A ARTISTA TAISA NASSER LANÇA LIVRO NA FUNDAÇÃO JUDAICA (CENTER FOR JEWISH CULTURE) DE CRACÓVIA.
Dia 12 de outubro, em Cracóvia, na Polônia, a artista plástica lança o livro “ALCHEMIE DER FARBEN – ALCHEMY OF COLORS” e homenageia artistas que foram condenados por terem feito uma arte à frente de seu tempo, como Wassily Kandinsky e Franz Marc, bem como ícones da Bauhaus.
Foto: Ricardo Mansho
ALCHEMIE DER FARBEN – ALCHEMY OF COLORS
Dia 12 de outubro, na presença da arquiteta e artista brasileira contemporânea TAISA NASSER, será lançado o livro “ALCHEMIE DER FARBEN –ALCHEMY OF COLORS ” na Fundação Judaica (Center for Jewish Culture) de Cracóvia, na Polônia. O lançamento contará com a participação ilustre de Joachim Russek, personalidade que recebeu aBundesverdienstkreuz, a ordem de mérito federal da Alemanha, devido a seu amplo engajamento em favor da relação entre Polônia e Alemanha.
Organizado pelo curador alemão Elmar Zorn, o livro “ALCHEMIE DER FARBEN – ALCHEMY OF COLORS ” abrange o momento especial na vida e obra de Taisa Nasser com sua instalação “Klarheit / Lucidité”, a qual (composta por filme, áudio e telas grandes) foi exposta tanto no Grand Palais em Paris, quanto no salão da Embaixada Brasileira em Berlim. Lançado em inglês e alemão pela editora Damm und Lindler, o livro inclui um prefácio do aclamado historiador de arte Dieter Ronte e textos do curador Jochen Boberg. A obra ainda apresenta um importante manifesto de Taisa Nasser, cujos trabalhos conceituais são o resultado de sua pesquisa filosófica a respeito da ampliação e transformação da consciência humana.
“No evento, farei uma homenagem aos artistas que foram condenados por terem feito uma arte à frente de seu tempo, em uma dimensão de espírito que hoje é almejada pela física quântica. Artistas como Wassily Kandinsky e Franz Marc do ‘Almanaque O Cavaleiro Azul’, bem como ícones da Bauhaus, que além da vida tiveram muitas de suas obras destruídas”, diz Nasser.
No Brasil, o livro será lançado durante exposição na Associação Brasileira “A Hebraica”de São Paulo, na Galeria de Arte “A Hebraica”, dia 12 de novembro.
“Após 100 anos, deixarei em Cracóvia a questão que direciona minha investigação na arte: até quando a humanidade viverá sem união entre corpo e mente, sombra e luz, matéria e espírito?”
Bens Espirituais por Franz Marc: É estranho que o ser humano atribua valores tão diferentes a bens espirituais e materiais. Se, por exemplo, alguém conquista para sua pátria uma nova colônia , então é aclamado por todo o país.Não se hesita, nem por um dia, em tomar posse de tal colônia. Com igual júbilo se saúdam as conquistas técnicas .Mas, se alguém se atreve a presentear sua pátria com um novo bem puramente espiritual , este é quase rechaçado com fúria e alvoroço; seu presente torna-se suspeito e procura-se eliminá -lo de todos os modos; se fosse permitido, ainda hoje se atearia fogo ao doador por sua dádiva. DER BLAUE REITER (Munique 1912), reeditado no Brasil pelo Museu Lasar Segall e pela EDUSP (São Paulo 2013)
Lançamento data Sábado, horário às local na Center for Jewish Culture Beera Meiselsa 17 – Kraków, Polen telefone + 48 12 430 64 49 internet www.judaica.pl Sobre Taisa Nasser |
Depoimentos:
Dr. Jochen Boberg: Se a “cor” vira o tema da própria arte de modo bastante explícito e exclusivo, um desafio gigantesco está definido. Nos encontramos aqui no vasto círculo de teóricos e artistas que se dedicaram a este assunto…
No Século XX foi a vez da Bauhaus, com os artistas Johannes Itten e Paul Klee, que permitiram o avançar de nossa consciência a respeito da cor. (…) Parece que, para Taisa Nasser, a frase de Klee (“A cor me tem. Eu não preciso alcançá-la. Ela me pegou para sempre … ” ) é decisiva. A artista utiliza até 144 tons sem misturá-los em uma só tela, colocando-os em movimento de acordo com sua percepção, às vezes de forma ordenada, às vezes em um aparente caos. E a peculiaridade: os quadros não parecem “coloridos”, mas literalmente e no melhor dos sentidos “a cores”.
Prof. Dr. Dieter Ronte: O diretor da Bienal de Veneza, Massimiliano Gioni, apresentou uma surpresa aos visitantes durante a abertura no pavilhão central há alguns dias, que compreende um grande livro vermelho como objeto central do espaço – “O Palácio Enciclopédico”. Significa o acúmulo de imagens e cosmos visuais que nutrem todas as nossas visões: imagens mentais e sonhos registrados pelo psiquiatra Carl Gustav Jung (1875-1961).
De uma forma igualmente surpreendente, em uma reunião com curadores dos “Parceiros Curatoriais” (Curatorial Partners) – críticos de arte, diretores de museus e expositores de diferentes países – Taisa Nasser também trouxe o grande livro vermelho de Jung, na edição italiana, dentre seus documentos. Ela desejava utilizá-lo para apoiar seus argumentos fundamentais sobre a história da pintura e a essência da cor no campo do conflito entre o “ego” e a personalidade central do “self”. Ela tinha a intenção de esclarecer o fascínio de Jung pelos alquimistas da Idade Média, como descrito no livro vermelho, e até que ponto
este fascínio era mútuo. Esta declaração de Taisa Nasser, o manifesto básico de sua motivação artística, se tornou tão dominante na discussão entre a artista e os curadores Jochen Boberg, Alexandra Grimmer, Ulrike Damm e Elmar Zorn em Paris, que há um espaço para tal discussão em mais detalhes no livro da artista.
Na seguinte documentação de nossa conversa com a artista, que está centrada nos temas: cores, e/ou material, movimento, filme, música e dança, a ênfase na dupla orientação da artista Taisa Nasser também se destaca: como arquiteta e como pintora . Com um diploma em arquitetura e urbanismo da Universidade de São Paulo em 1976, ela também vê a aplicação espaçosa da tinta extremamente espessa como um contínuo de sua vocação de arquitetura, utilizando as belas artes. A vida da artista até agora teve dois centros distintos, em São Paulo e Paris, expresso não só pelas exposições realizadas nos dois locais, mas também nos diversos prêmios importantes que a artista recebeu em Paris: e agora irão se juntar aos países de língua alemã, começando com uma apresentação grandiosa de dez grandes trabalhos no salão central da embaixada brasileira em Berlim. Fica claro que esta artista está determinada, realizando o que ela descreveu tão sensivelmente em sua conversa com os parceiros curadores: “Eu quero envolver meus espectadores com meus trabalhos”.
Dr. Elmar Zorn: Um aporte à obra de qualidade estética e evocação tátil de Taisa Nasser é sua importância programadamente interventora . Ela mostra que, desde que brotem de uma visão independente da natureza e do homem, qualquer excessividade e excentricidade na arte são uma arma na luta pela sobrevivência contra o desaparecimento do espaço real, da biodiversidade e da natureza das pessoas com seu potencial criativo. Diante da inflação dos espaços virtuais e da imitação artificial da natureza e da humanidade, ainda que apenas imaginária, a posição de Taisa Nasser é portanto uma crítica artística e cultural.