Lutando para crescer – Rav Efraim Birbojm

“O Rav Avraham Zvi Galinsky z”l era um aluno da Yeshivá do Chafetz Chaim, em Radin. Certo dia, ele observou outro aluno se aproximar do Chafetz Chim e perguntar com muita preocupação:

– Rav, o livro do Zohar diz que qualquer Mitzvá que é realizada sem temor e amor à D’us não sobe às alturas. Sendo assim, o que será da nossa geração no Mundo Vindouro? O nosso cumprimento das Mitzvót é vergonhoso! Quem pode dizer que realizamos as Mitzvót com a quantidade requerida de amor, temor e respeito à D’us? Estamos tão distantes do nível das gerações anteriores, o que será de nós?

O Chafetz Chaim acalmou o jovem aluno e respondeu calmamente:

– Vou lhe contar algo que aconteceu comigo há pouco tempo. Antes da guerra, encontrei um padeiro que eu conhecia andando na rua. Perguntei como estavam indo seus negócios e ele me respondeu que, apesar de trabalhar durante a noite inteira, preparando mil pães e brioches, os negócios estavam difíceis. O dia todo ele só escutava reclamações. Um cliente dizia que o brioche não estava redondo, outro dizia que o pão estava queimado demais, outro dizia que não havia sido assado o suficiente. Ele conseguia vender somente seiscentas unidades pela manhã, e as outras quatrocentas ele tinha que vender à tarde, como ração para animais, por um preço bem menor. Com isso, acabava perdendo uma boa parcela do seu lucro. O padeiro, após se lamentar, me pediu uma Brachá, e eu o abençoei.

– Algum tempo depois – continuou o Chafetz Chaim – após ter estourado a Primeira Guerra Mundial, nos encontramos novamente. Desta vez o padeiro aparentava estar muito contente. Eu fiquei surpreso, pois todos estavam cabisbaixos naquela época devido à guerra. Eu perguntei a ele como estavam indo os negócios, e ele me respondeu que estava maravilhoso. Questionei como poderia estar maravilhoso em plena guerra, e ele me explicou que justamente pelo mundo estar em guerra os seus negócios estavam indo bem, pois as pessoas levavam quaisquer pães e brioches que pudessem conseguir, sem checar se estavam redondos, queimados ou crus.

– E isto – concluiu o Chafetz Chaim para seu aluno – é o que D’us sente em relação à nossa geração. Estamos todos envolvidos em uma grande guerra contra o Yetzer Hará, nossa má inclinação. As tentações e testes em nossa época são tremendos! E, ainda assim, pessoas cumprem Mitzvót e conseguem estudar Torá. Nestas condições tão difíceis, D’us está pronto a aceitar nossas Mitzvót, mesmo aquelas que não foram feitas com o mais alto nível de amor e temor à Hashem”.

Este conceito é ainda mais verdadeiro nos dias de hoje, na nossa geração. As tentações do mundo material e os comportamentos que batem de frente com os valores judaicos são muito fortes. E, ainda assim, há milhares que estão lutando e vencendo esta batalha a cada dia. D’us vê isso, e aceita graciosamente cada Mitzvá, mesmo não estando perfeita. Pois Ele vê o nosso esforço de querer melhorar e crescer a cada dia.


RAV EFRAIM BIRBOJM

Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Atualmente comanda uma comunidade em São Paulo, cuja missão é oferecer a oportunidade de crescimento espiritual para o público já observante da Torá, bem como oferecer a oportunidade de pessoas não observantes se aproximarem um pouco mais do judaísmo. Saiba mais.

Email: efraimbirbojm@gmail.com