JUDAÍSMO DINÂMICO – DR. TALI LOEWENTHAL

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Certas coisas judaicas nós fazemos com bastante freqüência, outras não.

 

Existem sistemas estáticos e sistemas dinâmicos. O sistema estático provavelmente tem uma estrutura forte e estável. Mas porque – por definição – ele não muda, depois de um tempo ele poderá muito bem começar a decair e até desmoronar. Ao contrário, um sistema dinâmico está ligado a movimento, mudança e descoberta.

Se você estivesse avaliando um negócio, você poderia se perguntar: “Estático ou dinâmico?”. Isto poderia afetar sua decisão quanto a se unir ou não à firma ou, se você fosse um banqueiro, emprestar dinheiro ou não. Você poderia pensar da mesma forma sobre uma comunidade: “Estática ou dinâmica?”. Existe uma atmosfera de dinamismo saudável, de vigor, de excitação?  Ou ela é tranqüila e até tediosa e as pessoas jovens estão indo embora?

A mesma pergunta pode ser feita sobre a nossa vida judaica. Nós podemos estar em um modo estático, imóvel. Nós podemos estar em um compartimento fechado: nós cuidamos disto, mas não cuidamos daquilo. Certas coisas judaicas nós fazemos com bastante freqüência, outras não. De qualquer forma, – poderíamos dizer – nós nunca as fizemos, então, por que começar agora? Estas coisas não importam, afinal. Elas são somente questões menores;

“Questões menores”? Isto é exatamente o quê a Parashá desta semana (Eikev, Devarim 7:12-11:25) nos está falando a respeito, bem em seu início. De fato, como explicado pelo Lubavitcher Rebbe, a Torá nos apresenta o desafio de nos tornarmos mais dinâmicos em nossas vidas judaicas.

O início da Parashá declara: “Como resultado da obediência destas leis, guardando-as e mantendo-as, D’us manterá para vós o pacto e o amor que Ele prometeu aos seus patriarcas”.

Isto soa muito direto. Como resultado de mantermos as leis, D’us cuidará de nós. É uma idéia repetida várias vezes na Torá. Às vezes, nós podemos ter questões sobre ela, mas esta é uma idéia que fácil de entender.

Entretanto, a palavra hebraica eikev, aqui traduzida “como resultado”, tem, na verdade, mais de um significado. É como se, no computador, você clicasse na palavra com o cursor e isto abrisse um programa ou uma página diferente. Eikev também significa “calcanhar”.

O comentarista Rashi pega este significado da palavra e o explica no contexto: “Se você respeitar as leis menores que as pessoas pisam com seus calcanhares”, então D’us te dará Seu amor especial. Portanto, isto significa que um judeu tem de respeitar não só as leis principais, mas também as menores.

Certo. Portanto, existe uma série de regras a cuidar, maiores e menores! O Lubavitcher Rebbe faz uma pergunta: Por que nós chamamos algumas leis de maiores e outras de menores? Porque nós vemos uma agradável e firme estrutura de Judaísmo e nós tendemos a nos colocar em um certo nível desta estrutura, de forma imóvel. Nós dizemos para nós mesmos: eu respeito as leis principais, o resto não importa.

Entretanto, diz o Rebbe, o Judaísmo é dinâmico. Nós precisamos estar sempre indo em frente. O que nós pensávamos como “menor” é, de fato, muito importante: quebrar nossos compartimentos fechados e começarmos algo novo. Isto pode ser colocar ostefillin para o homem, ir à micveh para uma mulher casada, estudar mais Torá para qualquer um. Rashi está nos explicando que este dinâmico passo à frente em nosso conceito sobre nós mesmos e, de fato, do Judaísmo como um todo, nos trará a promessa de D’us e Seu amor.

(Baseado livremente no Likkutei Sichot do Lubavitcher Rebbe, vol. 19 pp. 89-93.)


Dr. Tali Loewenthal – Diretor do Chabad Research Unit, Londres

Tradutor: Moishe (a.k.a. Maurício) Klajnberg

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