Isaac Abarbanel – O famoso antepassado de um grande brasileiro. Senor Abravanel Silvio Santos Z’L
Rabino Isaac ben Judah Abarbanel, comumente referido como Abarbanel também soletrado Abravanel, Avravanel ou Abrabanel, foi um dos maiores estadistas judeus que desempenhou um papel importante na história europeia. Ao mesmo tempo, ele não era apenas um judeu leal e estritamente religioso, mas um grande erudito, comentarista bíblico e filósofo. Ele foi o último de uma longa linhagem de grandes líderes e heróis judeus da Idade de Ouro Espanhola.
Abravanel nasceu em Lisboa, Portugal, em 1437. Ele estudou o Talmud, filosofia e estudos seculares. Ele foi um dos primeiros estudiosos judeus a ser influenciado pelos escritores da Renascença. Foi também um grande pensador e prolífico erudito judeu. Seu comentário dos profetas, embora prolixo, forneceu novas percepções sobre sua sociedade do século 15 porque ele comparou as monarquias descritas em Samuel I às monarquias de sua época. Ele se concentrou filosoficamente na importância da profecia, discordando totalmente das crenças de RaMBaM.
Nascido em uma das famílias judias ibéricas mais antigas e ilustres, a família Abarbanel escapou do massacre em Castela em 1391.
Sendo um aluno do rabino de Lisboa, Joseph Chaim, Don Isaac Abarbanel se tornou bem versado na literatura rabínica e no aprendizado de seu tempo, dedicando seus primeiros anos ao estudo da filosofia judaica. Aos vinte anos, ele escreveu sobre a forma original dos elementos naturais, sobre questões religiosas e profecias.
Junto com suas habilidades intelectuais, Don Isaac mostrou um domínio completo das questões financeiras. Isto chamou a atenção de D. Afonso V de Portugal, que o contratou como tesoureiro. Ele usou sua alta posição e a grande riqueza, que herdou de seu pai, para ajudar seus correligionários.
Quando seu patrono Afonso capturou a cidade de Arzila, no Marrocos, os prisioneiros judeus enfrentavam a possibilidade de serem vendidos como escravos. Abarbanel contribuiu largamente para os fundos necessários para os libertar e providenciou pessoalmente as arrecadações em Portugal.
Após a morte de Afonso, ele se viu obrigado a renunciar ao cargo, tendo sido acusado por D. João II de conivência com o duque de Bragança, que fora executado sob a acusação de conspiração. Abarbanel, avisado a tempo, salvou-se numa fuga apressada para Castela em 1483. Sua grande fortuna foi confiscada por decreto.
Em Toledo, sua nova casa, ele se ocupou a princípio com estudos bíblicos e, no decorrer de seis meses, produziu um extenso comentário sobre os livros de Yoshua, Juízes e Samuel. Mas, logo depois, Abravanel se dedicou ao serviço da casa de Castela. Ele se comprometeu a organizar as receitas e a fornecer provisões para o exército real, contratos que executou para a satisfação total da rainha Isabel.
Várias vezes durante a metade do século XV, Don Isaac gastou grandes quantias de sua fortuna pessoal para subornar a monarquia espanhola a fim de permitir que os judeus permanecessem na Espanha.
Quando os judeus foram banidos da Espanha com o decreto de Alhambra, ele fez tudo ao seu alcance para induzir o rei a revogar o édito, oferecendo uma imensa quantia.
Diz a narrativa que o Rei Fernando hesitou, mas foi impedido de aceitar a oferta por Torquemada, o grande inquisidor, que correu para a presença real e, jogando um crucifixo diante do rei e da rainha, perguntou se, como Judas, se eles trairiam seu Senhor, por dinheiro. No final, ele conseguiu apenas estender a data da expulsão por mais dois dias.
Abarbanel escreveu muitas obras durante sua vida que são frequentemente categorizadas em três grupos: exegese, uma interpretação detalhada da Torá, filosofia e apologética, defesa argumentativa de que a fé pode ser comprovada pela razão. Sua filosofia lidava com as ciências e como o campo geral se relacionava com a religião e as tradições judaicas, e sua apologética defende a ideia judaica do Messias. Os escritos exegéticos de Abarbanel eram diferentes dos comentários bíblicos usuais porque ele levava em consideração as questões sociais e políticas da época. Ele acreditava que o mero comentário não era suficiente, mas que a vida real do povo judeu também deveria ser deliberada quando se discutia um tópico tão importante como a Torá.
Abarbanel também aproveitou para incluir uma introdução sobre o caráter de cada livro que comentou, bem como sua data de composição e a intenção do autor original, a fim de tornar as obras mais acessíveis ao leitor médio.
No dia 9 de Av de 5252 (30 de julho de 1492), Abravanel e sua família deixaram a Espanha com o resto de seus correligionários. Ele desistiu de sua nobre posição e juntou-se a seus amados irmãos no exílio e no sofrimento.
Os infelizes refugiados finalmente chegaram a Nápoles, na Itália. Em Nápoles, ele planejou se concentrar em escrever seu comentário sobre a Bíblia. No entanto, foi novamente contratado pelo rei daquela república para ser o principal coletor de impostos. Ele e o rei tiveram que fugir dos franceses. Finalmente, se estabeleceu em Veneza em 1503.
Não demorou muito para que os governantes de Veneza o convidassem para o conselho de estado, e Abravanel se tornou um dos principais estadistas daquela república veneziana.
Em Veneza, Abravanel morreu no ano 1508, aos 71 anos, e profundamente lamentado pelos cidadãos judeus e não judeus de Veneza. Os principais governantes de Veneza compareceram a seu funeral, e ele foi sepultado em Pádua.
Sendo de uma família que se origina no Rei Davi, Dom Isaac Abravanel possui, em sua prole, inúmeros descendentes de destaque pelo mundo, dentre os quais, o empresário e apresentador brasileiro Senor Abravanel, nosso Silvio Santos.
MENDY TAL
Cientista político e ativista comunitário.