COMUNIDADE JUDAICA MUNDIAL PERDE EDGAR BRONFMAN
O empresário bilionário e ex-presidente do Congresso Judaico Mundial, que fez lobby junto aos soviéticos para permitir que os judeus pudessem emigrar, e impulsionou a pesquisa para encontrar os bens judaicos saqueados pelos nazistas, faleceu em Nova York, aos 84 anos. O canadense Bronfman morreu em sua casa em Nova York, rodeado pela família, de acordo com a entidade filantrópica por ele liderada, a Fundação Samuel Bronfman.
Bronfman fez sua fortuna com o império de bebidas Seagram de sua família, cuja presidência assumiu em 1971, dando continuidade ao trabalho de seu pai, Samuel. Sob a liderança de Bronfman, a Seagram expandiu suas atividades e acabou por ser adquirida pelo grupo Frances de mídia e grupo de telecomunicações Vivendi Universal, em 2000. Mas a riqueza de Bronfman, combinada com o seu papel no Congresso Judaico Mundial, que reúne organizações judaicas em cerca de 80 países, e que ele liderou por mais de um quarto de século, lhe permitiu ser um defensor incansável de seus irmãos judeus.
“Ele foi o primeiro de sua espécie, um titã da indústria que se dedicou totalmente à defesa, avançando e incentivando o povo judeu”, disse Dana Raucher, diretor-executivo da Fundação Samuel Bronfman.
“Bronfman foi um exemplo para todos nós envolvidos nos assuntos comunitários judaicos, e seu legado direciona grande parte da agenda para os desafios enfrentados pelos judeus do mundo, até hoje”, disse o Congresso Judaico Europeu, num comunicado.
Em 1999, o presidente Bill Clinton concedeu a Bronfman a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honraria civil da nação. Na citação, Bronfman foi agradciado por trabalhar “para garantir direitos básicos para os judeus em todo o mundo.”
Em 1986, numa entrevista a Associated Press, ele disse que sua posição e riqueza ajudaram-lhe a ter acesso aos líderes mundiais.
“É uma combinação dos dois”, disse Bronfman. “No final, isso realmente não importa porque o acesso é disponível, desde que ele esteja lá.”
No ano anterior, ele havia se tornado o primeiro presidente do Congresso, a se reunir com autoridades soviéticas em Moscou, trazendo os seus argumentos sobre os direitos humanos. Ele visitou novamente a URSS em 1988, época em que a emigração judaica da União Soviética, um objetivo-chave do congresso, havia começado a subir, sob a liderança da reforma de Mikhail Gorbachev.
Durante os anos 1980 e 1990, o Congresso Judaico também ajudou a liderar o esforço para recuperar US$ 11 bilhões em restituição para os herdeiros de vítimas do Holocausto.
Bronfman convenceu o Papa João Paulo II de que estabelecer um convento das Carmelitas perto de Auschwitz seria uma afronta aos judeus de todo mundo.
Judeus alemães e de países dominados pelos nazistas foram despojados de seus bens, suas obras de arte, e até mesmo os dentes de ouro, em campos de extermínio do regime. Grande parte do ouro acabou em bancos suíços, e as instituições financeiras ficaram sob pesadas críticas, décadas após o fim da guerra, por não reparar os herdeiros adequadamente.
Brofman também foi membro fundador do Board Internacional do Hillel, a Fundação para a Vida Judaica no Campus, uma organização internacional dedicada aos jovens universitários judeus.
Sob a liderança de Bronfman o Hillel expandiu-se nos EUA e no mundo, incluindo sedes em Moscou e Kiev, Montevidéu, Buenos Aires, Tel Aviv, Beer Sheva e Rio de Janeiro, cuja sede na Lagoa foi inaugurada por ele.
Fonte: Rua Judaica