ENTRE A ALEGRIA E A TRISTEZA – CLARA NIGRI

Que cada um de nós faça a própria Gestão da Vida com Qualidade, validando os sentimentos e emoções nos quais nos assola e nos assombra tão intensamente.

Vivemos entre a alegria e a tristeza. Definir o que são as emoções, e de que forma nos impactam, é algo difícil, considerando sua dimensão complexa e multifacetada, de acordo com vários teóricos da área. A justificativa da dificuldade conceitual se dá por vários aspectos como as formas de expressão que se modificam no decorrer da vida, contexto sociocultural e do momento histórico em que se está inserido. A significação que cada sujeito atribui às emoções e o modo como elas são vivenciadas também é um aspecto a ser considerado.

Em tempos de isolamento social, instabilidade, desarranjo da vida e incertezas não há como as emoções e sentimentos não se expressarem de forma mais intensa e impactar nossas atividades da vida diária.

Classificamos a tristeza como uma emoção que não tem o mesmo lugar de destaque da alegria. A tristeza é amplamente rechaçada e demoniada. Devemos nos manter longe dela, de pessoas, situações e momentos tristes, pois há algo de ruim nessa emoção. Ouvimos comumente para crianças e adultos que não devem ficar tristes, não há motivo para isso, não é bom ficar triste. A vivência das emoções é o que nos torna Humanos e é peculiar de cada indivíduo a forma de sua expressão. Contudo, assim como a alegria, a raiva, o nojo, a tristeza participa ativamente de nossas emoções mais primitivas e tem a sua função em nosso psiquismo. Estar triste e ou alegre são momentos pertencentes ao viver, e se alternam também, por uma condição da fisiologia neurológica, por proximidade.

Estudos na Neurociência identificam que a região cerebral para onde confluem os segmentos neurais do sentimento de dor emocional e tristeza está localizada vizinha à área onde se encontra o núcleo do prazer e da alegria. Elas estão muito próximas e em situação de angústia profunda ocorre uma queda de endorfinas, hormônio responsável pelo bem-estar, na região do sofrimento e o indivíduo começa a responder com a outra, ou seja, a região do prazer. Desta forma, sentimentos de felicidade e infelicidade se alternam, sem que percebemos.

Temos vivenciado momentos de tristeza diante da dor, do sofrimento, do luto e da impossibilidade do contato com aqueles que amamos, que deve ser acolhida e validada. Por outro lado, a manifestação de alívio diante da chegada da vacina traz uma certa alegria que nos mobiliza. Gestão da Qualidade de Vida sob a perspectiva da Alegria e Tristeza neste momento da vivência da Pandemia, “é a percepção e a capacidade de vivenciar, elaborar e integrar sentimentos, fatos, fragmentos, incompletudes, esvaziamento do sentido na melhoria do bem-estar e redução do mal-estar” (Profa. Dra. Ana Cristina Limongi-França).

Que cada um de nós faça a própria Gestão da Vida com Qualidade, validando os sentimentos e emoções nos quais nos assola e nos assombra tão intensamente.


Clara Nigri
Psicóloga e Psicoterapeuta em consultório particular
Psicóloga na CM.2 Clínica Multidisciplinar
Voluntária no Hospital Israelita Albert Einstein
Psicóloga no Programa Einstein na Paraisópolis
Diretora da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática Nacional
Cel.: 11 – 991127418 – WhatsApp

claranigri05@gmail.com


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