Livro: “O Fardo da Lucidez” de Ricardo Zalcberg Angulo
Primeiro livro de Ricardo Zalcberg Angulo, paulistano de apenas 19 anos, a obra convida os leitores a se questionarem sobre o medo de conviver com pessoas consideradas estranhas ou diferentes e a repensar os laudos que as colocam à margem da sociedade.
Neste ano de 2023 o livro está concorrendo a vários prêmios, dentre os quais: Prêmio Jabuti, Prêmio São Paulo de Literatura, Prêmio Oceanos e o Prêmio José Saramago.
Pela Editora Labrador e com prefácio de Dante Malavazzi (jornalista e doutor em Psicologia Experimental), Ricardo Zalcberg Angulo é o autor do livro “O Fardo da Lucidez”.
Trata-se de um ensaio literário sobre a loucura e sobre os limites do diagnóstico psiquiátrico. A Luta antimanicomial é pano de fundo da obra de estreia de Ricardo Zalcberg Angulo na literatura. Ao fomentar um debate sobre o peso social dos diagnósticos relacionados à saúde mental, O Fardo da Lucidez convida os leitores a se questionarem sobre o medo de conviver com pessoas consideradas estranhas ou diferentes e a repensar os laudos que as colocam à margem da sociedade. Embora denuncie a vaidade, a ganância e a avareza, traz uma mensagem de esperança, solidariedade, compaixão e tolerância.
O romance trata da trajetória da professora Malda, diagnosticada com esquizofrenia e classificada como inapta à convivência social. Internada, seu destino cruza com o do psiquiatra Dante. O profissional, embora cercado por colegas egocêntricos e pouco empáticos, passa a olhar os pacientes além dos transtornos e doenças, disposto a tratá-los sob os preceitos da humanização, indo além dos protocolos estabelecidos. Dante se impressiona pelo fato da dita louca ser capaz de dar voz aos mais variados sentimentos de forma coerente. Conforme a verdade de Malda vem à tona, seu psiquiatra compreende a estética de sua maneira pouco convencional de se comunicar, e percebe que uma consciência criativa, mesmo que pareça louca, por ser livre do peso da lucidez, pode trazer alívio e leveza à vida.
A identificação com o diagnóstico psiquiátrico é parte constitutiva da identidade do jovem atual; e quando o indivíduo se identifica com o transtorno a ele atribuído, cria-se uma conformidade e não há superação de uma parte tida como indissociável. Para uma geração em que os transtornos psiquiátricos constituem suas identidades, debater o impacto das classificações se torna uma discussão de primeira importância.
Trata-se de uma obra sobre a natureza humana, seja em sua face mais bela e admirável, seja em sua essência mais nefasta e deplorável. De forma poética e engajada, Ricardo convoca o leitor a transformar a realidade imediata.
O lançamento da obra ocorreu em São Paulo na Livraria da Vila do Shopping JK Iguatemi em 2022 e foi um dos mais concorridos daquele ano, sendo assunto de clubes do livro, tópico de papers e ensaios. Em agosto próximo será defendido em um simpósio no congresso da LIGEPSI da Universidade Federal da Paraíba. Além disto, neste ano de 2023 o livro está concorrendo a vários prêmios, sendo os quais: Prêmio Jabuti, Prêmio São Paulo de Literatura, Prêmio Oceanos e o Prêmio José Saramago.
Ricardo Zalcberg Angulo
Este é o primeiro livro de Ricardo Zalcberg Angulo, um autor paulistano de apenas 19 anos e aluno de Economia do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Escrito em menos de quatro meses, a obra nasceu em um momento delicado na vida do autor — a escolha profissional e o acidente que o deixou com fraturas ósseas e movimentos restritos por meses — e trágico na história da Humanidade — a pandemia.
“No dia 7 de setembro de 2020 eu me envolvi em um acidente de skate elétrico no interior de São Paulo que me rendeu fraturas ósseas, escoriações por todo o corpo e uma cicatriz no ombro. Fiquei muitos dias de cama e, por causa das minhas fraturas, não conseguia estudar para o vestibular, como os meus amigos. Eu tinha, então, acabado de fazer 17 anos. Foi nesse contexto que passei a escrever o livro”, relata Ricardo.