A eternidade de um povo – Rav Efraim Birbojm
Queremos voar mais alto, passar por novas experiências. Porém, não percebemos que é nossa identidade que nos mantém vivos. É o que nos apoia e nos incentiva a alcançarmos alturas cada vez maiores na vida.
Certa vez, pai e filho foram a um parque, participar de um “Festival de pipas”. O filho ficou eufórico ao ver o céu cheio de pipas coloridas. Ele pediu ao pai que lhe comprasse uma pipa, para que ele também pudesse empinar. Então o pai foi a uma das barraquinhas e comprou uma pipa e o fio para o filho empiná-la.
O menino começou a empinar sua pipa. Como estava ventando bastante, logo sua pipa estava voando alto no céu. Depois de um tempo, o filho disse:
– Pai, parece que o fio está segurando a pipa e a está impedindo de voar mais alto. Se cortarmos o fio, ela estará livre e voará ainda mais alto. Podemos cortá-lo?
O pai, ao escutar o pedido do filho, concordou e permitiu que ele cortasse o fio. No início, a pipa realmente começou a subir ainda mais alto. Isso deixou o menino muito feliz com sua ideia. Porém, logo a pipa começou a cair. Sem controle, sem nada que a equilibrasse e novamente desse um impulso para subir, ela desabou e caiu em um prédio desconhecido, perdendo-se para sempre. O menino ficou surpreso e triste. Ele havia soltado a pipa do fio para que ela pudesse voar ainda mais alto, mas ela caiu. Ele então perguntou ao pai:
– Pai, não entendo. Pensei que, ao cortar o fio, a pipa poderia voar livre e chegar mais alto. Por que ela caiu?
O pai carinhosamente explicou:
– Filho, eu sabia que isto aconteceria, mas concordei que você cortasse o fio para te ensinar uma preciosa lição. O fio não impedia que a pipa subisse mais alto, e sim a ajudava a ter controle, a descer suavemente quando o vento diminuía e a voltar a subir quando o vento aumentava. Quando cortamos a linha, cortamos também o suporte que fornecemos à pipa. Foi por isso que ela caiu e se perdeu para sempre.
– Esta é a lição – concluiu o pai – Na vida, muitas vezes pensamos que algumas coisas estão nos prendendo e nos impedindo de ir além. Nos anos de juventude, quando estamos cheios de energia, não queremos estar presos às regras. Queremos voar mais alto, passar por novas experiências. Porém, não percebemos que é nossa identidade que nos mantém vivos. É o que nos apoia e nos incentiva a alcançarmos alturas cada vez maiores na vida.
Fazer parte do povo judeu, através da Torá e das Mitzvót, não é algo que nos limita, mas sim que nos apoia e nos dá a força para subirmos. Não se solte nunca da linha que nos conecta aos ensinamentos milenares da Torá.
RAV EFRAIM BIRBOJM
RAV EFRAIM BIRBOJM – Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Atualmente comanda uma comunidade em São Paulo, cuja missão é oferecer a oportunidade de crescimento espiritual para o público já observante da Torá, bem como oferecer a oportunidade de pessoas não observantes se aproximarem um pouco mais do judaísmo. Saiba mais.