A MULHER E O SANTUÁRIO- DR. TALI LOEWENTHAL

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Em nossos tempos, a mulher também tem um papel de liderança na criação de um outro tipo de Santuário: o Lar Judaico. Aqui, também, habita a Presença de D’us.


O propósito da Criação é o de que a presença do Divino será revelada neste mundo. A primeira expressão disto aconteceu no Jardim do Éden, como nos é contado no início da Torá. Adão e Eva habitaram o Jardim e, junto com eles, estava a Presença de D’us. Entretanto, o mundo ainda não estava pronto para isto.

Como sabemos, Adão e Eva pecaram ao comerem da Árvore do Conhecimento e, conseqüentemente, a Presença de D’us tornou-se oculta. Outros pecados nas gerações seguintes, tais como a morte de Abel por Caim, fizeram a Presença Divina tornar-se ainda mais oculta. Entretanto, com Abraão, iniciou-se o processo de trazermos de volta, para este mundo, a Presença Divina. Isto foi continuado por Isaac, Jacó e as gerações seguintes.

Na sétima geração depois de Abraão, veio Moisés. Os Sábios nos dizem que o “sétimo” tem uma grande probabilidade de sucesso. Isto é demonstrado pelas conquistas de Moisés. Seguindo as instruções de D’us, ele guiou o povo Judeu na construção do Santuário onde a Presença Divina foi revelada, no Santo dos Santos. Esta foi a primeira expressão do cumprimento do objetivo da Criação. Um estágio adiante seria a construção do Templo em Jerusalém. Então, infelizmente, veio a destruição. O segundo Templo foi construído e novamente foi destruído. Com a vinda do Mashiach, finalmente o Terceiro Templo será construído em Jerusalém. Isto trará profundas e positivas modificações em todo o mundo.

O fato de que a Presença Divina habitou o Santo do Santos não era nada separado das vidas do povo Judeu. A Parashá [1] nos diz: “Eles construirão para Mim um Santuário, e Eu habitarei neles”. Os Sábios nos ensinam que isto significa: “Dentro de cada indivíduo” [2]. Através da construção do Santuário, D’us habita o coração de cada pessoa.

O Rebbe de Lubavitch indica que as mulheres tiveram uma participação particularmente significativa na construção do Santuário [3]. As mulheres estavam mais entusiasmadas que os homens em trazer doações de ouro, prata, cobre, lã colorida, linho, pedras preciosas e tudo mais que era necessário. Elas usaram seus dons artísticos em várias tarefas de tecelagem. Além disso, diferentemente dos homens, as mulheres foram totalmente contrárias à construção do Bezerro de Ouro. A construção deste ídolo e a maneira repugnante com a qual ele foi idolatrado eram totalmente opostos a tudo que era expresso pelo Santuário e pela Presença do Divino.

Em nossos tempos, a mulher também tem um papel de liderança na criação de um outro tipo de Santuário: o Lar Judaico. Aqui, também, habita a Presença de D’us. Os ensinamentos da Tora mostram a maneira pela qual o Divino pode estar presente em cada detalhe da vida humana, desde o mais público até o mais íntimo.

Este poder espiritual do caráter feminino está relacionado à idéia cabalística de que a mulher tem uma afinidade com o sétimo atributo Divino, Malchut (Reinado), que significa conclusão, realização e cumprimento no mundo material. Colocado em termos mais tangíveis, como expresso pelo Rebbe, existe uma sensibilidade dada por D’us à mulher que a faz reconhecer o positivo e o sagrado, que cada um deveria se esforçar para suportar; e esta especial qualidade também detecta aquilo que é profano e deve ser evitado.

Claro que esta sensibilidade precisa ser criada: através do estudo pessoal da Torá e pela observância prática dos Mandamentos. Com isto, mulher e homem juntos, com suas famílias, revelarão a Presença do Divino em seus próprios lares, em sua vizinhança e, finalmente, de uma forma global. Haverá o Terceiro Templo em Jerusalém e a paz verdadeira habitará os corações de toda a humanidade.

Referências:

1. Êxodo 25:1-27:19. Ver 25:8.

2. Ver o discurso Bati LeGani, ch.1, do Rabbi Yosef Yitzhak Schneersohn.

3. Ver Likkutei Sichot do Rebbe vol. l l, p.315, vol. 16, p.606.


DR. TALI LOEWENTHAL – Diretor da Chabad Research Unit, Londres. Saiba mais.

Tradutor: Moishe (aka Maurício) Klajnberg

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