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Lidando com o dilúvio da vida – Por Chana Weisberg

Arte de Sefira Lightstone

Você já se pegou pensando: “Estou me afogando! Estou soterrado pelas exigências da vida!”?

Seja trabalhando arduamente em nossos empregos, afundando na pilha intransponível de contas ou preocupando-se com as centenas de grandes e pequenas coisas que nos desafiam, como podemos manter-nos à tona? Quando a vida vem em nossa direção com força, deixando-nos com uma lista interminável de “A Fazer” e fazendo-nos sentir confusos e sobrecarregados—como podemos lidar com isso?

Na porção da Torá desta semana, lemos sobre o grande dilúvio. A palavra hebraica para dilúvio, mabul, também significa desordem e confusão. Em um mundo cheio de desordem, nossas prioridades podem se tornar distorcidas e confusas.

Como Noach lidou com as avassaladoras águas do dilúvio?

Primeiro, ele constrói uma arca. A palavra hebraica para arca é tevá, que também significa “palavra”. Quando o mundo está agitado, ameaçando afogar a centelha de vitalidade dentro de nós, precisamos entrar na tevá—o mundo da palavra.

Precisamos encontrar momentos de solidão para nos reorganizar e recuperar a compostura, estudando as palavras da Torá e meditando nas palavras da tefilá, reza. Precisamos reservar um tempo para descobrir um refúgio tranquilo de sabedoria e perspectiva contra as águas revoltas da vida. Talvez não possamos salvar o mundo inteiro, mas podemos construir para nós mesmos uma arca, um santuário de tempo, protegido e cheio de propósito e significado.

A arca de Noach foi construída com madeira de gofer, que é macia e capaz de resistir às pressões das águas do dilúvio. Uma madeira mais forte, porém menos flexível, teria se quebrado. O Talmud ensina: “É melhor ser tão macio quanto um junco, do que tão duro quanto um cedro.” (Taanit 20b)

Ao lidar com as pressões de um mundo, por vezes, hostil, beneficiam-nos mais ao ter uma natureza suave e flexível, buscando resolução em vez de confronto.

Mas a madeira de gofer foi coberta com piche. Sem essa cobertura impermeável, as águas do dilúvio teriam penetrado e destruído a arca. Tanto quanto precisamos ser maleáveis e comprometidos, quando se trata de princípios, moral ou ético, precisamos ser impenetráveis.

E, por fim, para testar se a terra estava seca o suficiente para ser habitável, Noach enviou uma pomba que retornou com um ramo de oliveira no bico. A pomba é o símbolo universal da paz. Uma azeitona crua não é comestível. O precioso azeite retirado da azeitona é produzido após o processamento. Somente quando estamos em paz conosco mesmos podemos encontrar e processar o precioso potencial ao nosso redor.

Noach nos ensina que para encontrar nossa paz interior precisamos:

1. Mergulhar na tevá, as palavras da Torá e da tefilá;

2. Tornar-nos mais flexíveis como o gofer, permanecendo impenetráveis em nossa moral como o piche;

3. Ver o potencial ao nosso redor, mesmo em uma azeitona que não é comestível em seu estado natural.

Então, as águas revoltas se acalmam, e somos capazes de encontrar a beleza e a bênção escondidas em cada pessoa e em cada criação. Quando Noach emergiu, ele contemplou um novo mundo. E nós também somos capazes de contemplar.

Chana Weisberg

Chana Weisberg é a Diretora de Gerenciamento Editorial de Chabad,org. Escreveu vários livros, incluindo o mais recente, Cuidando do Jardim: Os Dons Únicos da Mulher Judia. Ela atuou como reitora de diversos institutos educacionais para mulheres, e faz palestras internacionais sobre temas relacionados a mulheres, fé, relacionamentos e a alma judaica.

Fonte: https://pt.chabad.org/parshah/article_cdo/aid/6634371/jewish/Lidando-Com-o-Dilvio-da-Vida.htm