CLAUDIO LOTTENBERG É O NOVO PRESIDENTE DA CONIB – POR GLORINHA COHEN

“Sabemos que hoje o mundo se comunica muito com a questão do mundo digital, que as mídias sociais têm um papel muito importante. Então, eu quero ter uma base mais presente nas mídias sociais, sabendo que isto realmente é uma dificuldade no mundo atual, mas que pode se transformar numa grande oportunidade em termos de comunicação”.


Detentor de vários prêmios e conhecido nacional e internacionalmente pelos seus projetos arrojados, como, por exemplo, as grandes mudanças e o consequente crescimento do Hospital Israelita Albert Einstein que a ele são atribuídos, Claudio Luiz Lottenberg foi eleito no último dia 20 de novembro, por unanimidade e para um mandato de três anos, para a presidência da Conib – Confederação Israelita do Brasil, durante a sua 51ª Convenção Nacional.

Claudio disse que a responsabilidade é uma das mais desafiantes missões que um judeu brasileiro pode receber: “Representar a sua comunidade e coordenar os movimentos políticos dentro de um equilíbrio que fortaleça nosso bem-estar e as relações de nosso país com o Estado de Israel”.

O novo presidente disse ainda que sua gestão será “hoje e sempre contra a marcha do ódio, que se espalha pelas redes sociais e que, por vezes, gera episódios de violência. Repudiaremos o antissemitismo, o antissionismo e toda e qualquer manifestação de brutalidade – não só contra judeus, mas contra todas as minorias”.

Confira o vídeo: https://youtu.be/kZDU3mYr2To

Gestor de grande capacidade e visão de futuro, ele já comandou a Conib entre 2009 a 2014 e especialmente para este site, afirmou:

“Voltar à presidência da Conib é um privilégio, porque a Conib tem o papel de representar a comunidade judaica nos movimentos políticos de grande importância. E se me foi conferida uma outra oportunidade após eu ter sido presidente, em reconhecimento ao passado, o compromisso é ainda maior em relação ao futuro. Muito provavelmente vou ter que me superar em relação às coisas que fiz. Mas o que não me falta é disposição, não me falta ânimo, não me falta vontade. Recebo isto com alto espírito comunitário”, disse Claudio e acrescentou:

“Em relação aos planos, primeiro eu pretendo dar sequência ao bom trabalho que foi executado pelas gestões anteriores e reconheço o papel de todos os ex-presidentes como sendo o papel que tem um significado enorme; os presidentes mais recentes como quem eu evidentemente trabalhei, um pouco mais de perto: com o Jacks Terpins, eu fiz parte da diretoria dele, com o Berel Aizenstein, que nós apoiamos quando eu ainda era presidente do Einstein, e mais recentemente com o Fernando Lottenberg, que inclusive foi o meu Secretário Geral. E foi um bom Secretário Geral, inclusive, e posteriormente, como presidente da Conib, eu o apoiei integralmente nesse período.

Além disto, eu acho que ampliar a parte de relacionamento. É preciso aprofundar a relação com os mais diferentes poderes como o Judiciário no âmbito Federal e com os poderes Executivo e Legislativo Municipais. E aí, evidentemente com o apoio de todas as federadas, a gente tem a ambição de um projeto na área de comunicação digital, que é bastante robusto. Sabemos que hoje o mundo se comunica muito com a questão do mundo digital, que as mídias sociais têm um papel muito importante. Então, eu quero ter uma base mais presente nas mídias sociais, sabendo que isto realmente é uma dificuldade no mundo atual, mas que pode se transformar numa grande oportunidade em termos de comunicação. Também quero fazer algumas missões a Israel, levando personalidades do mundo empresarial, político, da ciência e da saúde. Isto eu pretendo fazer em conjunto com a própria Câmara de Comércio Brasil-Israel e com o Hospital Israelita Albert Einstein. Tenho certeza que vai ser muito bom em termos de relacionamento para Israel e para a comunidade. Estes são os planos gerais que a gente tem”.

Se levarmos em consideração o grande número de projetos vitoriosos que o atual presidente tem conseguido colocar em prática ao longo de sua vida, certamente tudo será possivel sob sua gestão.

Sobre Claudio Lottenberg

Presidente do Conselho Deliberativo do Hospital Israelita Albert Einstein, Claudio Lottenberg é membro titular da Sociedade Brasileira de Administração em Oftalmologia; conselheiro da Fundação Nacional da Qualidade; assessor da diretoria do Conselho Brasileiro de Oftalmologia; membro da Sociedade Brasileira de Laser e Cirurgia em Oftalmologia; membro de comitê da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp); membro da University of Pittsburgh; e vice-presidente do conselho deliberativo da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria. É professor titular em Políticas Públicas de Saúde do curso de MBA em Saúde do Insper; membro da Academia de Medicina de São Paulo e do conselho consultivo da Fundação Faculdade de Medicina de São Paulo. Em 2016, foi eleito, pelo quarto ano consecutivo, Executivo de Valor no segmento de Saúde, pelo jornal Valor Econômico. Em 2015, foi eleito Brasileiro do Ano pela revista Istoé, na área da Saúde.

É autor dos livros A Saúde Pode Dar Certo e Saúde e Cidadania – A Tecnologia a Serviço do Paciente e Não ao Contrário, ambos lançados pela editora Atheneu. Foi secretário de Saúde do município de São Paulo (durante a gestão do prefeito José Serra). Graduado em Medicina pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mestre em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp, doutor em Medicina (Oftalmologia) pela Unifesp. Possui residência médica pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia e aperfeiçoamento em Urgências Oftalmológicas pela Manhathan Eye Ear and Throat.

A nova diretoria

A nova diretoria da Conib é composta por:

Daniel Leon Bialski, primeiro vice-presidente.

Ary Bergher, segundo vice-presidente.

Julio Kahan Mandel, secretário geral.

Rony Vainzof, secretário.

Paulo Gartner, tesoureiro geral.

Marcio Luftglas, tesoureiro.

Octávio Aronis, diretor de segurança.

Sergio Malbergier, diretor de Comunicação.

Andrea Vainer, Bernardo Parnes, Boris Ber, Eduardo Kuperman,Henry Chmelnitzky, Luiz Kignel, Marcia Borger, Mirella Radomysler, Oscar Jarolavsky, Roberto Stryjer, Ruth Goldberg, Sebastian Watenberg e Victor Elias Nigri, diretores.

Conselho Fiscal: Abramo Douek; Bruno Laskowsky, Flavio Stanger, Gilberto Meiches, Marcelo Blay.

Conselho Consultivo: Abrão Lowenthal, Celia Parnes, Fernando Lottenberg, Jack Terpins, Jayme Garfinkel, Marcos Lederman, Mario Fleck, Meyer Nigri, Miguel Krigsner, Nelson Sirotsky, Sidney Klajner.


51ª CONVENÇÃO DA CONIB

Programação incluiu conversas com Bari Weiss e Yossi Klein Halevi e debate sobre fake news e discurso de ódio

A programação da 51ª Convenção da Conib aberta ao público contou, na noite de sábado (21), com um talk show com a jornalista norte-americana Bari Weiss e o ex-presidente da Conib, Fernando Lottenberg. Com seu estilo franco e aberto, Bari conquistou a audiência ao tratar de assuntos como a recente eleição americana, a ala à esquerda do Partido Democrata, a vitória de Biden, a questão do antissemitismo nos EUA e de como se sentiu com o ataque, há dois anos, à sinagoga Árvore da Vida, em Pittsburgh, que frequentava e tema tratado em seu livro “Como combater o Antissemitismo”. “Se você me pergunta o que aconteceu durante os últimos dois anos, direi que eu fui acordando cada vez mais e percebendo que não há nenhuma lei de ferro que diga que os Estados Unidos devem continuar sendo a melhor diáspora judaica nem a democracia liberal,que nós sempre assumimos que seria”, disse Weiss.

Ela também falou sobre a sua saída do jornal New York Times, este ano, onde era editora de Opinião. Saída esta motivada, diz ela, pelo jornal não protegê-la do “bullying” constante dos colegas, por ela dar voz a opiniões divergentes da maioria de seus pares no jornal. “Nossa! Eu sai porque já não conseguia fazer o meu trabalho ali, e porque talvez eu tenha um parafuso solto,mas eu fui criada para me manter firme por determinados valores, e trabalhar ali estava se tornando mais do que um compromisso normal. Estava começando a trair os meus valores”, explicou ela.

Weiss deixou ainda uma mensagem para a comunidade judaica brasileira: Acho que o que mais podemos reivindicar neste momento, em que parece que você deve escolher, preto ou branco, é que se podemos preservar a nossa espécie de DNA histórico contra cultural, seremos ainda melhores. Para mim, sentir que sou uma pequena partezinha da história judaica, me deu muita força e muita clareza, sobre o que está bem em tempos de incerteza, que eu simplesmente desejo esse sentimento para todos.

Yossi Klein Halevi, em seu primeiro encontro com a comunidade judaica, também falou, na conversa com Eduardo Wurzmann, intitulada “Novos Cenários no Oriente Médio” sobre as eleições americanas, desta vez do ponto de vista de quem está em Israel, sua preocupação com o Irã, seu livro mais recente “Cartas Para meu Vizinho Palestino” e a possibilidade de paz entre Israel e seus vizinhos. “Não estou otimista quanto às chances de uma solução para o conflito, mas tenho esperança. Tenho uma visão de esperança de longo prazo. E a razão pela qual digo ter hoje mais esperança do que dois anos atrás é em função das mudanças que estamos vendo na região”, disse Halevi. Falou também sobre complexidades internas de Israel, como a relação com a população árabe-israelense e com os ultraortodoxos. “Israel é um Estado judaico e é um Estado democrático. Os israelenses árabes têm problemas com Israel ser um Estado judaico.E os ultraortodoxos têm problemas com Israel ser um Estado democrático.Como absorver essas duas comunidades dentro do caráter israelense, se parte essencial desse caráter é estranho a cada uma delas”, disse Halevi, ressaltando que acredita que o maior desafio de Israel hoje é de caráter doméstico. A questão dos judeus da diáspora e a relação com Israel também foi analisada. Ao final, Halevi agradeceu a oportunidade de conversar com a comunidade judaica brasileira. “Eduardo, estou encantado por conhecê-lo e ansioso por estabelecer um relacionamento com meus irmãos e irmãs do Brasil. Muito obrigado pela atenção”.

O professor Celso Lafer abriu o debate deste domingo sobre Fake News e Discurso de Ódio na 51ª Convenção da Conib, dizendo que a questão não é nova e citando o Talmud quando se refere a ‘ladrões que roubam a mente de seus semelhantes através de palavras mentirosas”.

O secretário da Conib, Rony Vainzof, fez uma apresentação sobre as diferentes formas de discurso de ódio e de fake news nas mídias sociais. Citou a “robusta pesquisa” que a Conib fez junto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) criando o Guia de Análise de Discurso de Ódio. Rony também citou o Marco Civil da Internet (2014) que prevê que as plataformas de mídia social só podem ser responsabilizadas se houver manifestação judicial. De lá para cá, as discussões nesse sentido vêm avançando, em busca de mais transparência e ações das plataformas de mídia social para coibir as fake news e a divulgação de discursos de ódio.

O professor Ricardo Campos, da Universidade Goethe de Frankfurt, falou sobre a legislação alemã criada em 2017 para regulamentar a ação das plataformas de mídias digitais no sentido de coibir o discurso de ódio. “A questão passou a ser prioridade na Alemanha por causa do trauma da Segunda Guerra. O país criou legislação específica para definir a atuação das redes sociais. O Código Penal do país considera crime a negação do Holocausto e a lei busca estabilizar o conteúdo das plataformas, enquanto o Judiciário acompanha e observa”, disse ele.

O deputado Federal Felipe Rigoni citou o Projeto de Lei, apresentado no início de abril, que busca trazer transparência para a moderação do conteúdo divulgado na internet. Para ele, as plataformas devem explicar como é feita a moderação de conteúdo; se determinado conteúdo tem patrocínio (se é pago ou não) e se usa robôs. Para ele o uso de robôs na divulgação de conteúdos não é problema. Isso tona-se um problema quando os robôs usam imagens de pessoas para divulgar conteúdos falsos. “Essas transmissões precisam ser identificadas e retiradas”.

A deputada federal Tabata Amaral defendeu a necessidade de uma “educação midiática”. “É importante que as pessoas saibam como identificar uma informação falsa antes de repicá-la. Ela afirmou que os brasileiros têm uma tendência maior a não reconhecer essas informações e repassá-las. Ela afirma que 62% dos brasileiros não sabem reconhecer uma informação falsa. Para ela é preciso empoderar as pessoas para que não se tornem vítimas dessas armadilhas. “As plataformas mostram pouco o que fazem e me preocupa a forma arbitrária como é feita a moderação”.

Ela elogiou o importante trabalho da Conib para identificar como começa um discurso de ódio. “É importante desarticular um discurso de ódio, mas a participação da sociedade nesse processo é fundamental”, advertiu. Por último, ela defendeu a necessidade de as plataformas exporem os critérios que estão utilizando para detectar as fake News. Para ela a transparência é fundamental para proteger tanto a vítima (quem recebe a informação) como quem repassa inadvertidamente. “Quando se rotula um conteúdo é necessário explicar ao usuário o porquê para que ele tenha condições de reagir”, diz ela.

Rony Vainzof encerrou o debate destacando a importância de as pessoas se colocarem no lugar do outro, de quem sofre o discurso de ódio. “Isso ajudaria e mitigar o problema”.

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