SOBRE FALAR E OUVIR – POR AKIM ROHULA NETO

303_saúde_4_1Muitas vezes, o que é mais importante são poucas palavras, colocadas no lugar certo, do jeito certo e na intensidade certa.

Olá leitor! Você já se pegou em uma situação na qual percebe que está repetindo algo que já se disse muito tempo atrás? Como se chegasse à mesma conclusão novamente, mas sem ter tomado ação? Hoje, falaremos sobre isso.

Pois o tema em questão é se realmente ouvimos aquilo que nos dizemos. Em geral, as pessoas tendem a falar muito, mas ouvir pouco. No consultório, elas expressam seu problema, mas quando pergunto sobre ele, dizem: “não sei”. Na verdade, elas sabem, porque falaram, mas não escutam.

Nossa dificuldade em escutar, também é a dificuldade em assumir. Quando falamos, jogamos para o outro a responsabilidade sobre o que pensamos. É como tentar se livrar de algo. Quando falamos e ouvimos aquilo que dizemos, existe a possibilidade do compromisso.

Ouvir e sentir aquilo que é dito. Essas são as etapas. Aceitar a percepção que vem junto com aquilo que foi expresso. Aceitar o sentimento que a percepção traz. É uma maneira mais crua e mais intensa de viver a vida. E também, mais verdadeira.

Ouvir nos faz humildes, pois aceitando o que é dito, nos vemos em problemas. Em boa parte das vezes ele é criado por nós mesmos. Então nos tornamos humildes para aceitar aquilo que fizemos conosco. Não é algo fácil de se fazer, abrir mão de nossa vaidade e hubris. Porém, isso nos faz livres.

Livres para olhar o real. Olhar as coisas tal como são e não como gostaríamos que elas fossem. Este é um dos maiores problemas. Ao ouvir de verdade nos abrimos à realidade que criamos em nossas mentes. Um bom ouvido percebe quando estamos olhando o real e quando tentamos nos esquivar dele.

Sabemos. No fundo, sabemos. Mas evitamos. Tentamos deixar de lado por opções mais fáceis ou seguras. É o medo. O medo de ouvir aquilo que falamos, pois, ao ouvir, criamos, também, a imagem da ação a seguir. Se a imagem existe, o que falta é apenas a ação. E é nesse sentido que as pessoas se freiam. Elas não querem avançar. Então, param de ouvir.

Aprenda a falar mais devagar e ouvir aquilo que falou. Nem sempre muitas palavras são sinônimo de boa produção. Muitas vezes o que é mais importante são poucas palavras, colocadas no lugar certo, do jeito certo e na intensidade certa. Se formos corajosos para sermos quem somos, honestos com nós mesmos, conseguiremos fazer isso. E ouvir.


AKIM ROHULA NETO – Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Psicologia Corporal pelo Instituto Reichiano Psicologia Clínica e Centro de Estudos e em Programação Neurolingüística. Saiba mais.

akimrohula@gmail.com

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