Rabino Henry Sobel ganha logradouro em sua homenagem

Foi inaugurada em Higienópolis, São Paulo, a Escadaria Rabino Henry I. Sobel, fruto da Lei 178181/2022, de autoria do vereador Daniel Annenberg (PSB), que homenageia o saudoso líder da comunidade judaica e grande defensor dos direitos humanos. A Escadaria Henry I. Sobel termina na Rua Engenheiro Edgar Egídio de Sousa, no Distrito da Consolação, bairro de Higienópolis.

Prestigiaram a cerimônia de inauguração, além de familiares e amigos, o vereador Daniel Annenberg, o ex-vereador Gilberto Natalini, co-autor da Lei, rabino Michel Schlesinger, Daniel Zonshine, Embaixador de Israel, Rafael Erdreich, Cônsul Geral, rabino Ruben Sternschein da Congregação Israelita Paulista, Daniel Bialski e Fernando Lottenberg, respectivamente vice-presidente da CONIB e presidente do Conselho Consultivo da instituição, Marcos Knobel e Ricardo Berkiensztat, respectivamente presidente e presidente executivo da Fisesp, Fernando Rosenthal, presidente do clube A Hebraica de São Paulo, rabino Uri Lam, Abraham Goldstein, da Bnai Brith Brasil, Claudia Costin, Floriano Pesaro, Flavio Mendes Bitelman, Miriam Vasserman, vice-presidente da FISESP, Luciana Feldman, Yael Steiner e jornalista Mona Dorf.

Henry Isaac Sobel nasceu em Lisboa em 1944. Seus pais deixaram a Europa em razão da perseguição nazista durante a Segunda Guerra Mundial e imigraram para Nova Iorque, onde Sobel viveu a infância e a juventude e se formou rabino em 1970. No mesmo ano, aceitou o convite para ser rabino na Congregação Israelita Paulista (CIP), entidade da qual foi presidente do Rabinato até outubro de 2007.

Sobel residiu por mais de 40 anos no Brasil e, por meio da sua atuação na Congregação Israelita Paulista (CIP), se destacou como líder comunitário da comunidade judaica no país. Além de outras ações relevantes, criou importantes laços com a juventude judaica. Foi também um contundente defensor dos direitos humanos.

Durante a ditadura militar brasileira, em 1975, recusou-se a enterrar o jornalista Vladimir Herzog na ala dos suicidas do cemitério israelita por rejeitar a versão oficial do regime acerca das circunstâncias da morte do jornalista. Também participou do culto ecumênico em memória de Herzog realizado na Praça da Sé, que reuniu lideranças de diversas comunidades religiosas e é considerado a maior manifestação pública de repúdio à ditadura militar.

Henry Sobel faleceu aos 75 anos de idade, em 22 de novembro de 2019, em Miami.

Nas palavras do vereador Daniel Annenberg: “Henry Sobel mostrou para a sociedade o melhor do judaísmo, seu aspecto humanista, da defesa do estado democrático de Direito. Sobel teve um papel fundamental no período de redemocratização do Brasil, e assim será lembrado”.

Eis na íntegra o discurso de Daniel Annenberg:

“É uma honra e uma alegria homenagear o saudoso rabino Henry Sobel, reconhecido não só por sua capacidade de liderança e agregação na comunidade judaica, mas também por sua atuação histórica em defesa dos direitos humanos e seu papel essencial na redemocratização do Brasil.

Impossível não se lembrar de seu enfrentamento à ditadura na missa ecumênica em homenagem ao jornalista morto Vladimir Herzog, que serviu como protesto contra o regime militar, na catedral da Sé, no centro de São Paulo, em outubro de 1975, ao lado do cardeal dom Paulo Evaristo Arns e do reverendo James Wrigh.

Henry Sobel mostrou para a sociedade o melhor do judaísmo, seu aspecto humanista, no sentido de coletivo, da defesa do estado democrático de Direito. Sempre me lembro dele pregando a paz e a tolerância, algo tão em falta, mas tão necessário nos dias atuais…

Digo e repito que Sobel teve um papel fundamental no período de redemocratização do Brasil e precisa ser lembrado e homenageado sempre por isso, especialmente diante da atual conjuntura política brasileira”.