Resposta ao artigo “Lula teve uma ideia: um exército de bombeiros”, de Marcelo Godoy, articulista do Estadão – Por Lionel Zaclis
Antissemitismo à parte, por que sempre transformar Israel na Geni, da conhecida música de Chico Buarque? Seria porque certas esquerdas consideram “politicamente incorreto” “criticar” o terrorismo islâmico, ou será por outras razões, até compreensíveis, porém não justificáveis?
Caro Marcelo,
Na qualidade de leitor assíduo de seus em geral lúcidos artigos, ouso solicitar-lhe esclarecimento sobre o seguinte ponto:
Você afirma, que “conflagrações ameaçam escalar como não se via desde a Guerra Fria, com a rivalidade estratégica entre EUA e China, o imperialismo russo e as ações de Israel no Oriente Médio”.
Ora, se o seu artigo critica a ideia de Lula, consistente na conversão de nossas forças armadas em um “exército de bombeiros”, a qual, se realizada, deixaria o país desguarnecido militarmente, “porquanto não basta “não desejarmos guerra”, uma vez que, exemplificativamente, a Ucrânia também não queria a guerra”, concluindo pela necessidade de mantermos forças armadas prontas a desincentivar aventuras, o que, aliás, é de uma obviedade ululante (si vis pacem, para bellum), indago:
Por que, ao exemplificar essas aventuras, você coloca, lado a lado, o “imperialismo russo” e “as ações de Israel no Oriente Médio” ? Por acaso, seriam simétricas as ações da Rússia, ao invadir a Ucrânia, e as “ações de Israel”, ao defender a sobrevivência da nação, cruel e poderosamente desejada pela teocracia iraniana, por meio de sete “proxies” por ela manipulados, visando a implantar um estado islâmico na região, do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo ?
O artigo não teria sido mais preciso e corretamente informativo, com menor perigo de induzir em erro leitores com poucas informações sobre história e geopolítica (principalmente aqueles não são versados na complexa problemática do Oriente Médio) se, ao invés da expressão “ações de Israel no Oriente Médio”, tivesse dito a verdade, usando a expressão correta e verdadeira, ou seja, “ações do terrorismo islâmico no Oriente Médio”?
Antissemitismo à parte, por que sempre transformar Israel na Geni, da conhecida música de Chico Buarque? Seria porque certas esquerdas consideram “politicamente incorreto” “criticar” o terrorismo islâmico, ou será por outras razões, até compreensíveis, porém não justificáveis?
Fico no aguardo de seu esclarecimento, pelo qual desde já agradeço.
Atenciosamente,
Lionel Zaclis
Nota – resposta ao artigo de Marcelo Godoy, intitulado “Lula teve uma ideia: um exército de bombeiros”, publicado dia 25/09/2024 no Estadão, pág. A9.
Lionel Zaclis
Formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e atuando nas áreas de Contencioso, Contratos, Direito Econômico e Empresarial, Lionel Zaclis é Especialista em Direito Processual Civil pela PUC/SP, Mestre e Doutor em Direito Processual pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.