação Plínio Marcos no Teatro Garagem” iniciado em 2014, que já contou com alguns projetos musicais e teatrais da obra de Plínio, como a roda de samba Nas Quebradas do Mundaréu, realizada em 2014 no jardim do Teatro e Navalha na Carne que estreou em maio de 2014e que completa 50 anos esse ano.

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EE – É possível viver da arte nos dias de hoje e no Brasil?

AN – Infelizmente essa é uma pergunta que ainda me dói responder, após quase 13 anos de existência do meu próprio espaço, o Teatro Garagem, se você não conta com algum subsídio privado ou público, é impossivel viver da arte no Brasil. Ainda assim contando com subsídios públicos, não se pode dizer que vivemos dela mas, sobrevivemos. A maior parte das pessoas que optam por fazer teatro, necessitam buscar outros meios de subsistência para sua sobrevivencia. É ainda dura a realidade de sermos artistas nesse país. A arte é vista como um gênero de última necessidade. Enquanto nossos governantes não entenderem que a cultura é um gênero de primeira necessidade, assim como a educação, pois caminham de mãos dadas para a evolução de uma sociedade, continuaremos nesse limbo da ignorância gerada pelo descaso de quem deveria nos proteger e fomentar. Uma realidade muito triste o abandono da importância dos artistas e da arte no nosso país.

EE – Li que a liberdade a favor de sua criação foi a grande motivação na luta da existência do seu espaço, hoje conhecido como Teatro Garagem. Esta liberdade foi levada pela inesgotável persistência e seu amor a arte. Voce concorda? Chegou aonde quería?

AN – Com certeza a liberdade da criação foi a minha grande incentivadora e aliada para a criação do Teatro. Quando comecei a estudar em meados dos anos 90, percebia que a maior carência era a de espaços para entrarmos e permancermos em cartaz. Você ensaiava mêses, anos e quando entrava em cartaz, tinha que cumprir uma pauta que te obrigava a ficar dependendo do caso, apenas 1 mês. Esse desperdício de tempo do trabalho dedicado para a construção de uma peça me levou a entender que sómente sendo livre com tempo e espaço o verdadeiro teatro tería a possibilidade de nascer, crescer e cumprir seu oficio junto ao público. É um lado muito idealista que tenho com o sagrado do teatro. Sendo assim, concordo que a liberdade me levou a querer conquistar o meu espaço para a realização de uma arte que chamo de pura, no sentido de cumprir sua missão com o ator e com seu público no tempo que se faz necessário existir e não no tempo que a burocracia exige. Me sinto privilegiada por ter conseguido o meu espaço de criação, mas não gosto da idéia de chegar em algum lugar com a idéia de ponto final… Porque acredito que o fazer teatral é um caminho eterno de aprendizados, me alimenta mais a idéia do caminhar, caminhante não há caminho, o caminho se faz ao caminhar, como já dizia o poeta espanhol Antonio Machado…

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EE – Sabemos que numa cidade como São Paulo, as produções são caras, os investimentos são altos e é necessário uma divulgação eficaz. Ter a oportunidade de atuar para um público intimista, chega a ser um privilégio ou coloca em risco o futuro do próprio Teatro Garagem? Falo decusto-benefício…

AN – A linguagem intimista que criei com minha pesquisa pessoal no Teatro Garagem foi uma escolha muito consciente e que vai de encontro ao meu idealismo. Eu comecei a perceber há 12 anos atrás que as relações estavam cada vez mais sendo pautadas pelo virtualismo e quis de fato buscar através desse olho no olho, desse tete a tete com o público essa reaproximação, reencontro com o outro na realidade física, sensorial. Essa opção com toda a certeza não tem qualquer vinculo com lucro financeiro. O lucro que tenho com isso é de cunho pura e simplesmente humanista. É um privilégio sem dúvida poder fazer a arte que acredito e que está em comunhão com meus princípios como artista, isso porque disponibilizei a minha própria residência para esse fim. Nesse momento posso dizer que riscos sempre estão na pauta, pois essa opção não sustenta as contas do imóvel e acabamos sempre pondo dinheiro do bolso para manter a existencia do TG, nesse sentido acredito que sou uma das poucas cias de São Paulo independente de fato, nunca contei com dinheiro público para a manutenção. O custo benefício sempre está no vermelho financeiramente falando, mas artistica e espiritualmente, já superou e muito além minhas primeiras expectativas como idealizadora desse fazer intimista teatral. É o teatro catalizador de grandes transformações no público e isso realmente não tem preço!

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EE – A tua batalha foi incansável e vitoriosa. A prova é a inauguração de seu segundo espaço. Por favor, nos fale sobre ele…

AN – A casa 2, o Galpão Garagem, era a casa geminada do meu vizinho, aonde funcionava uma funilaria há 40 anos até eu chegar no bairro. Tivemos muita sorte em poder agregar esta casa ao projeto Teatro Garagem. Assim, pude manter o meu larcom cara e espaços próprios de uma casa e ao mesmo tempo, o espírito de fazer teatro intimista e com a casa 2, dar vazão a essa cara mais de espaço em que se pode abrigar outras atividades também para além do teatro. Quebramos todas as paredes da antiga casa e demos a ela essa cara de Galpão, que foi inaugurado em 2014 com a estréia do antológico “Navalha na Carne”, de Plinio Marcos. O Galpão atualmente é palco de cursos de teatro, workshops de cinema e aulas de yoga, além de exposições de fotografia. O Teatro está sendo ampliado para além do teatro, abraçando várias artes, plásticas, cinema, dança e tomando um caráter de Centro Cultural, que era um sonho no início e que hoje após quase 13 anos esta virando realidade. Minha parcería com a atriz Eliete Cigarini que ministra curso de Shakespeare para atores profissionais desde 2015, ocasionou o surgimento de uma nova cia de teatro em São Paulo: a Shakecena, da qual Eliete é diretora e responsável artística. Sinto uma grande honra saber que o TG proporcionou o surgimento da companhia na cidade de São Paulo, que está ligada ao teatro mas, ao mesmo tempo é também livre para caminhar mundo afora. Esses movimentos gerados ali são fonte de grande satisfação com meus propósitos artísticos. Aos poucos percebo que para além da minha arte, posso fomentar sonhos alheios na criação. Só tenho gratidão por poder ver esse movimento artístico pulsante acontecendo ali, do galpão ao fundo do quintal, literalmente. Atualmente está sendo ministrado o “Residência para Atores”, um workshop de atuação para cinema sob o comando de Gustavo Cavalieri, discípulo do coach de atores Sergio Pena. É o cinema agora tomando conta do Galpão. Além das aulas de Yoga ministradas pela dançarina Lua Tatit. A casa 2 está se tornando um pólo de grande variedade das artes, caminhando para ser um novo Centro de Cultura e Artes na região da Lapa/Vila Romana/Pompéia.

EE – É fato que em São Paulo, há uma carência de teatros e espaços culturais para levar tantos espetáculos, workshops, palestras e afins. Pela resposta acima, o TG está aberto para terceiros, certo?

AN – Sim, o Teatro Garagem é um espaço libertário e que está aberto a terceiros desde sua inauguração em 2004 e a todos aqueles que tenham propostas artísticas das mais variadas vertentes e que de alguma forma dialogam com suas propostas intimistas. Um espaço plurarista das artes, eclético, dinâmico, de pesquisa, experimental e que absorve as mais diversas expressões artísticas que vão desde a caixa preta ou a sala de estar, o banheiro ou o jardim, até o Galpão Garagem.

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EE – Vejo que você foi a precursora de um movimento que deu o grito de liberdade por um espaço independente. Os editais e leis de incentivo, já apoiam a sua iniciativa? Conte-nos um pouco sobre esse universo e o que vem por aí.

AN – Nunca contei com nenhum apoio de edital ou lei de incentivo para minha iniciativa dentro do Teatro Garagem ou para meus projetos pessoais. Já participei de algumas concorrências, na verdade bem poucas, mas nunca fui selecionada. E de certa forma esse sentimento de exclusão acabou se transformando num grande estímulo para continuar minha empreitada, ou seja, não vou deixar de fazer o que minha alma artística urge em fazer, porque não tenho recursos ideais para isso, ao contrário, farei com os recursos reais e sendo assim a criatividade acaba se tornando uma grande aliada para sobrepujar a questão financeira, gerando um ganho de originalidade e inovação nos projetos. Criar na adversidade produz obras raras que talvez em outras condições não viriam à luz. Me orgulho de ser genuinamente independente. Posso criar com meu próprio tempo biológico e cronológico, deixando vir a tona a obra de arte assim como é na natureza: no tempo certo, quando o fruto amadurece pode então ser degustado!

Para este mês, vamos inaugurar um projeto de cunho feminino junto com a chegada da primavera: “Feminino no Infinito”, o numero 8 equivale ao infinito. Será um projeto que une 5 poetas, 2 atrizes e uma artista plástica, dentro da poesia feminina, das artes plásticas e do teatro. A exposição é com as obras da artista plástica Angelita Cardoso que retratam o universo feminino através de temas como a masturbação, feminilidade acompanhada por um sarau de poetas do coletivo “Senhoras Obscenas” que trazem poesias eróticas entre outras, com curadoria da poeta e jornalista Paula Valéria Andrade e com o espetáculo “O Bote daLoba” de Plinio Marcos que fala da sexualidade feminina, com a atriz Anette Naiman.

Em março de 2018 o Teatro Garagem abrigará o projeto INLOCO das curadoras e artistas plásticas Katia Lombardo e Simone Siss. Uma mega exposição com mais de 22 artistas plásticos, entre eles, Aguilar, Guto Lacaz, Gal Oppido que estarao presentes ao lado de suas obras expostas por toda a casa. Ainda dentro desse projeto faremos uma sala in memorian ao artista Ivald Granato. Será a primeira vez que o Teatro Garagem se tornará uma galeria de arte por completo durante um final de semana. Esta será a 4a edição do projeto que convidou o TG, por ser a casa da atriz. Ele acontece em residências que se transformam em galerias de arte.

“Eveloz”

EE – Classe teatral:

AN – EGREGORA é como se denomina a força espiritual criada a partir da soma de energias coletivas .

EE – Textos femininos:

AN – Espelho da alma

EE – Stanislavski:

AN – Mestre visionário

EE – Parceiros:

AN -Pérolas fundamentais

EE- E o futuro, a Deus pertence?

AN – O futuro, o passado e o presente a Deus pertence.

EE – Próxima temporada:

AN – Dobradinha de aniversário: Bote da Loba 20 anos (1997) e Navalha na Carne 50 anos (1967) no Teatro Garagem

EE – A Anette esposa, mãe, profissional…Mulher:

AN –Uma idealista incurável


Serviço: Teatro Garagem – Rua Silveira Rodrigues, 331 – São Paulo – Tel: (11) 3871-3584

Evelyn Elman – Jornalismo & Comunicação / Mestre de Cerimônia ( inclui narração ou gravação de qualquer tipo de texto) Contato: evelyneventos@gmail.com – Cel / Whatsapp: (11) 999 917 559

 

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