SUCOT E UM ANO DE ALEGRIAS – DR. TALI LOEWENTHAL

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Em Rosh Hashaná e Yom Kipur, o clima era sério. Em Sucot, nós conseguimos a mesma intimidade e introspecção com alegria,

tingida com a paz e o prazer do Shabat, estendendo-se ao longo do ano.


As Festas Judaicas nesta época do ano formam uma série. De Rosh Hashaná ao fim de Sucot, uma por uma, cada festa nos faz mais próximos de cumprirmos nosso objetivo de ser um judeu neste mundo. Em Rosh Hashaná, nós nos dirigimos a D’us, proclamando-O um Rei sobre nós. Em resposta, D’us derrama um novo fluxo de força vital sobre o mundo para dar vida a cada detalhe para o próximo ano. Em Yom Kipur, cada um de nós se aproxima de D’us, entrando no santuário interior, como o Cohen Gadol fazia ao entrar no Santo dos Santos com um incensário. Esta grande intimidade com D’us leva à pureza e ao perdão espirituais. Então, vem a Festa de Sucot (este ano com início dia 19 de setembro).

Como Sucot se relaciona aos especiais dias anteriores? Bem, vejamos como nós cumprimos o mandamento de Sucot. Existem dois Mandamentos essenciais.

Um é o de morar em uma Sucah, a tradicional tenda ou cabana com telhado feito de galhos e folhas. O segundo é o de agitar as quatro espécies de vegetais: o ramo da palma (Lulav), a fruta cítrica (Etrog), a mirta e o salgueiro.

Estas duas formas de observância de Sucot estão conectadas entre si. A Sucah representa a abrangente Presença Divina que envolve a todos nós. D’us está em todo lugar e dá vida a tudo. A Sucah expressa a atmosfera de Santidade Divina na qual vivemos. Assim, nós entramos na Sucah, sentamos nela, comemos nela. É o único mandamento que nos envolve inteiramente.

Entretanto, às vezes acontece que ser envolvido até mesmo pelo mais desejável dos ambientes pode nos tornar frios e desinteressados. Aí chegamos ao segundo Mandamento de Sucot. Ao agitarmos as quatro espécies de vegetais, nós expressamos a idéia de que estamos tocando a poderosa força de D’us que envolve a todos nós, trazendo-a para o nosso mais íntimo interior. Isto também é expresso pela forma com que agitamos o Lulav e o Etrog.

A forma com que tradicionalmente agitamos o Lulav é vibrando-o gentilmente, movendo-o para frente e para trás em nossa própria direção a partir de todas as seis direções [1]. Alguns enfatizam que o movimento deve ser feito em direção ao coração. A ação expressa trazer vida e o brilho Divino para nós mesmos, desde todas as direções, em direção ao nosso coração e ao nosso ser.

Existe o costume de agitar o Lulav na Sucah, enfatizando a idéia de que o brilho envolvente expressado pela Sucah é trazido para o nosso mais íntimo ser ao agitarmos o Lulav: um fluxo de bênçãos Divinas, trazendo sucesso a todo aspecto de nossas vidas.

Assim, Sucot dá continuidade ao tema que começou em Rosh Hashaná e Yom Kipur. A força de vida renovada obtida de D’us graças às nossas orações e o Shofar de Rosh Hashaná é agora trazida ao nosso próprio ser através do agitar do Lulav e do Etrog. E, sentando na Sucah, nós sentimos a intimidade com D’us que nós vivenciamos em Yom Kippur. Os Sábios nos dizem que os galhos e as folhas que cobrem a Sucah se relacionam à nuvem de incenso perfumado no Santo dos Santos.

Este ano, assim como nós não tocamos o Shofar no primeiro dia de Rosh Hashaná, também não agitamos o Lulav no primeiro dia de Sucot, pois estes dias coincidem com o Shabat. Shabat é um dia de prazeres, oneg. O próprio Shabat representa o fluxo de espiritualidade exaltada, do mais alto nível até aqui bem embaixo, para o nosso divertimento físico. No Shabat, nós não precisamos tocar o Shofar, nem agitar o Lulav. O fluxo que vem de cima os substitui automaticamente através do poder do Shabat.

Este senso de prazer se espalha desde Rosh Hashaná, através de Sucot, e por todo o ano à frente. Em Rosh Hashaná e Yom Kipur, o clima era sério. Em Sucot, nós conseguimos a mesma intimidade e introspecção com alegria, tingida com a paz e o prazer do Shabat, estendendo-se ao longo do ano [2].

Possa tudo isto trazer bondade e bênçãos concretas a todos!

Referências:

1. O costume geral é 3 vezes em cada direção: Leste, Sul, Oeste, Norte, para cima e para baixo (Kitzur Shulchan Aruch sec. 137). O costume Chabad é: 3 vezes cada para Sudeste, Nordeste, Leste, para cima, para baixo, 2 vezes Sudoeste e, finalmente, 1 vez para Oeste

2. Ver o Hitva’aduyot 5743 do Lubavitcher Rebbe vol.1, 159.


Dr. Tali Loewenthal – Diretor do Chabad Research Unit, Londres

Tradutor: Moishe (aka Maurício) Klajnberg