Telma Sobolh, presidente do Departamento de Voluntários da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein – Por Glorinha Cohen

“Os desafios em prol de uma sociedade mais justa são diários e complexos. É muito bom ser reconhecido pelo trabalho, mas o que dá realmente prazer é alcançar objetivos que nós estabelecemos”.

Telma Sobolh está na presidência do Departamento de Voluntários da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein desde 1995, comanda mais de 600 voluntários e, ao idealizar o Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis, onde coordena uma série de oficinas e cursos, transformou seu trabalho em referência do Terceiro Setor.

Com a garra daquelas raras criaturas que nasceram para o sucesso, a pedagoga Telma Sobolh chegou a deixar uma escola criada por ela para se dedicar às lides comunitárias pois, segundo ela própria diz, “é movida e apaixonada pela carreira social”, iniciada na infância com seus pais. Tamanha dedicação lhe renderam vários prêmios, dentre os quais a primeira Certificação ISO 9001 da América Latina para um departamento de voluntários, recebida em 2002 e, em 2017, a homenagem nos Estados Unidos pela Harvard University durante o “Workshop for Latin American Health Care Executives”, por anos de liderança e contribuição significativa feitas durante as oficinas de líderes latino-americanas de saúde em Harvard.

Prestes a entregar um prédio de 5 andares construído em Paraisópolis, Telma também lidera em dezembro, para comemorar os 25 anos do Programa Einstein naquela comunidade, um grande evento com o aclamado pianista Marcelo Bratke, ao lado do cantor, violonista e compositor Dori Caymmi.

Mais sobre sua trajetória comunitária pontilhada de sucessos você tem nessa reportagem exclusiva.


GC – O que a tira do sério?

TS – Quando me desvalorizam.

GC – Quando começou no voluntariado e qual foi seu primeiro trabalho?

TS – 12/02/1985 – Produzir caixinha de chocolate para serem vendidas na lojinha das voluntarias na entrada do Hospital.

GC – Teve influência de alguma pessoa?

TS – Da minha família que sempre atuou na comunidade Judaica.

GC – O que mais o encanta ou a frustra no trabalho voluntário?

TS – Me encanta quando conseguimos atingir algum objetivo. Me frusta com os desmandos políticos.

GC – Após cursar Pedagogia, você fundou sua minha própria escola e, na primeira oportunidade, foi trabalhar como voluntária no Einstein. Por que a mudança de plano?

TS – Foi uma época que houve uma série de planos econômicos e estávamos com a capacidade total de alunos e não conseguimos pagar todas as contas. Tivemos que fechar a escola e comecei a ser voluntária.

GC – Você trabalha como voluntária no Hospital Albert Einstein desde 1985. Como foi sua trajetória até chegar a ser presidente do Voluntariado em janeiro de 1995 e o que este cargo significa pra você?

TS – Comecei fazendo caixinhas de chocolate para vender na lojinha, captação de recursos, doação de cestas de alimentos e brinquedos no final do ano. Institui o bazar para funcionários, e acabei sendo escolhida para ser Presidente. O cargo é indiferente pois cada voluntário tem sua função.

GC – Você foi a idealizadora do Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis que até recebeu o nome de “Complexo Telma Sobolh”. Como se sentiu com esta homenagem?

TS – Para mim o nome do complexo não me importa, mas sim que o Programa continue independente de mim.

GC – Como surgiu a ideia de criar o Programa naquela favela, quais os critérios adotados para a escolha do local e qual a importância dele em termos sociais?

TS – Tínhamos uma enfermaria com 72 leitos para crianças carentes e percebi o alto grau de reinternação (45%) com problemas gástrico e pulmonares. Precisávamos trabalhar com a prevenção da doença e promoção da saúde. Este trabalho não dava para ser realizado dentro do hospital por falta de espaço. Escolhemos Paraisópolis por ser próximo ao Hospital.

GC – Quais são os fatores que identificam o Projeto como referência no Terceiro Setor?

TS – É um projeto totalmente filantrópico com colaboradores, PJ, parceiros e voluntários. Tendo como gestores eu e dois colaboradores. Parte do Programa é financiado pelas doações recebidas pelo voluntariado.

GC – Como é liderar um grupo de mais de 600 voluntários e quais são as frentes que ele trabalha?

TS – Nosso departamento é muito bem administrado, temos 11 colaboradores e sistema ISO que nos facilita na administração. Trabalhamos no Hospital Albert Einstein, no Residencial Israelita Albert Einstein, no Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis, Hospitais Públicos Vila Santa Catarina, Hospital M’Boi Mirim e Aparecida de Goiânia em Goiás. São 72 setores de atuação. Também captamos recursos e ajudamos financeiramente os lugares onde atuamos além de contribuir com a Creche Perobeiras, Residências Terapêuticas e Unidades Básicas de Saúde.

GC – Quais são seus principais desafios frente ao Voluntariado Einstein?

TS – Não chamaria de desafio, mas sim de adaptação ao crescimento do Einstein, pois caminhamos junto a este. Acabamos de implantar o Voluntariado em Aparecida de Goiânia – GO.

GC – Dentre os projetos que o Programa tem realizado, qual lhe deu maior alegria?

TS – Sem dúvida o Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis, que é o meu quarto filho.

GC – Quando será entregue o prédio de 5 andares que está sendo construído em Paraisópolis e por que surgiu esta ideia?

TS – Será entregue em setembro. A ideia da construção começou com a necessidade de ampliarmos a nossa cozinha, que realiza cursos nesta área. Depois o Diretor Geral Henrique Neves, resolveu levar o ensino médio profissionalizante na área de saúde, e o prédio acabou por ter 5 andares com a possibilidade de ampliarmos os cursos capacitação e educação.

GC – Soube que em dezembro você liderará um grande evento em prol do Voluntariado. Fale-nos sobre ele.

TS – O Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis está fazendo 25 anos. Para festejarmos vamos fazer um show no final do ano com o pianista Marcelo Bratke, ao lado do cantor, violonista e compositor Dori Caymmi.

GC – Dentre os prêmios que você conquistou com seu trabalho, está a primeira Certificação ISO 9001 da América Latina para um departamento de voluntários, recebida em 2002. E, em 2017, você foi homenageada nos Estados Unidos pela Harvard University durante o “Workshop for Latin American Health Care Executives”, por anos de liderança e contribuição significativa feitas durante as oficinas de líderes latino-americana de saúde em Harvard. O que significaram estes prêmios?

TS – Os desafios em prol de uma sociedade mais justa são diários e complexos. É muito bom ser reconhecido pelo trabalho, mas o que dá realmente prazer é alcançar objetivos que nós estabelecemos.

GC – Quais as realizações que gostaria de ressaltar?

TS – O fato de sermos 600 voluntários, que têm os mesmos valores, nos dá uma chance de termos 600 amigos unidos pelo bem do próximo. O Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis apesar de ter muitos desafios, traz uma sensação de ter valido a pena existir

GC – Que mensagem você daria para quem quer fazer algum trabalho voluntário e como proceder para fazer parte do Voluntariado Einstein?

TS – Ser voluntário é um privilégio, é poder trabalhar no que gostamos, o que nos dá muito prazer e realização pessoal.