ISRAEL AVANÇA LENTAMENTE, O MUNDO IMPACIENTE – Por David S. Moran, direto de Israel      

17/11/2023

No 42º dia de combates em Gaza, Israel já está controlando todo o norte da Faixa de Gaza e já entra no Hospital Shifa, o maior da região, sob o qual está o Quartel General da Hamas, para o qual se entra por vários túneis. Aqui o avanço é mais meticuloso, pois as Forças de Defesa de Israel querem evitar ao máximo atingir pessoas não envolvidas na luta.

O diretor e funcionários do hospital foram advertidos antecipadamente de que as FDI entrariam no hospital para tentar eliminar o perigo que a Hamas representa para os habitantes de Israel e mesmo da Faixa de Gaza. Sob o hospital há uma rede de túneis, arsenal de material bélico e munição. Foi escolhido devido ao pensamento que “Israel não bombardeará um hospital”. De fato, a entrada no hospital foi lenta e talvez o aviso prévio do exército afugentou terroristas da Hamas, que pode ser levaram consigo reféns abdicados no dia 7 de outubro.

Já na segunda-feira (12) forças israelenses conquistaram o parlamento do Hamas em Gaza City (foto). O porta voz militar mostrou que ao lado do hospital Rantisi (há 35 hospitais) havia entrada para tuneis e lá encontraram fraldas e cordas, que se supunha foram de sequestrados israelenses levados do lugar com o avanço das tropas israelenses.

Israel preocupa-se com os doentes palestinos. Levou consigo 100 médicos que falam árabe, incubadoras e farto material médico. Além disso, pediu a alguns países absorver doentes de Shifa e outros hospitais. A Itália envia navio-hospital que ficará nas costas de Gaza. O mesmo foi declarado pela França e Grécia. Os Emirados Árabe Unidos estão construindo hospital de campanha com 150 leitos. O Egito também.

Muitos antagonistas a Israel podem criticar o Estado Judeu, mas esta preocupação com a vida de civis e jovens que estavam curtindo numa festa ao ar livre, não estava no raciocínio dos 3.000 terroristas da Hamas que invadiram Israel. Atiravam em tudo e todos que viam pela frente, mutilou os cadáveres, queimou e até estuprou e decapitou. Na terça feira o exército comunicou aos pais de uma jovem soldada de 19 anos, que sua filha dada como sequestrada foi morta pela Hamas. Isto evidencia o estado irreconhecível em que ficou e só agora o IML israelense conseguiu identificar (pelo DNA).O número de mortos israelenses baixou para 1.200, depois que a perícia concluiu que outros 200 são de terroristas da Hamas.

O filme de 42 minutos que o governo projetou para embaixadores, jornalistas e enviou para o exterior, deixou todos que o viram atônitos. Muitos não puderam vê-lo até o fim de tão chocante que é.

Agora, que a organização terrorista Hamas está em retirada, pois boa parte do seu comando foi exterminada e seus quarteis destruídos, o volume de misseis disparados contra Israel diminuiu muito. Hamas esperava que o mundo árabe e principalmente o Irã e sua proxie a Hizballah, abrissem uma frente adicional e assim o exército israelense teria mais dificuldades.

Isto não aconteceu. Em países como o Egito, Arabia Saudita, Jordânia, Bahrein, Emirados Árabe Unidos, eles solidarizam-se com Hamas verbalmente e torcem para que Israel lhes faça o serviço e a destrua. Eles conhecem bem a influência nociva da Irmandade Muçulmana e dos males que fez em seus países.

A Hizballah, que significa” o partido de Allah“, é uma organização terrorista xiita, radical. Que partido de Deus tem como símbolo uma arma(veja foto). Ela lança misseis contra as aldeias e cidades no norte de Israel, só para mostrar solidariedade com a Hamas. Seu líder Nasrallah vê o que Israel faz em Gaza e teme que Israel o faça no Líbano também e isto o retêm. Além disso tanto ele quanto o Irã foram surpreendidos com o ataque da Hamas, no sábado 7/10. O líder do Irã Khameni encontrou-se na quarta (15) com o líder do Hamas Haniee e lhe disse: “vocês não nos informaram do que fariam, por isso não nos envolveremos”.

Pelo visto a Hizballah não quer entrar em combate com Israel. Por isso está “pingando” misseis a cada dia e leva o troco. Israel reage imediatamente. O ministro da Defesa, Gallant disse: “não temos interesse em abrir novo front no norte, mas se formos forçados a isso, saberemos como reagir. A maioria da nossa aviação está pronta no norte do país”. Israel, neste revide de troca de fogo, está acertando os postos de observação e bases da Hizballah próximos da fronteira e os destrói.

A resolução do Conselho de Segurança da ONU,1701, de Agosto/2006 rege que não haverá nenhuma força ao sul do rio Litani, exceto a força de Paz da ONU (UNIFIL). Esta permitiu a Hizballah aproximar-se da fronteira e foge dos combates.

Isto também ficou evidenciado na Convenção dos 57países árabes e muçulmanos realizada no sábado (11/11) em Riad. Os países mais moderados votaram contra a ruptura de relações diplomáticas e sanções contra Israel. O príncipe regente da Arabia pediu a libertação dos sequestrados israelenses. O presidente egípcio é contra hospedar refugiados de Gaza, mesmo temporariamente, em seu vasto território, em Sinai. Ele sabe porquê.

No entanto, o Irã está acionando outro proxie, os houtis do Iêmen, que lá de longe lançaram alguns misseis de longo alcance, que Israel abateainda sobre o Mar Vermelho com o seu anti misseis. Agora os houtis ameaçam atacar navios israelenses que passam do Golfo Pérsico para o Mar Vermelho. Se o fizerem, terão resposta à altura.

Cessar-fogo. Com o avanço das tropas israelenses, Hamas está implorando por um cessar fogo, mesmo temporário. Com a intervenção da tuteladora Qatare do Egito estão tratando disso, mas há muitas condições e guerra psicológica. Já na quinta-feira(9)a Jihad Islâmica estava disposta a libertar uma senhora de 77 anos e um jovem de 13, ambos doentes. Desde então nada aconteceu. Prosseguindo nesta guerra de nervos, discute-se quem será libertado, quantos e se os 50 a 100 propostos em primeira etapa (dos 239), serão entregues de uma vez, ou parcelados. A Hamas quer ganhar tempo e dias de trégua para se rearmar e reorganizar. Exige que terroristas menores de idade e mulheresterroristas sejam libertadas. Cada vez que as famílias dos sequestrados nutrem esperanças, Hamas joga água fria.

As manifestações contra as ações do Estado de Israel, acredito que sejam por pura ignorância e falta de conhecimento, principalmente entre os Ocidentais. Cada um pode escolher sua visão política, mas não precisa ser cego e não ver a realidade. Quando escuto cidadãos do Ocidente cantando com árabes, os slogans ” Do rio ao mar, palestina será livre”, eles nem sabem que estão cantando pela destruição do Estado de Israel. Pois entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo há 2 países: um próspero que dá inveja -Israel- e outro, Palestina. Na geração atual, basta ler manchete se tomar posição, sem saber a causa do conflito. Pena.

Mas, há outras manifestações, como ocorreu em Paris, quando cerca de 200 mil pessoas(12/11) marcharam pela República e contra o Antissemitismo.

Já na terça-feira (14) cerca de 250 mil pessoas fizeram uma gigante e histórica manifestação no chamado MALL frente ao Capitólio.(foto ao lado), em Washington.

A ministra do Interior do Reino Unido, Sra. Suella Braverman, acusou a polícia de Londres de ser leniente ao tratar dos vândalos na marcha pró palestina, que foi de “ódio e anti-Israel”. Ante as pressões que sofreu de grupos pró palestinos, o Primeiro Ministro, Rishi Sunak, a demitiu do cargo, sob alegação de “aumentar a tensão entre palestinos e os pró Israel”. Aliás, Rishi foi dos primeiros mandatários que vieram solidarizar-se com Israel.

Com todos esses dias de combates e o deslocamento de cerca de 200.000 pessoas das áreas próximas da Faixa de Gaza e do norte do país, há falta de mão de obra. Para ordenhar as vacas, ou colher frutas e verduras e cada um contribui com o que pode.(na foto ao lado, tirada no Moshav Rishpon, estamos limpando cebolinhas que depois são empacotados e enviados ao mercado local e ao exterior). Há os que levam alimentos caseiros aos soldados e peças de roupa que lhes falta. Os israelenses estão unidos e o trabalho voluntário é de praxe. Atualmente, todos compram mais produtos israelenses mesmo para ajudar os agricultores e as indústrias locais.


DAVID S. MORAN

DAVID S. MORAN – Mora em Israel, é formado em Relações Internacionais pela Universidade Hebraica de Jerusalém e Major da reserva do exército israelense.

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