RECORDANDO OS HERÓIS BRASILEIROS JUDEUS DA FEB – TOMADA DE MONTE CASTELLO EM 21/02/1945 – POR ISRAEL BLAJBERG
O tempo passou, mas o significado da batalha de Monte Castello está cada vez mais atual. A luta ainda não findou, contra os admiradores de Hitler e negacionistas do Holocausto. Aqui recordamos e prestamos singela homenagem aos Pracinhas da FEB, e a todos os brasileiros que ajudaram a liquidar o nazismo, deixando suas vidas em uma terra distante, aos mártires sacrificados nas câmaras de gás da Europa ocupada, aos partisans que pereceram em terras geladas e nas prisões da Gestapo, aos que desapareceram nos mares sem jamais ter um tumulo.
Monumento Comemorativo da Conquista da Fortaleza Alemã
em frente ao Monte Castello
Moretzsohn, Chahon, Levy, Malina, Salli. – HERÓIS DE MONTE CASTELO
Faz exatamente 80 anos. A fortaleza nazista de Monte Castello foi conquistada pelas tropas brasileiras em meio ao rigoroso inverno. Estava rompida a Linha Gótica, rede de fortificações estabelecida pelos alemães nos cumes dos Apeninos, barrando o avanço dos Aliados ao Norte da Itália. Entre os 25 mil integrantes da FEB – Força Expedicionaria Brasileira, diversos militares corriam duplo perigo: o de uma guerra, e o de serem judeus, passiveis de execução sumária pelos nazistas. Vários foram condecorados por bravura em combate. Um pelotão do Regimento Sampaio, comandado pelo Tenente Humberto Gerardo Moretzsohn Brandi foi a primeira tropa brasileira e aliada a ocupar a crista do Monte Castello.
Brandi era descendente de David Moretzsohn Campista (1863-1911), o judeu que foi Ministro da Fazenda de Afonso Pena. Os irmãos Tenentes Moyses e Alberto Chahon eram do Regimento Sampaio. Moyses foi um dos poucos brasileiros que recebeu a Silver Star, do Exército Americano. O Tenente Coronel Waldemar Levy Cardoso, mais tarde Marechal, recebeu a Bronze Star, tendo comandado um Grupo de Artilharia. Tenente Salomão Malina, do 11º. Regimento de Infantaria, comandou o Pelotão de Minas, evitando que as minas alemãs fizessem mais vítimas, entre mortos e mutilados, em atividade extremamente perigosa. O Presidente da Republica outorgou-lhe a Cruz de Combate de 1ª. Classe. Tenente Salli Szajnferber, Comandante de Linha de Fogo e Observador Avançado da Artilharia. Recebeu a Cruz de Combate de 1ª. Classe. Capitão Samuel Kicis, comandou uma Bateria com 200 homens, de grande poder de fogo. Foi condecorado com a Cruz de Combate de 2ª Classe. Boris Schnaiderman, Sargento de Artilharia, maior autoridade em literatura russa no Brasil. Carlos Scliar, Cabo de Artilharia, um dos grandes mestres brasileiros da gravura e da pintura. Jacob Gorender, Soldado do Regimento Sampaio, autor de “Combate nas Trevas”.
O tempo passou, mas o significado da batalha de Monte Castello está cada vez mais atual. A luta ainda não findou, contra os admiradores de Hitler e negacionistas do Holocausto. Aqui recordamos e prestamos singela homenagem aos Pracinhas da FEB, e a todos os brasileiros que ajudaram a liquidar o nazismo, deixando suas vidas em uma terra distante, aos mártires sacrificados nas câmaras de gás da Europa ocupada, aos partisans que pereceram em terras geladas e nas prisões da Gestapo, aos que desapareceram nos mares sem jamais ter um tumulo. Honra e glória aos heróis de Monte Castello, que nos deixaram um legado de luta e determinação, para defender diante das atuais ameaças universais.
Israel Blajberg
Carioca, ex-engenheiro do BNDES e Professor da UFRJ e UFF, é diplomado pela Escola Superior de Guerra em Altos Estudos de Política e Estratégia e Logística e Mobilização Nacional, e sócio titular do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil.