A guerra de Israel é contra o Hezbollah, não contra o povo libanês – Por Bassam Tawil
9 de Outubro de 2024
Original em inglês: Israel’s War Is Against Hezbollah, Not The Lebanese People
Tradução: Joseph Skilnik
Como os Estados Unidos responderiam se uma organização terrorista no México lançasse milhares mísseis e drones contra cidades americanas? Os Estados Unidos tolerariam tais ataques por quase um ano? Como a França responderia se suas cidades fossem atacadas por terroristas baseados em países vizinhos? Os franceses pediriam negociações com os terroristas ou exerceriam o seu direito à autodefesa? Foto: uma casa e dois carros em Moreshet, Israel, que foram atingidos por um impacto certeiro de um foguete lançado pelo Hezbollah do Líbano, em 22 de setembro de 2024.
Foto: Amir Levy/Getty Images)
Uma parcela da mídia internacional está deturpando a recente sequência de combates entre Israel e a organização terrorista Hezbollah, apoiada pelo Irã, como se fosse uma guerra entre Israel e o Líbano. No entanto, não se trata de uma guerra entre Israel e o povo libanês. Trata-se sim, de uma guerra entre Israel e um grupo terrorista fortemente armado que criou um estado dentro de um estado no Líbano e está agindo sob as ordens dos mulás de Teerã para avançar o objetivo deles de destruir a “entidade sionista”. Esta guerra teve início há 11 meses Hezbollah pelo em apoio ao grupo terrorista palestino Hamas, outro proxy apoiado pelo Irã, este sediado na Faixa de Gaza.
Em 7 de outubro de 2023, o Hamas e milhares de “civis” palestinos lançaram um ataque contra comunidades israelenses perto da fronteira com a Faixa de Gaza, onde assassinaram 1.200 israelenses e outros 240 foram sequestrados. Israel respondeu enviando tropas para a Faixa de Gaza com dois objetivos: resgatar os reféns israelenses e destruir o poder militar de fogo do Hamas, grupo este cujo estatuto defende abertamente a Jihad (guerra santa) com o objetivo de matar judeus e eliminar Israel.
Em 8 de outubro de 2023, um dia após o ataque do Hamas, o Hezbollah abriu a “segunda frente” contra Israel para ajudar o Hamas, os irmãos do Hezbollah. Em 13 de outubro de 2023, após o início da ofensiva militar israelense em Gaza, terroristas do Hezbollah começaram a disparar milhares de foguetes, drones e mísseis guiados contra comunidades israelenses ao longo da fronteira com o Líbano. Como resultado, Israel foi forçado a evacuar dezenas de milhares de residentes do norte de Israel. Desde então, as famílias israelenses deslocadas não puderam mais voltar para suas casas, algumas das quais foram imensamente danificadas ou completamente destruídas pelos mísseis e drones do Hezbollah.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e seu governo demonstraram incrível autocontrole diante da guerra de atrito do Hezbollah. Netanyahu e seu governo fizeram o máximo para evitar uma guerra em grande escala com o Hezbollah principalmente para evitar causar danos aos civis inocentes no Líbano. As Forças de Defesa de Israel (FDI) alertaram repetidamente os civis libaneses para que fugissem para o norte, fora da área de perigo. A resposta dos militares israelenses à incessante barragem diária de foguetes e drones disparados pelo Hezbollah nos últimos 11 meses ficou restrita a ataques aéreos contra terroristas do Hezbollah e sua infraestrutura militar no sul do Líbano.
Como os Estados Unidos responderiam se uma organização terrorista no México lançasse milhares de mísseis e drones contra cidades americanas? Os Estados Unidos tolerariam tais ataques por quase um ano? Os Estados Unidos aceitariam uma situação em que dezenas de milhares de seus próprios cidadãos fossem forçados a fugir de suas casas e se tornarem refugiados em seu próprio país? Como a França responderia se suas cidades fossem atacadas por terroristas baseados em países vizinhos, como Bélgica, Espanha ou Alemanha? Os franceses pediriam negociações com os terroristas ou exerceriam o seu direito à autodefesa?
Em 19 de setembro, o secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, prometeu que os ataques terroristas de sua organização a Israel continuariam até o fim da guerra em Gaza. O Hezbollah, salientou ele, continuará apoiando os palestinos da Faixa de Gaza “seja lá quais forem as consequências, seja lá quais forem os sacrifícios e seja lá quais cenários se desenrolarão”. Nasrallah ameaçou ainda que os israelenses que evacuaram de suas casas não terão permissão para retornar, implicando que o Hezbollah estaria planejando invadir e ocupar o norte de Israel.
Evidentemente o líder do Hezbollah está mais preocupado com o bem-estar do Hamas do que com a segurança do povo libanês. Ao que tudo indica, ele acredita que a guerra que travou contra Israel há 11 meses salvaria o Hamas, permitindo assim que o grupo continuasse governando a Faixa de Gaza. Nasrallah e seus patronos do Irã estão dispostos a destruir o Líbano e sacrificar muitos cidadãos libaneses para manter o Hamas no poder. Eles parecem determinados a impedir a queda de um dos terroristas proxies palestinos do Irã no Oriente Médio. O Hezbollah, ao que parece, tomou a decisão de manter toda a população libanesa em cativeiro para proteger os assassinos e estupradores do Hamas que realizaram os massacres contra os israelenses em 7 de outubro.
No início desta semana, Israel publicou evidências fotográficas de armas do Hezbollah que foram armazenadas dentro de casas no sul do Líbano. Entre as armas armazenadas nas casas libanesas se encontravam mísseis de cruzeiro, foguetes com ogivas enormes além de drones. Certa ocasião, as Forças de Defesa de Israel (FDI) revelaram fotos mostrando um míssil de longo alcance, montado em um lançador hidráulico que se encontrava no sótão da casa de uma família libanesa.
É a mesma tática usada pelo Hamas na Faixa de Gaza nas últimas duas décadas. A exemplo do Hezbollah, o grupo terrorista palestino também tem armazenado armas e lançadores de mísseis em áreas densamente povoadas por toda a Faixa de Gaza, em casas, hospitais, mesquitas, instalações das Nações Unidas e escolas.
A guerra de Israel visa principalmente impedir que o Hamas lance no futuro outro ataque semelhante ao do 7 de outubro contra os israelenses. Logo após o ataque, Ghazi Hamad, membro do alto escalão do Hamas, declarou que o grupo está se preparando para repetir o ataque de 7 de outubro várias vezes até que Israel seja aniquilado:
“O Dilúvio Al-Aqsa (nome que o Hamas usa para chamar o ataque de 7 de outubro) é somente o primeiro, haverá o segundo, terceiro, quarto, porque temos a determinação e a capacidade de lutar. Temos que dar uma lição a Israel, e o faremos de novo e de novo.” Israel é um país que não tem lugar em nossa terra.
A guerra na Faixa de Gaza poderia terminar amanhã se o Hamas depusesse as armas e libertasse os 101 reféns israelenses que ainda mantém em cativeiro, dos quais apenas cerca da metade está viva. No entanto, o Hamas, ao que tudo indica, optou por lutar até o último palestino. O Hamas evidentemente não está nem aí se milhares de palestinos forem mortos na guerra. Seu principal objetivo é se manter no poder.
A guerra no Líbano poderia terminar amanhã se o Hezbollah parasse o lançamento de foguetes e drones contra povoados e cidades israelenses. No entanto, até agora o Hezbollah não deu nenhum indício de que pretende parar.
Muitos libaneses se opõem veementemente à tentativa do Hezbollah de arrastar o país para uma guerra em nome do Hamas e do Irã. Ao se dirigir ao secretário-geral do Hezbollah, o jornalista e analista político libanês Dr. Ghassan A. Bou Diab escreveu:
“Vocês mergulharam a sua comunidade e o seu povo em um confronto cuja extensão só Deus sabe, com o Estado de Israel, um Estado que é verdadeiramente uma das nações mais conceituadas em termos de avanço tecnológico e militar, que desfruta de uma extensa rede de relações internacionais, tudo sob o pretexto de apoiar a frente em Gaza.”
“No dia seguinte do início da fatídica operação da organização terrorista Hamas, vocês iniciaram salvos de tiros contra o território israelense, fazendo com que dezenas de civis inocentes fugissem de suas casas. Vocês apoiaram uma organização terrorista defendendo o hediondo crime de sequestro de reféns e uso de civis como escudos humanos.”
“Isso precedido por suas constantes ameaças de que vocês ‘rechaçariam os israelenses com o pé nas costas’ e que estavam prontos para ‘destruir Israel em sete minutos e meio’.”
“Suas apostas equivocadas caracterizaram a sua jornada. Vocês apostaram que Israel não conseguiria resistir a uma guerra prolongada, mas Israel surpreendeu a todos, e a guerra continuou por quase um ano. Vocês apostaram no colapso das instituições políticas, de segurança e militares se as frentes fossem abertas, mas Israel provou ser coeso. Na realidade, Israel forjou um novo contrato social após os eventos de 7 de outubro, centrado na luta pela existência.”
“Vocês apostaram na intervenção direta do Irã na batalha, só para caírem na real e contemplarem Khamenei recuar e se limitar a rezar e buscar segurança assim que testemunhou porta-aviões americanos, equipados com tecnologias de quinta geração, navegando com armamento aterrorizante capaz de aniquilar metade do globo. Vocês confiaram na pressão diplomática internacional e nos protestos em todo o mundo, mas vocês falharam porque o seu eixo é que iniciou a agressão.”
O Hezbollah decidiu destruir o Líbano e sacrificar um grande número de civis libaneses para manter o Hamas no controle da Faixa de Gaza. Isso deixou Israel sem escolha a não ser travar uma ofensiva contraterrorismo para defender seus próprios cidadãos. Depois que o Hamas trouxe uma nakba (catástrofe) para os palestinos da Faixa de Gaza, o Hezbollah está trazendo outra para o povo libanês.
Bassam Tawil, é árabe muçulmano, radicado no Oriente Médio. O trabalho de Bassam Tawil é realizado graças à generosa doação de alguns doadores que preferem ficar no anonimato. O Gatestone Institute é muito grato.
Fonte: https://pt.gatestoneinstitute.org/21006/guerra-israel-contra-hisbola