ANSIEDADE E EXERCÍCIOS: ATIVIDADES PRAZEROSAS PODEM SER MELHORES PARA A SAÚDE MENTAL
Segundo o psiquiatra Alfredo Maluf, coordenador da Psiquiatria do Hospital Israelita Albert Einstein, embora todas as comorbidades mentais possam se beneficiar dos exercícios, algumas ganham destaque na literatura médica, como os transtornos de ansiedade, depressão e os transtornos alimentares.
Correr na esteira pode até aumentar a produção das substâncias que regulam o humor e o bem-estar, como a serotonina e a endorfina, e ajudar nos cuidados da saúde mental. Mas se outras atividades gerarem mais prazer, seja caminhar pelo parque ou dançar em casa, é possível que os benefícios sejam maiores.
Isso se explica porque, ao fazermos algo que dê prazer, reduzimos o impacto do estresse no organismo, que é outro gatilho para as doenças mentais, como ansiedade e depressão, de acordo com o médico psiquiatra Alfredo Maluf, coordenador da Psiquiatria do Hospital Israelita Albert Einstein.
“A pessoa perde aquela sensação de ‘preciso fazer [o exercício]‘, que é um desprazer. Uma coisa leva à outra. O benefício físico do exercício impacta na saúde mental, que melhora a disposição e, principalmente, os fatores de estresse”, detalha o especialista.
Mesmo atividades menos rigorosas podem ser benéficas nesse sentido, segundo Maluf, desde que haja uma regularidade. “A caminhada no fim de semana tem benefícios de prazer e relaxamento, mas precisamos de uma atividade mais contínua”, explica o especialista, que calcula pelo menos 30 minutos de exercícios, cinco vezes na semana.
É possível tornar a corrida mais prazerosa, segundo estudo (Crédito: Pixabay)
Torne a prática mais prazerosa
Ainda que não seja fã da corrida, há como torná-la mais agradável e até melhorar o desempenho, segundo estudo publicado no início de outubro na revista científica Journal of Motor Learning and Development. O segredo, segundo os pesquisadores dos Estados Unidos e do Irã, é não focar nos movimentos, mas se distrair durante a prática.
A pesquisa avaliou a corrida de 12 mulheres, entre 18 e 30 anos, em esteiras ergométricas, durante diferentes momentos: ou elas eram orientadas a observar os movimentos ou eram distraídas durante o exercício.
Os resultados mostraram que, quanto mais as participantes prestavam atenção ao próprio corpo, elas se sentiam mais exauridas pelo exercício, física e psicologicamente. Por outro lado, quanto mais distraídas, a corrida se tornava mais fácil de ser praticada, sem demandar muito esforço.
Exercícios preventivos
Se os exercícios têm impacto na saúde do presente, eles também poderiam prevenir o surgimento dos transtornos mentais no futuro. Dados de uma pesquisa publicada em setembro no periódico Frontiers in Psychiatry confirmam essa ligação.
Ao analisar as informações de quase 400 mil pessoas — todos participantes da maior corrida de esqui cross-country entre os anos de 1989 e 2010 — os pesquisadores verificaram que, aqueles que eram fisicamente mais ativos, tinham um risco 60% menor de desenvolver ansiedade.
Segundo Maluf, embora todas as comorbidades mentais possam se beneficiar dos exercícios, algumas ganham destaque na literatura médica, como os transtornos de ansiedade, depressão e os transtornos alimentares. “Não é porque [essas condições] são mais estudadas, mas realmente há estudos que mostram essa correlação. E não que as outras doenças não tenham, mas o impacto nessas é grande”, destaca o psiquiatra.
Publicado por Amanda Milléo em 22/10/2021