“VOCÊ E EU SOMOS UM” É BEM MAIS DO QUE POESIA
As pessoas próximas de nós tornam-se uma parte de nós mesmos; e isto não é apenas metáfora ou poesia, é algo muito real.
Seu cérebro parece preparado para lhe ajudar a ter empatia. Ou, ao contrário, a empatia parece ser uma emoção tão forte, que ela aparece claramente no cérebro.
Usando neuroimagens, cientistas descobriram que nosso cérebro usa os mesmos “canais” quando pensamos em nós mesmos e quando pensamos em pessoas que nos são caras, como cônjuges, companheiros e amigos.
“Com a familiaridade, outras pessoas se tornam parte de nós mesmos,” diz James Coan, da Universidade da Virgínia.
“Nosso self inclui as pessoas de quem nos sentimos próximos. Em outras palavras, a nossa autoidentidade é amplamente baseada em quem conhecemos e com quem simpatizamos,” completou.
Você e eu somos um
Coan e seus colegas submeteram voluntários a exames de ressonância magnética de seus cérebros durante experimentos nos quais havia a ameaça de receber choques elétricos leves – os choques podiam ser dirigidos ao próprio voluntário, a um amigo ou a um estranho.
Como esperado, quando o risco de choque é para si mesmo, as regiões do cérebro responsáveis pela resposta à ameaça – a ínsula anterior, putâmen e giro supramarginal – tornaram-se ativas.
Quando a ameaça de choque era feita a um estranho, essas regiões do cérebro apresentaram pouca atividade.
Contudo, quando a ameaça de choque é feita a um amigo, a empatia entra em ação: a atividade cerebral dos participantes mostrou-se essencialmente idêntica à atividade apresentada quando a ameaça era a eles próprios.
“A correlação entre o self e o amigo foi incrivelmente semelhante,” disse Coan. “Os resultados mostram a notável capacidade do cérebro de modelar o self aos outros; que as pessoas próximas de nós tornam-se uma parte de nós mesmos; e que isto não é apenas metáfora ou poesia, é algo muito real.
“Literalmente, estamos sob ameaça quando um amigo está sob ameaça. Mas não é assim quando um estranho está sob ameaça,” concluiu o pesquisador.
Para sentir a dor dos estranhos, parece então que a empatia não é suficiente, talvez devendo entrar em ação um sentimento mais poderoso: acompaixão.
Fonte: www.diariodasaúde.com.br –
Imagem: Wikimedia/ChinaFlag