JAYME VITA ROSO: ADVOGADO, AMBIENTALISTA E DONO DA ÚNICA FLORESTA URBANA DE SP – POR GLORINHA COHEN
Reserva Curucutu, fruto da garra e persistência de um advogado, hoje é responsável por produzir oxigênio que beneficia 0,5% da população paulistana
“Eu, minhas filhas Ana e Vera e funcionários, fizemos várias plantações de árvores e temos hoje florestas. Consegue imaginar mais de 600 mil árvores plantadas?”
Jayme Vita Roso com as filhas Ana e Vera
Conhecer de perto o advogado e hoje o ambientalista Jayme Vita Roso e o trabalho incomparável que ele fez resultando numa das mais brilhantes carreiras jurídicas de São Paulo e colocando internacionalmente em destaque seu nome dentre os juristas brasileiros, não deixa de ser motivo de orgulho e prerrogativa de poucos, dentre os quais me incluo e a ele presto aqui minhas homenagens.
Nascido em São Paulo e formado pela Faculdade de Direito da USP, Jayme, que em outubro deste ano completará 92 anos, é autor de vários livros e sua história profissional plena de sucessos e prêmios, tais como o Prêmio Interamericano de Jurisprudência, outorgado pela Federação Interamericana de Advogados, o da Gratidão da Câmara Municipal de São Paulo (diploma e medalha) e o Galardão de “Professor Honorário” da Universidade Inca Garcilaso de La Veja de Lima, Peru, apenas para citar alguns deles. Exerceu sua profissão em vários países como a Itália, França, República Democrática do Congo, Gabão e Luanda, foi conselheiro da American Bar Association, com sede em Washington – USA e, dentre outras, membro da Illinois State Bar Association, Springfield, Illinois, EUA, e da American Society of International Law.. Também presidiu o Conselho Deliberativo da ADVB no biênio 1979/1980 e proferiu palestras na Argentina, Peru, Chile, Itália e Estados Unidos.
Queda d’agua na Reserva Curucutu
Guerreiro em se tratando de aceitar novos desafios e marcado pelo fato de a sua família ter tido que migrar da Itália por causa da destruição ambiental e de ter visto também na África o que ela provoca, resolveu fazer dentro da cidade de São Paulo uma reserva. Com obstinação e garra, comprou uma área de terra toda destruída e onde não dava pra chegar, pois não tinha nem estrada, nem luz, nada. Fez o curso de mestrado em Bioética, Cidadania e Ambiente e criou, com recursos próprios e sem qualquer ajuda ou apoio, a única floresta urbana de São Paulo, responsável por produzir oxigênio que beneficia 0,5% da população paulistana: a reserva Curucutu.
E não é pelo desencanto gerado por aqueles que no poder defendem tanto o meio ambiente e nada fazem em seu benefício quando surge a oportunidade, que o entusiasmo do agora ambientalista esmoreceu. Foi preciso ir além e persistir nos sonhos, como ele fez.
“Não há possibilidade de ser ambientalista em São Paulo sem ser sonhador e abdicar daqueles valores materiais antes lembrados, mesmo porque até hoje eu tenho tido simplesmente recusa total em qualquer apoio privado. Das recusas públicas, pouco a pouco vêm acontecendo pequenas distribuições direcionadas a fins específicos, como plantação de hortas, meios diretos e indiretos de reconstrução de bens já existentes e que foram deteriorando com o tempo. Mas eu, minhas filhas Ana e Vera e funcionários, fizemos várias plantações de árvores e temos hoje florestas. Consegue imaginar mais de 600 mil árvores plantadas? Graças a isto, é possível hoje acontecerem frequentemente movimentos de observação de pássaros, soltura de aves e animais recolhidos, tratados e confiados para que sejam soltos em nossa floresta”, diz Jayme, com o orgulho de quem fez a coisa certa.
Tanta dedicação rendeu seus frutos: Jayme Vita Roso recebeu uma série de prêmios em reconhecimento ao seu pioneirismo e aos trabalhos ambientais executados, entre os quais:
– Prêmio Top Ecologia na categoria Hors Concours, outorgado pela ADVB – Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil, em 1996;
– Prêmio Revista Natureza de Ecologia, em 1997;
– Prêmio Top Social ADVB na categoria Educação Ambiental, em 2001;
– Prêmio PNBE de Cidadania, na categoria “O ambientalista que queremos”, em 2004;
– Medalha Anchieta e Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo, por unanimidade dos vereadores da Câmara Municipal de São Paulo, em 2004.
– Prêmio da Federação Interamericana de Advogados (Inter-American Bar Association) e eleição como Presidente do Comitê de Recursos Naturais e Proteção ao Meio Ambiente pela mesma entidade, em 2004.
Hoje a reserva Curucutu, localizada na região de Parelheiros, divisa com o município de São Bernardo do Campo e a apenas 42 km do centro de São Paulo, abriga na área de 850 mil² mais de 50 espécies de árvores da mata atlântica, entre as quais jacarandá, palmeiras, guapuruvu, paineiras, manacás, pau-brasil, jatobá, aroeira e angico.
Com o reflorestamento, animais como veados, antas, micos e cutias e diversas espécies de pássaros voltaram a viver lá. Atualmente, com mais de 200 espécies registradas, a reserva é um verdadeiro santuário para quem deseja explorar o mundo fascinante das aves.
Sobre a Reserva Curucutu
A Reserva Curucutu, cujo nome está associado à grande diversidade de corujas na região – são mais de onze espécies registradas, até 2014 – , tem uma área extensa e é a morada de diversos animais silvestres. Nele se encontra uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).
Muitas atividades são oferecidas na reserva, como camping, trilhas na mata, turismo pedagógico, criação de abelhas e visitação à área produtiva de agricultura orgânica. Ainda há um ponto de apoio ao ciclista e, esporadicamente, são realizadas solturas de animais resgatados, sejam aves, répteis e outros bichos que estavam feridos, foram abandonados ou passaram por um período de atenção com equipes especializadas.
A área é recortada por diversos cursos d’água, que são represados e devolvidos ao rio Curucutu, que também corta a propriedade.
A sua preservação é de grande importância, portanto, não apenas para o ar respirado pelos paulistanos e para o habitat da fauna nativa, mas também para a manutenção de bacias hidrográficas essenciais à toda forma de vida na região.
Esse patrimônio ecológico pode ser visitado por fotógrafos, pesquisadores e público mediante agendamento prévio. Há também a opção de hospedar-se no local, em uma construção da década de 1980, com espaço para até 12 pessoas.
Agende uma visita: http://curucutu.org.br/pt/visite/
Saiba mais em: http://curucutu.org.br/pt/home/ – http://curucutu.org.br/pt/sobre-nos/