MICHEL CYMES, MÉDICO E ANIMADOR NA TELEVISÃO FRANCESA – POR JAYME VITA ROSO
Traçar o perfil desse personagem de origem judaica é tarefa bastante agradável, sobretudo em função tanto de sua carreira midiática, de grande relevo para seu país, quanto de seu espírito de engajamento, além das atividades que desenvolve como animador de televisão.
“Há no fundo das almas um princípio inato de justiça e de virtude, com o qual nós julgávamos as nossas ações e as dos outros como boas ou más; e é a este princípio que dou o nome de consciência.” – (Jean-Jacques Rousseau)[1]
Traçar o perfil desse personagem de origem judaica é tarefa bastante agradável, sobretudo em função tanto de sua carreira midiática, de grande relevo para seu país, quanto de seu espírito de engajamento, além das atividades que desenvolve como animador de televisão.
Os avós de Michel eram judeus poloneses que migraram para a França em 1900. Foram mortos em Auschwitz, após deportação, durante a Segunda Guerra Mundial. Seus pais, Nathan e Anna, foram costureiros, trabalhando em sua residência e depois tornaram-se, o pai, soldado e a mãe consultora imobiliária. Tem apenas um único irmão, Frank, que é nove anos mais jovem.
Como médico voluntário, fez serviço militar na África. Como interno de medicina, trabalhou no Paris-Descartes, depois no Hôtel-Dieu de Paris e, por fim, no hospital Neckr, especializando-se otorrinolaringologia.
Em seus tempos de reclusão médica, tornou-se humorista, do tipo conhecido na França como “carabina”. Ou seja, uma espécie de econômo (“aquele que cuida das finanças”) e passou a ser o encarregado das festas e dos bailes onde atuava.
Em virtude de seu engajamento em atividades audiovisuais, deixou de ser cirurgião, mas não abandonou a carreira de medicina, dedicando-se a consultas periódicas a pacientes no conhecido hospital europeu Georges Pompidou, em Paris. Sua carreira midiática foi fulgurante desde quando a principiou, em 1991. Tendo como enfoque, em suas transmissões, o aconselhamento, promoção e indicação, de emissões públicas voltadas à saúde do corpo e da população.
No momento, Michel está tendo baixa audiência, pois seu talk-show médico Ça ne sortira pas d’ici ! (“isso não sairá daqui!”) não foi bem acolhido.
É um personagem engajado em inúmeras atividades sociais, desde quando iniciou sua carreira. Neste ano, ele é padrinho da Liga contra o câncer de Vendeé[2]. Incrivelmente, não se priva de tomar posições políticas, notadamente contra Marine Le Pen, Jean-Luc Melenchon e Donald Trump. Mais ainda, em janeiro de 2018, participou de um documentário Hippocrate aux enfers, les médecins des camps de la mort (“Hipócrates nos infernos, os médicos nos campos de morte”).
Exibido no canal de televisão público France 2, este documentário, que teve como coautores Jean Pierre Devillers e Claire Feinstein, teve a coragem de afirmar (e logicamente criticado) que: existia campo de concentração na Polônia e também na França, algo que, sem dúvida, é a realidade crível.
Em sua vida privada é pai de três meninos que nasceram em 1997, 1999 e 2011, este último, oriundo de seu segundo casamento.
É um personagem controvertido, participando em diversas polêmicas, dentre as quais a utilização da pílula contraceptiva, o câncer de próstata e sobre os médicos que tratam com jornalistas para obterem ganhos suspeitos (na verdade, clientes “de laboratório”).
Escreveu inúmeros livros, em geral, muito criticados por cronistas e jornalistas por não conterem requisitos característicos de pesquisa, como bibliografia.
Como homem de negócios, sócio de seu irmão, participou de uma SAS chamada Pulsations, que foi vendida a um grupo importante em 2016. Entretanto, há de se salientar que essa empresa da qual faz parte, sempre distribuiu altos dividendos a seus acionistas. Também é muito criticado pela mídia, pois, como empresário de sucesso, sabe criar mecanismos para pagar poucos impostos. Por isso, já foi qualificado como “equilibrista que vacila sobre o frio deontológico”.
Este é Michel Cymes, que intento fazer apresentar aos leitores do site da Glorinha Cohen, para mostrar que os bem-sucedidos também, mesmo quando têm forte participação humanitária e conscientização política, pagam o preço comum diante desse mundo que vivemos, sempre tão cheio de invejas e outros vícios profundos.
[1]No original: “Il est donc au fond des âmes un principe inné de justice et de vertu, sur lequel, malgré nos propres maximes, nous jugeons nos actions et celles d’autrui comme bonnes ou mauvaises, et c’est à ce principe que je donne le nom de conscience”. (Émile: ou de l’education – Volume 2, p. 350. Bélin, 1792).
[1]Mais informações em: https://fr.wikipedia.org/wiki/Michel_Cymes
JAYME VITA ROSO – Graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, é especialista em leis antitruste e consultor jurídico de fama internacional, ecologista reconhecido e premiado, “Professor Honorário” da Universidade Inca Garcilaso de La Vega de Lima, Peru e autor de vários livros jurídicos. Saiba mais.
[1]No original: “Il est donc au fond des âmes un principe inné de justice et de vertu, sur lequel, malgré nos propres maximes, nous jugeons nos actions et celles d’autrui comme bonnes ou mauvaises, et c’est à ce principe que je donne le nom de conscience”. (Émile: ou de l’education – Volume 2, p. 350. Bélin, 1792).
[2]Mais informações em: https://fr.wikipedia.org/wiki/Michel_Cymes