NOVEMBRO AZUL E O CÂNCER DE PRÓSTATA – POR DR. DAVID J. COHEN

Como inicialmente não há sintomas, é sugerido que todos os homens a partir dos 50 anos sejam avaliados anualmente através do toque retal e de dosagens sanguíneas de PSA, para o diagnóstico da doença. Aqueles com história de câncer de próstata na família (pai, irmãos, tios) e da raça negra devem iniciar essa avaliação aos 40 anos, devido ao maior risco associado.

As estatísticas são alarmantes. Segundo o INCA – Instituto Nacional do Câncer, em 2020 foram estimados 65.840 novos casos de câncer de próstata, correspondendo a 29,2% dos tumores incidentes no sexo masculino. Em 2019 ocorreram 15.983 mortes causadas pela doença.

No Brasil é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma.

Geralmente, o câncer de próstata é uma doença silenciosa, por isto a importância de se realizar a prevenção de forma periódica. Para tanto, pretendendo alertar a população sobre essa terrível doença, durante este mês acontece a campanha Novembro Azul, promovida pelo Instituto Lado a Lado Pela Vida em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia.

O que é o câncer de próstata?

É uma doença, na qual as células prostáticas podem sofrer modificações moleculares e se multiplicarem de forma descontrolada, podendo avançar e atingir outros órgãos, localmente ou à distância.

Sintomas

Em geral, apresenta crescimento muito lento, podendo levar anos para causar algum problema mais sério. Nas fases iniciais, se apresenta silencioso, não causando nenhum sintoma específico. Com seu crescimento, pode causar sintomas urinários obstrutivos (diminuição do jato urinário, gotejamento após a micção, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, micção em dois tempos, retenção urinária) e/ou irritativos (aumento da frequência urinária, urgência, incontinência, aumento da frequência urinária noturna).

Ao crescer, o câncer de próstata pode acometer órgãos vizinhos, como a bexiga, ureteres ou reto, o que pode causar sintomas inespecíficos como dor pélvica, sangue na urina, inchaço escrotal, dor lombar e inchaço das pernas, quando os linfonodos da pelve e abdômen estão bastante comprometidos.

A maioria das metástases ocorre nos ossos, principalmente na coluna, quadril e costelas, o que pode ocasionar dor localizada nestas áreas. Nos casos mais avançados, pode haver presença de fraqueza, falta de energia e de apetite, e mesmo anemia. Entretanto, esses sintomas são inespecíficos, podendo em muitas vezes estar relacionados a outras causas.

Causas

As reais causas do câncer de próstata ainda são desconhecidas. Entretanto, já se sabe que ele é originado de desequilíbrios genéticos que causam alterações moleculares responsáveis pelo seu desenvolvimento. Fatores ambientais podem estar também envolvidos, desencadeando ou acelerando esse processo.

Fatores de risco

Todos os homens apresentam risco potencial de desenvolver câncer de próstata quanto mais se vive, ou seja, quanto mais idoso, maior o risco. Muitas vezes, entretanto, a doença segue um curso indolente, não sendo diagnosticada. Alguns grupos apresentam maior risco para desenvolvimento da doença: aqueles com parentes de primeiro grau que tiveram a doença e os indivíduos da raça negra.

Apesar de muitos fatores, como comportamento sexual, infecções por vírus ou bactérias e situação socioeconômica desfavorável, terem sido associados com o desenvolvimento da doença, não existem evidências sólidas que confirmem esta relação. Existe uma suspeita, ainda não confirmada, da associação de dietas ricas em gordura animal e obesidade com câncer de próstata mais agressivos.

Diagnóstico

Como inicialmente não há sintomas, é sugerido que todos os homens a partir dos 50 anos sejam avaliados anualmente através do toque retal e de dosagens sanguíneas de PSA, para o diagnóstico da doença. Aqueles com história de câncer de próstata na família (pai, irmãos, tios) e da raça negra devem iniciar essa avaliação aos 40 anos, devido ao maior risco associado.

Nas fases mais avançadas da doença, o diagnóstico pode ser suspeitado pela presença dos sintomas já descritos.

Prevenção

O termo “prevenir a doença”, quando utilizado, refere-se a uma série de medidas que visam na verdade a fazer um diagnóstico precoce da doença, detectá-la em estágios iniciais, o que aumenta muito as chances de cura – já que não há prevenção propriamente dita.


Dr. David Jacques Cohen – Formado em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, fez residência médica em cirurgia geral no Hospital e Maternidade Santa Marcelina, em São Paulo, e, em seguida, residência médica em Urologia no hospital Centro médico de Campinas por três anos. Em   2013 realizou  fellowship na Cornell University, no Presbiterian Hospital de Nova Iorque, sob supervisão do Prof. Ash Tewari, referência em cirurgia robótica. É Mestre em Urologia pela Faculdade de Medicina do ABC e recebeu da ANM – Academia Nacional de Medicina o Prêmio Miguel Couto pelo Melhor Trabalho Experimental de 2020.

Atualmente, é médico urologista do Hospital Israelita Albert Einstein. Membro da equipe do check-up do homem do grupo Fleury de São Paulo e assistente da disciplina de urologia do Instituto do Homem.

Saiba mais em: http://drdavidcohen.com.br/especialidades/cancer-de-prostata/

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