CONCERTO DE SHABAT – DAVID IASNOGRODSKI
Em muitas sinagogas a presença de não judeus é uma constante, mostrando a vontade de conhecer
as tradições judaicas, pois as portas estão sempre abertas a todos.
A espera do Shabat (sábado) para os judeus é muito importante.
Shabat, shabes, é o nome dado ao dia de descanso semanal no judaísmo, simbolizando o sétimo dia em Gênesis, após os seis dias da Criação. Sempre é observado a partir do pôr-do-sol da sexta feira até o pôr-do-sol do sábado. O shabat é observado tanto por judeus como por cristãos, como por exemplo adventistas do sétimo dia e batistas do sétimo dia.
O respeito ao shabat é sagrado. O status do shabat como dia sagrado aparece no Tanach: “E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou porque nele se absteve de todo o Seu trabalho que Deus havia criado para completar seus feitos.” O verdadeiro mandamento para observar o shabat é mencionado diversas vezes no Tanach, todos eles surgindo após o êxodo do Egito.
Em Israel como na diáspora esse respeito é uno. Nas sextas feiras quando chega a primeira estrela no céu os judeus se reúnem nas Sinagogas para a espera do Shabat. São os Cabalat Shabat. Literalmente “Recebimento do Shabat”.
Trata-se de um serviço religioso. Não existe um único e uniforme modelo de ordem das orações, posto que vai variar conforme as tradições do “sidur” – livro de rezas. Entretanto, atualmente, existe um consenso de que se deve primeiro lembrar dos dias da semana que passaram, honrar ao dia santo que está iniciando e dizer o Shemá. Deve também estar presente o Lechá Dodi. Uma cantiga típica do serviço religioso de Cabalat Shabat. Este poema significa literalmente: “Vem, meu querido/amado”. O poema faz alusão à relação de amor que Deus tem com seu povo eleito (é importante ressaltar que a expressão “povo escolhido por Deus” não significa que o povo de Israel não era melhor do que qualquer outro povo, mas tão somente que, segundo a crença, este foi eleito para guardar a sua Tora – a Lei Divina; é antes de tudo uma responsabilidade).
Voltando ao poema Lechá Dodi – a letra do canto é um clamor, um convite, à Rainha do Shabat ( Shabat Malquetá) para celebrar um grande momento de alegria, quando Deus concede graças em dobro. A letra, em sua última estrofe, expressamente diz: “Vem, ó noiva. Vem, Rainha do Shabat”. Segundo uma interpretação tradicional foram usadas muitas referências ao livro de Isaias e à sua profecia em função da restauração de Israel. Seis versos aludem à noiva, que seria a casa de Israel, e à rainha chegando, que seria o tempo de Messias, quando todo dia será como o sétimo dia. Por esse motivo, em todas as sinagogas, nesse momento levantam e ficam virados para a porta de entrada do templo. É a chegada da noiva.. Atribui-se a autoria desta cantiga ao Rabino Shlomo Halevi Alcabets, grande cabalista que viveu durante o século XVI ( mais ou menos entre 1529 e 1540).
Atualmente se formos ao You Tube e clicarmos Lechá Dodi, vamos observar uma série de melodias e interpretações para o Lechá Dodi e outras cantigas e preces interpretadas nos Cabalat Shabat. Todas muito bonitas.
A celebração do shabat é repleta de rezas. Sempre musicadas. As melodias são variadas.
Um Cabalat Shabat torna um verdadeiro Concerto.
Um Concerto de Shabat.
Cada Sinagoga, à sua maneira, realiza o melhor possível para seus freqüentadores. Inclusive em Porto Alegre.
Atualmente, na minha opinião, em Porto Alegre a Sinagoga da Sibra vem apresentando um verdadeiro Concerto na celebração da espera do Shabat. Cantores, músicos , todos fazem parte deste Concerto. Na realidade uma cerimônia de Cabalat Shabat é sempre um brinde a todos que freqüentam as Sinagogas. Um Concerto!
Cada vez mais a presença de fiéis aos Concertos de Shabat vem aumentando, mostrando que a tradição continua.
Em muitas sinagogas a presença de não judeus é uma constante, mostrando a vontade de conhecer as tradições judaicas, pois as portas estão sempre abertas a todos.
David Iasnogrodski – escritor, engenheiro, administrador . Saiba mais
david.ez@terra.com.br – www.davidiasnogrodski.blogspot.com