HAVDALÁH E SHABAT – RABINO RUBEN NAJMANOVICH

Rabino Ruben'


HAVDALÁH – Representa a união dos judeus no dia do shabat, do qual extrai tanta elevação espiritual, força e prazer. Tem sido sempre tão poderosa, que separa-se e despede-se deste dia sagrado com um sentimento de melancolia. É para expressar esse sentimento que há tantos séculos os sábios instituíram o serviço da oração e da cerimônia da Havdaláh, assim expôs Rambam (Maiomonides – sábio do século XII).

É de tanta importância recordar o Shabat com seu termino por meio da Havdaláh, como a sua entrada através do kidush.

A Havdaláh se recita a fim de remarcar a fim do Shabat e o começo dos dias de trabalho.

O TÉRMINO HAVDALÁH – Término significa limite, separação. Geralmente é utilizado na língua hebraica para sublinhar uma distinção entre o sagrado e o profano, particularmente, para assinalar uma diferença nos graus de santidade. Neste caso, utiliza-se exaltar a diferença que existe entre o sábado (Shabat), as festividades (Iom Tov) e dias úteis. Isto se expressa na bênção que se recita ao finalizar a cerimônia: “Louvado sejas Tu, oh Senhor, nosso D’us que fazes distinção entre o sagrado e o profano, entre a luz e a escuridão, entre o sétimo dia e os seis dias de trabalho.”

A CERIMÔNIA – A cerimônia e a consagração da Havdaláh é precedida por três bênçãos, sobre o vinho, as espécies e a luz.

O VINHO – O vinho é o símbolo da felicidade e da alegria e por meio da recitação de uma bênção sobre o mesmo, estamos pedindo para bendizer o Divino, para que a felicidade e a alegria transbordem, que a mensagem de tranqüilidade e paz espiritual que traz o Shabat nos acompanhe pelo resto da semana.

AS ESPÉCIES – O uso das espécies, representa a fragrância que perfuma simbolicamente o Shabat, para lançarmos força espiritual necessária para enfrentarmos a semana que inicia.

A LUZ (A VELA TRANÇADA)
Uma linda história do folclore judaico extraída do pensamento dos nossos sábios, nos desenha a base do costume da bênção sobre a vela. “Quando o sol se punha sábado e assim escurecia, Adam (o primeiro ser humano) se sentia atemorizado. O que fez então nosso Criador? Deu luz a Adam, para que criasse sua própria luz, e a mesma deu lugar ao fogo.

Ascendendo a luz da vela trançada estamos iluminando-nos e tirando todo o tremor que gera a escuridão, mas também estamos colocando luz e fogo em nossa mente e em nosso coração. Primeiro para ter a claridade de resolver os problemas da nossa humanidade, segundo para colocar uma temperatura agradável e que o coração não seja frio ou indiferente aos problemas dos outros.

A vela trançada do final do shabat, diferencia-se das outras duas velas separadas que se utilizam para começar o shabat, dividindo nosso exterior do nosso interior, mas depois do shabat e da vivência do mesmo saímos fortalecidos tanto a nível individual, como no coletivo, representado assim a vela trançada.

Quando pronunciamos a bênção “O D’us que criou as luzes do fogo” com as mãos côncavas para a chama e dobrando os dedos para dentro da palma. Isto se faz com a intenção de ilustrar o contraste entre a luz e a escuridão, que permitiu abrirmos a mão para deixar passar a luz, que iluminará nossos sonhos e assim é o desafio de cada semana ao término da Havdaláh.


Ruben Najmanovich – Rabino, Professor da Ciência da Religião, Mestre em Ciências Sociais e humanidades menção educação. Saiba mais.

rubenaj@terra.com.br