A FORÇA DO VOLUNTARIADO NA COMUNIDADE JUDAICA DE SÃO PAULO

As organizações da comunidade judaica de São Paulo, bem como as entidades da sociedade civil brasileira, se encontram em um momento bastante complexo e desafiador do ponto de vista da sustentabilidade financeira e da busca por maior eficácia em sua atuação.

Um estudo exploratório realizado no primeiro semestre de 2019 junto a um grupo de entidades judaicas de São Paulo apontou o enorme contingente de pessoas que dedica seu tempo, trabalho e talento para amplificar o impacto e as ações das instituições judaicas, atuando nas áreas de saúde, assistência social, educação, cultura, juventude ou no setor de sinagogas. Segundo esse mapeamento, em torno de 3.000 pessoas de faixa etária, nível educacional e socioeconômico diverso realizam expressivamente atividades de atendimento direto, mobilizam recursos, organizam bazares, eventos, lidam com processos administrativos ou participam das estruturas de governança, sejam conselhos ou diretorias.

Importante lembrar que, no Brasil, a partir dos anos 90, vimos tendo avanços relevantes incentivando a prática do voluntariado. A criação da lei do voluntariado, a implantação de Centros de Voluntariado, o estímulo ao voluntariado feito pelas empresas, as campanhas de incentivo e cultura de doação, a proliferação das organizações e movimentos da sociedade civil, entre outros marcos, são exemplos do que vem ocorrendo nas últimas duas ou três décadas.

Aproximadamente 50% das instituições judaicas consultadas fornece treinamentos para os voluntários e apenas 30% realiza processo de avaliação do trabalho voluntário. Há diversas formas de reconhecimento dos voluntários, mas não há prática de pesquisa de satisfação junto aos mesmos. Um número mais significativo de entidades (65%) possui coordenador de voluntários, porém apenas 20% são remunerados na função.

Com exceção das escolas e do hospital, o número de voluntários supera enormemente a quantidade de profissionais contratados. Portanto, é inegável a contribuição que os voluntários oferecem para as instituições.

Essa constatação nos leva a pensar na possibilidade de potencialização do trabalho voluntário, quando nos questionamos se as entidades têm atuado da melhor forma para atrair, reter, reconhecer e gerenciar o resultado dessas contribuições. Será que estamos sabendo tirar o melhor deste recurso que está sendo ofertado?

Levantamento informal feito no exterior para saber como estão sendo disseminadas as boas práticas de gestão de voluntariado em outros países (Israel, Portugal e EUA) mostra que temos muito ainda a aprender. E é o que queremos!

Ficou evidente pela investigação realizada o interesse e a disposição das entidades da comunidade judaica no sentido de conhecer e implementar melhorias em se tratando de seleção, recrutamento, planejamento, comunicação, monitoramento, avaliação e gestão.

Um bom começo pode ser reconhecer a relevância, concentrar a atenção no tema e participar de redes nacionais e internacionais de práticas de gestão de voluntários.


Nota – Matéria de autoria de Adriana Abuhab Bialski, Elizabeth Gaj Romano, Ruth Goldberg e Tamara Czeresnia

20
20